MPF/DF recomenda adoção de providências para evitar falta de vacinas
Documento enviado à Anvisa e ao Ministério da Saúde cobra agilidade na liberação de produtos importados
Em
documento enviado nessa terça-feira, 25 de agosto, à Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ao Ministério da Saúde, o Ministério
Público Federal em Brasília (MPF/DF) recomendou a adoção de providências
para resolver problemas que, desde o ano passado, têm afetado o
fornecimento de vacinas em todo o país. As medidas sugeridas incluem a
realização de ações para agilizar a liberação de vacinas, compradas no
exterior, pelo Ministério da Saúde, e que têm permanecido em postos
aduaneiros de alguns aeroportos por tempo excessivo. O MPF estabeleceu
um prazo de 15 dias para que os órgãos informem o que será feito para
garantir o cumprimento da recomendação.
No
documento, a procuradora da República Luciana Loureiro Oliveira explica
que a falta de algumas vacinas foi confirmada ao MPF durante
Procedimento Preparatório (PP) instaurado para apurar o caso. Segundo
ela, informações fornecidas pela coordenadora-geral do Programa Nacional
de Imunização e pelas secretarias de Estado de Saúde do Distrito
Federal e de Vigilância em Saúde do Mato Grosso do Sul atestaram o
desabastecimento de vacinas como, por exemplo, a BCG, dupla adulto,
tetraviral, tríplice viral, HIB e IVB. Essas vacinas são usadas na
proteção contra tuberculose, influenza, difteria, tétano, caxumba,
sarampo e rubéola.
Ainda
de acordo com a procuradora, os gestores ouvidos pelo Ministério
Público apontaram três motivos para a falta de vacinas nos postos de
saúde de todo o país: a reformulação das plantas fabris dos laboratórios
públicos - iniciada em 2014 e que provocou a paralisação da produção - ,
dificuldades de desembaraço aduaneiro, nos aeroportos, das vacinas
adquiridas pelo Brasil por meio do Fundo Rotatório (OPAS), além de
problemas operacionais da Anvisa para resolver esses obstáculos. A
demora na liberação sanitária desses produtos estaria, inclusive,
gerando prejuízos financeiros ao Ministério da Saúde, que não possui
isenção de taxas e encargos para armazenar produtos em aeroportos
administrados por empresas privadas.
Na
recomendação, Luciana Loureiro lembra que a data prevista para que os
laboratórios públicos voltem a funcionar é julho de 2016. Sem as
providências mencionadas na recomendação, o público-alvo do Programa
Nacional de Imunizações continuará sujeito aos atrasos na distribuição
das vacinas, o que, como ressalta, pode “comprometer inclusive o
cumprimento do Calendário Nacional de Vacinação, do Calendário Nacional
de Vacinação dos Povos Indígenas e das Campanhas Nacionais de
Vacinação”.
A
procuradora destacou ainda a importância da imunização da população por
meio da aplicação regular de vacinas, bem como a responsabilidade do
Ministério da Saúde em assegurar o cumprimento do calendário. “O acúmulo
de serviço e as dificuldades operacionais eventualmente experimentados
pela Anvisa não podem prejudicar o atingimento de finalidades de
relevante interesse público das mais prioritárias, tal qual o
funcionamento do Programa Nacional de Imunizações”, ressalta um dos
trechos da recomendação. A procuradora alerta ainda que, diante da
situação de urgência e excepcionalidade, a Agência poderia adotar
medidas para simplificar os procedimentos de fiscalização das vacinas
importadas, facilitando a sua liberação sanitária e seu desembaraço.
As
providências recomendadas pelo MPF ainda incluem a adoção de medidas
para priorizar os processos de inspeção e regularização de plantas
fabris para a concessão de certificados de boas práticas aos
laboratórios públicos, de forma que as unidades possam retomar a
produção o mais rápido possível. O prazo estabelecido para a informação
das medidas adotadas é de 15 dias.
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