Especialista Julio Rezende fala sobre desenvolvimento ambiental nas organizações

Uma visita ao interior do Rio Grande do Norte fez despontar em Julio Rezende a vontade de unir o respeito e cuidado com o meio ambiente à gestão de empresas. Doutor em Administração, Julio Rezende é fundador do Instituto de Inovação e Sustentabilidade, empreendedor, professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) nas áreas de sustentabilidade e inovação.
Especialista em gestão ambiental, gestão de resíduos, tecnologias ambientais e empreendedorismo, é autor de títulos sobre os temas – um deles condecorado com o Prêmio Belmiro Siqueira 2010, do Conselho Federal de Administração. Na entrevista abaixo, ele conta de maneira clara e direta quais caminhos as empresas devem seguir rumo a sustentabilidade e os principais retornos que as práticas podem trazer. Confira!

Poderia nos contar um pouco sobre a sua trajetória profissional?
Visitando o interior do Rio Grande do Norte e observando o sertão, percebi a necessidade de colaborar com uma abordagem criativa, empreendedora e sustentável nesta região. Criei, então, o Instituto Boa Sorte e, recentemente, o Centro de Inovação e Sustentabilidade no Semiárido (CIIS).
Em maio de 2014, fui contratado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuo como professor na área de sustentabilidade, pesquisando temas como: gestão ambiental, gestão de resíduos, auditoria ambiental, tecnologias ambientais e empreendedorismo.
Na UFRN, tenho trabalhado junto as comunidades, com maior atuação no semiárido brasileiro, de modo mais específico na cidade de Caiçara do Rio do Vento, local onde tenho compartilhado experiências e colaborado no desenvolvimento de novas competências na área de sustentabilidade.
Também faço parte do grupo Pegadas, que tem o objetivo geral de atuar com ações de engenharia e gestão em organizações solidárias de forma multidisciplinar, tendo em vista o desenvolvimento socioambiental. O grupo de pesquisa busca realizar ações de assessoria e formação em engenharia e gestão voltadas ao desenvolvimento socioambiental.

Você é fundador do Instituto de Inovação e Sustentabilidade. Poderia nos explicar como os dois temas se relacionam?
A sustentabilidade deve possuir uma abordagem inovadora. Ao mesmo tempo, muitas inovações que as organizações empreendem podem estar relacionadas ao desenvolvimento de tecnologias verdes e sustentáveis.

Que ações de gestão as companhias podem adotar para contribuir com a preservação do meio ambiente?
Algumas práticas podem ser realizadas pelas empresas com relativa facilidade e baixo custo, por exemplo:
- Boas práticas de housekeeping (organização do local de trabalho, limpeza, arrumação sistemática e padronização);
- Redesenho dos produtos;
- Revisão do layout do chão da fábrica (contribui para a preservação do meio ambiente quando a empresa cria ambientes mais ventilados, com iluminação natural, ou adota novos sistemas de ventilação, reduzindo o consumo de energia);
- Manutenção preventiva (é uma importante ação, tendo em vista que colabora para que máquinas e equipamentos reduzam as chances de apresentar problemas no processo produtivo, o que geralmente gera um grande desperdício de materiais);
- Gestão de estoques e outras práticas conhecidas de administração da produção e operações.

Que conselhos você dá às organizações que desejam garantir o crescimento econômico sem causar impactos ao meio ambiente?
As organizações devem desenvolver uma visão estratégica relacionada à promoção de padrões mais elevados na gestão ambiental. O investimento na melhoria das operações é um bom começo, pois pode contribuir naturalmente com um menor impacto no meio ambiente, na medida que tornam as ações mais eficientes.

Que vantagens competitivas as empresas que investem em sustentabilidade têm em comparação com as outras organizações?
As vantagens estão relacionadas à possibilidade de lançamento de novos produtos, que permitirão alcançar mais mercados e aumentar a receita das organizações. Mas de maneira geral, a gestão sustentável pode trazer diferentes benefícios para as empresas, entre eles, se destacam: a melhoria da imagem institucional; a possibilidade de renovação do portfólio de produtos; aumento da produtividade; promoção do comprometimento dos funcionários e melhores relações de trabalho; mais criatividade e abertura para novos desafios; melhores relações com autoridades públicas, comunidade e grupos ambientalistas ativistas; acesso assegurado aos mercados externos e maior facilidade para cumprir os padrões ambientais.
A gestão sustentável contribui para a renovação do portfólio de produtos quando a empresa imagina a criação de peças com conteúdo e uma performance de menor impacto ambiental, atendendo às novas demandas por parte do consumidores. Hoje, por exemplo, existe uma grande busca por equipamentos que consumam menos energia. Nesse sentido, muitas empresas têm se esforçado para desenvolver produtos com maior eficiência energética.
Já a contribuição para o aumento da competitividade acontece quando a empresa reavalia seus processos de negócio e busca reduzir a produção de resíduos, que está associada à perda de matéria-prima no processo produtivo. Quando isso acontece, a companhia se torna mais produtiva e gera maiores ganhos.
Esse tipo de gestão também pode assegurar a conquista de mercados externos quando a organização consegue atender consumidores que exigem um maior nível de excelência ambiental. Desse modo, a partir da melhoria da performance ambiental, a empresa pode se habilitar a vender para empresas que antes não vendia, quando não possuia parâmetros mais elevados de sustentabilidade.

Em um panorama geral, como você vê o engajamento das empresas brasileiras em ações socioambientais? No que mais erramos e no que mais acertamos?
Noto uma conscientização cada vez maior. Contudo, há um grande desconhecimento sobre como empreender uma gestão ambiental de maneira adequada. Já o ponto forte vem do número de oportunidades para atuação de profissionais nessa área.

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