Organizações se mobilizam e incentivam engajamento da sociedade em prol da região da Mariana (MG)
Diante da tragédia em Mariana (MG), com o rompimento das barragens de Santarém e Fundão, e suas terríveis consequências, tanto para as comunidades locais como para o meio ambiente, diversas organizações têm se mobilizado para promover ações em solidariedade às vítimas atingidas.
A Fundação Avina, por exemplo, está atuando em três frentes de ação e conta com o apoio das empresas e investidores sociais interessados em se engajar também (veja ao final da matéria como participar). A primeira delas diz respeito às doações ao local. Com apoio de sua equipe programática da agenda de indústria extrativista, a Fundação realizou um levantamento junto aos atores-chave para mapear a real situação da população e identificar as necessidades mais urgentes.
Com base neste levantamento e, em parceria com a Aliança pela Água, foi identificada a urgência em direcionar à região água potável, tendo em vista que o abastecimento foi interrompido em vários locais por conta da possível contaminação do rio. Em alguns territórios atingidos pela lama não há mais estoque de água potável e a população está fazendo enormes filas para receber água, com situações, inclusive, de saques nas escolas e supermercados. A ideia é conseguir doações em grande escala de garrafas de 1,5 litros de água para facilitar a distribuição pela Defesa Civil.
A segunda frente de atuação tem sido a busca por informações sobre o plano de mitigação de danos socioambientais, a ser elaborado pela empresa Samarco, e aprovado pelo Ministério Público e governo do Estado de Minas Gerais. Segundo Glaucia Barros, diretora Programática da Fundação Avina, a ideia é que a organização possa colaborar, tendo em vista a experiência da Avina em trabalhar em casos extremos como este, como o que foi feito junto ao governo do Chile, na época do terremoto. Além disso, a Fundação tem uma série de contatos com especialistas com experiências em tragédias similares e poderia fazer essa intermediação.
Por fim, a terceira frente é identificar e refletir sobre o que essa tragédia pode trazer em termos de melhoria do sistema relacionado à mineração. Tanto é que a Fundação, em conjunto com o GIFE e a Agenda Pública – que fazem parte do “Grupo de Diálogo: Mineração, democracia e desenvolvimento sustentável (GDM)”, publicaram uma carta de posicionamento a respeito.
“Já divulgamos o primeiro posicionamento exatamente no sentido de reforçar uma pauta que é central deste grupo, que é a necessidade de maior transparência de todos os atores envolvidos na atividade de mineração. Neste caso específico, a transparência é ainda mais necessária, mas não está acontecendo. Temos pouco acesso às informações, como o plano, que é de algo de interesse público e pode evocar colaboração de mais atores”, afirma, ressaltando que o grupo pretende trabalhar, a partir deste caso, em melhorias tanto no marco regulatório quanto na política de operação de negócios das empresas que atuam neste campo. “É um alerta importantíssimo que pode gerar conhecimento para o Brasil e o resto do mundo”, completa.
Informação
Numa situação dramática como esta pela qual muitos cidadãos estão vivendo na região do desastre de Minas Gerais, receber informações sobre como proceder se tornar algo essencial. Por isso, a Aliança pela Água, junto ao Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, decidiu lançar a cartilha “O que fazer em situações de colapso no abastecimento de água”, um material de apoio às populações afetadas pela suspensão do fornecimento de água na região.
A cartilha foi produzida a partir do Manual de Sobrevivência na Crise e pretende ajudar os moradores dos municípios afetados pelo “mar de lama” que cobre boa parte do Rio Doce, como Governador Valadares, que decretou situação de calamidade pública.
A Aliança conseguiu patrocínio para imprimir 40 mil exemplares da cartilha, que será distribuída à população com apoio do Instituto Bioatlântica (Ibio). “Os investidores sociais podem colaborar tanto no sentido de fazer chegar aos locais os insumos fundamentais, ajudar a identificar as situações mais críticas e também começar a refletir sobre o nível de risco que estamos dispostos a correr no Brasil em relação ao uso que fazemos das águas”, disse Marussia Whately, coordenadora da Aliança pela Água.
Como participar
As empresas, fundações e institutos interessados em colaborar podem entrar em contato com a Fundação Avina pelo e-mail: Anna.Romanelli@avina.net ou diretamente com o Serviço de Voluntariado e Assistência do Estado de Minas (SERVAS) pelo telefone (31) 3349-2400.
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