Jobim teme que cortes orçamentários ponham fronteiras em risco
Em meio às restrições
orçamentárias pelas quais passa o país, projetos estratégicos das Forças
Armadas, como o Sistema Integrado de Monitoramento das Fronteiras
(Sisfron), estão ameaçados. Em audiência nesta quinta-feira (8) na
Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado (CRE), o
ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse não ter certeza se a pasta é
uma prioridade para a presidente Dilma Rousseff:
— No governo Lula, eu tinha clareza que
a questão de Defesa estava dentro da perspectiva governamental. Clareza
eu não tenho já em relação ao governo da presidente Dilma que isso seja
um tema fundamental – disse Jobim.
Mesmo com cortes de mais de R$ 5
bilhões no orçamento da pasta, o ex-ministro acredita ser possível
manter as prioridades do setor. Ele reconheceu que está “afastado do
tema” desde que deixou o Ministério da Defesa em 2011, no começo do
governo Dilma. Ele assumiu o cargo em 2007, ainda na gestão Lula.
— A situação orçamentária naquela época
era muito melhor do que é hoje. A questão é compatibilizar a manutenção
do projeto e distensioná-lo, considerando a situação orçamentária, mas
não abandoná-lo – avaliou.
Uma das preocupações manifestados por
Jobim e também pelos senadores durante a reunião é com o atraso na
implantação do Sistema Integrado de Monitoramento das Fronteiras
(Sisfron). O programa, que visa coibir especialmente o tráfico de drogas e armas, começou a ser instalado em 2013, com prazo de conclusão de 10 anos, mas sofre com os baixos repasses do governo.
— O problema da violência nasce nas
fronteiras. Se não tivermos uma política competente, nós não vamos nunca
resolver o problema das drogas e da violência nas grandes cidades -
disse o senador Delcídio do Amaral (PT-MS).
A preocupação com a proteção das
fronteiras também foi manifestada por outros senadores como Ricardo
Ferraço (PMDB-ES), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Ronaldo Caiado (DEM-GO),
Jorge Viana (PT-AC), José Pimentel (PT-CE) e Sérgio Petecão (PSD-AC).
Sobre o tema, Jobim disse:
— Não há como ter ocupação do solo de
17.719 quilômetros. É impossível. Daí a necessidade do monitoramento,
daí o Sisfron. Teria uma fórmula de monitoramento dos acessos de
fronteira não só a entrada pelo ar, a entrada pelos rios, como a entrada
pelo solo. Assim, teria como avisar às autoridades relativas à
atividade de terra de fazer obstrução daquilo. Agora, tem que ter
investimento – afirmou.
Agência Senado
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