PF investiga esquema criminoso de aquisição de medicamentos em RS
Santa Maria/RS – A Polícia
Federal deflagrou nesta quinta-feira (26/3) a segunda fase da Operação
Medicaro, que apura fraudes na aquisição de medicamentos por meio de
ações judiciais.
Policiais federais dão
cumprimento a 10 mandados de busca e apreensão (nove em Santa Maria/RS e
um em Brusque/SC) e um mandado de prisão contra um servidor público da
4ª Coordenadoria Regional de Saúde. Quatro pessoas foram conduzidas até a
Delegacia de Polícia Federal, por ordem judicial, para prestarem
esclarecimentos, no interesse da Justiça.
Pela análise dos documentos e
mídias apreendidos na primeira fase da operação, ficou evidenciada a
prática da fraude, praticada da seguinte forma:
- Para ingresso com a ação judicial para aquisição dos medicamentos, era necessária a apresentação de três orçamentos fornecidos por farmácias locais;
- Um único estabelecimento de um mesmo grupo fornecia os orçamentos, geralmente superfaturados, em papéis com timbres de três farmácias distintas, com o objetivo de evitar a concorrência;
- Intermediários providenciavam os orçamentos superfaturados e recebiam 10% do valor do medicamento;
- Advogados que faziam parte do esquema também recebiam entre 5% e 10% sobre o valor orçado;
- Um servidor na Coordenadoria Regional de Saúde fazia parte do esquema, direcionando a aquisição do medicamento e beneficiando determinadas farmácias, recebendo um percentual sobre o superfaturamento.
Esses percentuais podem ter gerado para
os envolvidos lucros milionários, uma vez que muitos dos medicamentos
adquiridos via judicial são para tratamento de câncer e possuem um alto
valor comercial. Além disso, o Estado do Rio Grande do Sul possui o
maior número de processos para garantir acesso a remédios do país, sendo
que a cidade de Santa Maria lidera o ranking estadual, superando até
mesmo a capital Porto Alegre.
Até o momento foram apreendidos
documentos, computadores e cerca de R$ 124 mil em moeda corrente. Parte
desse valor (R$ 64 mil) foi apreendida na residência do servidor da CRS e
o restante na residência de um dos advogados. As investigações
prosseguirão de forma intensa, com a análise dos materiais e documentos
arrecadados e com a possível identificação de novos estabelecimentos
e/ou pessoas envolvidas na fraude. A Polícia Federal vem intensificando
sua atuação no combate a esse tipo de delito, em razão do grande
prejuízo gerado aos cofres públicos.
Somente em 2014, o movimento
financeiro da 4ª CRS, referentes a ações judiciais para a aquisição de
medicamentos, gira em torno de oito milhões reais. A probabilidade é de
que 10% desse valor seja o superfaturamento embutido no preço do
medicamento.
Os envolvidos serão indiciados
como incurso nos crimes de estelionato majorado (contra a administração
pública), falsificação de documento particular e falsidade ideológica.
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