Na moda do turismo de bicicleta
Deborah Salles
Saiba porque ela foi incluída nos passeios turísticos – e como ela pode transformar (para melhor) a maneira de experimentar a viagem
Tão importante quanto definir o destino da próxima viagem é escolher o melhor veículo para explorá-lo: se de ônibus, de barco, de bicicleta ou até a pé. Entre todos estes, a bicicleta tem se destacado especialmente entre uma nova geração de viajantes, com disposição para interagir com o ambiente e experimentar, com mais intensidade, o que o destino tem a oferecer.
São pessoas como Rafael Ribeiro, de 32 anos, que há 17 anos viaja de bicicleta com os amigos. “O mais interessante é notar as diferenças culturais e os cenários de natureza por onde pedalo”, disse. Ribeiro já foi de Brasília a Florianópolis de bicicleta. Já percorreu Angra dos Reis, Cabo Frio, Petrópolis, Itaipava e Teresópolis (RJ), além de cidades gaúchas, como Gramado e Canela, também sob duas rodas. O aumento da demanda por passeios de bicicleta tem levado agências especializadas em aluguel de bicicletas a se associar a hotéis e empresas que fazem receptivo turístico.
No Rio de Janeiro, turistas passaram a procurar as bicicletas da empresária Daniella Matos para percorrer as praias de Copacabana, Ipanema e a Lagoa Rodrigo de Freitas. Hoje, a empresa de Daniella está em todas as grandes redes de hotéis da cidade. Os guias do passeio, bilíngues, percorrem uma das orlas mais bonitas - e famosas - do país com grupos de 10 a 15 pessoas. As bicicletas ganharam espaço devido, especialmente, ao grande número de ciclovias: são 361 km pela cidade e 1,5 milhão de viagens de bicicleta todos os dias no Rio, de acordo com a prefeitura.Em alguns casos, os viajantes percorrem grandes distâncias de bicicleta.
Na Rota do Descobrimento, no sul da Bahia, há um percurso de 120 quilômetros que atrai turistas brasileiros e estrangeiros. Algumas empresas oferecem o passeio, que vai de Prado a Arraial d'Ajuda, amparados por equipe de apoio, com hotéis reservados e alimentação inclusa. São seis dias de praia e aventura, segundo o empresário Paulo de Tarso, que oferece o pacote.Boa parte desse movimento vem sendo estimulado pelo crescimento do ciclismo e suas associações. O país já sedia competições de grande porte como o Tour do Rio, a Volta Internacional do Rio Grande do Sul e do Paraná.
Se depender do ciclista Ricardo Nogare, embaixador da União Ciclística Internacional, a oferta deve crescer ainda mais nos próximos anos. "Minha missão é ajudar a promover o uso da bicicleta para além do esporte, vejo no turismo um canal para desenvolver a prática de ciclismo", diz. O Brasil tem cerca de 1.110 km de ciclovia e cerca de 50 milhões de bicicletas. Nos últimos 10 anos, o Ministério do Turismo repassou mais de R$ 24,5 milhões aos municípios brasileiros para construção de ciclovias. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de bicicletas, uma média de 4,5 milhões por ano, de acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares.
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