Seduc oferece projeto inédito de capacitação para haitianos
ROSELI RIECHELMANN
Lenine Martins/Secom-MT
Desafio é falar a Língua Portuguesa com fluência
As aulas acontecem em salas compartilhadas pelo Ceja, na Escola Estadual Leovegildo de Melo, no bairro CPA 3. Com o uso de uma metodologia do ensino modular, os estudantes trabalharão durante três meses a área de linguagens (língua portuguesa, artes e educação física). Após essa etapa, aqueles que precisarem avançar nos estudos permanecerão matriculados nos demais módulos (área de matemática, ciências da natureza).
Toda a interlocução entre professores e estudantes será feita por intermédio de um facilitador, fluente no francês e crioulo. Apesar de muitos haitianos terem formação inicial, e até mesmo curso superior, a dificuldade com o português limita um melhor desempenho profissional e sua inserção social.
Situações simples como o uso de alguns termos da nossa língua podem gerar confusão. A estudante Elda Desllines, 32 anos, por exemplo, não compreende porque as brasileiras não gostam de serem tratadas como senhoras. Segundo ela, no Haiti é uma honra para qualquer mulher e ser chamada assim é quase um título. Confusões como essas parecem simples, mas dificultam a interlocução.
O estudante Dickenson Dalmacz, 19 anos, espera conseguir o domínio do português muito rápido, pois tem pressa em melhorar os rendimentos. Ele se aventurou sozinho do Haiti para o Brasil. Veio para Cuiabá após uma passagem por Rio Branco (AC) onde teve um início difícil. Os poucos recursos que trouxe acabaram e a falta de trabalho após um acidente deixou muito desmotivado com as perspectivas que trazia sobre o país. Atualmente trabalhando na construção civil, o rapaz está insatisfeito com o salário, pois esperava ganhar muito mais. “Não consigo ter uma casa ou carro”, diz. Dalmacz pensa em voltar para o Haiti.
Para esses imigrantes, “a Escola deve ser a chave para habilitá-los a enfrentar as dificuldades que decidiram assumir ao virem para o Brasil e é por meio dela que se garantirá a interação com os colegas brasileiros e cuiabanos, em um espaço acolhedor, compreensivo e atrativo para a continuidade do aprendizado”, destacou a secretária de Estado de Educação, Rosa Neide Sandes de Almeida, durante a aula inaugural.
A recepção aos novos estudantes foi realizada com a presença da Secretária Adjunta de Políticas Educacionais, Ema Marta Dunck Cintra, o Conselheiro do Conselho Estadual de Educação, Carlão Nascimento, o diretor interino da unidade, a diretora do Ceja Almira Amorim, representantes do Movimento Social (Pastoral da Terra, Movimento Negro) e os estudantes da unidade.
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