Capital terá congresso sobre resíduos sólidos
De catador a financiador, a apresentação de tecnologias e práticas para consolidar metas nacionais de reciclagem
O 2º Congresso Técnico Brasil-Alemanha, que ocorre em Florianópolis, nos dias 27 e 28 de maio, vai apontar para tecnologias e práticas que permitirão consolidar as metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O diretor de Operações da Comcap, Marius Bagnati, informa que o evento terá 10 palestrantes alemães e 20 de renome nacional.
“O escopo deste 2º Congresso Técnico Brasil-Alemanha para Gestão Sustentável de Resíduos Sólidos Urbanos abrange de catadores a financiadores, passando por experiências municipais, organizações alemãs de alta tecnologia e órgãos licenciadores brasileiros”, afirma Bagnati.
Metas ousadas e prazos curtos
As metas nacionais são ousadas e os prazos curtos, por isso é preciso
aplicar tecnologias que permitam a recuperação de até 84% dos resíduos
sólidos hoje aterrados. Em Florianópolis, por exemplo, onde a coleta
seletiva de materiais recicláveis conta mais de duas décadas, são
recolhidos de forma separada na porta dos domicílios 6,5% do total de
resíduos coletados. A meta da Prefeitura de Florianópolis é chegar a 10%
este ano e a 20% em 2015.A Alemanha, compara Christiane Pereira, coordenadora da Universidade Técnica de Braunschweig e do Instituto CREED no Brasil, parceiros da Comcap e da Prefeitura de Florianópolis na organização do evento, recupera mais de 60% dos resíduos e, em alguns segmentos como o de papel e de metal, a coleta nem precisa mais da intervenção dos municípios. A coleta e reciclagem desses materiais já se tornaram atividades sustentáveis para operadores privados, desonerando os custos públicos com logística e recolhimento.
Hoje, inclusive, em razão da dependência dos preços de energia, o valor dos reciclados tem aumentado bastante na Europa, conforme adiantou o professor Klaus Fricke, em encontros preparatórios para o 2º Congresso Técnico. O palestrante é autoridade mundial em reciclagem, responsável pela implantação da coleta seletiva na Alemanha em 1983 e de outras 100 plantas de tratamento de resíduos. É consultor de três ministérios alemães e também atua no Brasil.
Fração de orgânicos deve começar a ser reciclada
No Brasil, é preciso reparar que as tecnologias já estão disponíveis e
acessíveis, observa Bagnati. Daí a relevância do congresso, cuja
primeira edição ocorreu em Jundiaí, São Paulo. Nesta segundo evento em
cooperação com a Alemanha, a recuperação de resíduos orgânicos é o
gancho central dos debates. “Hoje, metade do lixo aterrado no Brasil é
composta por resíduos orgânicos. Está na hora de essa fração úmida
passar a ser tratada como reciclável, assim como a fração seca composta
de metais, papéis, vidros e plásticos”, propõe Bagnati.Não há nenhuma capital brasileira que tenha a coleta diferenciada e a reciclagem de orgânicos prevista como política pública, apenas pequenas experiências de compostagem em geral em parceria com organizações civis.
Palestrantes
Klaus Fricke
Formado em Geologia, doutor em Engenharia, professor catedrático e
pesquisador da TUBS (Universidade Técnica de Braunschweig), diretor de
Departamento de Resíduos Sólidos e Recursos naturais, presidente do
CREED, vice-presidente da RETECH, editor da revista técnica MUELL und
ABFALL, atua há mais de 30 anos em gestão de resíduos na Alemanha e em
outros continentes, foi responsável pela implantação, em 1983, da coleta
seletiva e compostagem de orgânicos na Alemanha.Autor de diversas publicações técnicas, tem participação como assessor técnico do Governo Alemão pelos Ministérios de Educação e Pesquisa, de Cooperação e de Meio Ambiente. Trabalhou no Brasil como consultor em projetos da ANEEL e Caixa Econômica Federal, para prefeituras. Coordena o curso de mestrado em Engenharia Urbana ministrado pela cooperação PUC e TUBS.
Comentários
Postar um comentário