Maringá discute plano de mobilidade não-motorizado e uso da bicicleta
Cerca de 150 pessoas participaram do debate "A bicicleta como meio de transporte - buscando justiça e equilíbrio na distribuição do espaço", realizado em Maringá, quinta-feira (27). O objetivo foi discutir novas propostas para o plano de mobilidade não-motorizada da cidade e avaliar as ações já existentes. O evento foi realizado pela Ordem dos Advogados do Brasil Subeção Maringá, Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu (Cicloiguaçu) e Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Governo do Paraná.
O secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida, contou que o Paraná inicia -pela primeira vez em sua história - uma discussão estadual, democrática e descentralizada sobre a mobilidade pelo uso da bicicleta.
" É um primeiro e importante passo que estamos dando, com o intuito de ouvir especialistas, entusiastas e a sociedade para elaboração de uma política que pense a cidade para as pessoas e não para os carros", declarou Cheida.
Ele apresentou dados sobre a produção de bicicletas no mundo e no Brasil, pais que ocupa a terceira colocação na produção mundial. "O Brasil é o terceiro em produção, mas o 22o país em número de pessoas que utilizam a bicicleta. Para que se tenha uma ideia 40% das pessoas que usam a bicicleta no Brasil, segundo IBGE, tem renda de até R$1.200. Podemos reverter este quadro com segurança, educação e incentivo", finalizou Cheida.
Segundo dados da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano - apresentados pelo secretário municipal, Laércio Barbão, Maringá conta com 20 quilômetros de ciclovias interligadas e outros 30 quilômetros de ciclovias estão apenas em projetos, mas já foram licitados.
"O plano diretor da cidade inclui a mobilidade urbana não- motorizada, mas é preciso debatê-lo com a sociedade e por isso estamos seriando este evento", declarou o conselheiro federal da OAB Maringá, César Moreno.
O professor da Uninga e membro da Academia de Arquitetos e Engenheiros, Marcio Lorin, falou aos participantes sobre a função social da cidade de distribuir o solo de maneira igualitária, promovendo a qualidade urbana, ambiental e paisagística.
"Atualmente, 40% do solo de Maringá é ocupado pelo sistema viário, priorizando o transporte motorizado. Outra informação preocupante é que 20% dos acidentes acontecem nas calçadas por razões de infraestrutura, educação e outras", relatou.
A política nacional de mobilidade e o Plano de Aceleração do Crescimento para mobilidade, o PAC da mobilidade, também foi tema do debate.
O coordenador jurídico da Cicloiguacu, Rodolfo Jaruga, lembrou que a Lei de mobilidade fala sobre a preferência que deve ser dada ao veículo não-motorizado, ao invés do veículo motorizado.
" Mesmo sendo previsto em Lei, o Paraná não recebeu um centavo para mobilidade de veículo leve, o que é o caso da bicicleta, pelo PAC da mobilidade", declarou Rodolfo.
MOBILIZAÇÃO - A cidade de Maringá possui centenas de ciclistas, assim como outras cidades do Paraná. "No entanto, a organização de grupos que pedalam é fundamental para criar uma massa critica que dissemine o uso da bicicletas nas cidades e que atue junto ao poder público para melhorar as condições de segurança para os ciclistas e pedestres" , enfatizou Jorge Brand, coordenador geral da Cicloiguacu. Segundo ele, é preciso que as ruas deixem de ser um lugar de passagem para se transformarem em locais de permanência.
Um dos grupos de ciclistas fortes e atuantes de Maringá é o Bicicultura Maringá - movimento cultural pró bicicleta onde entusiastas, cidadãos e desportistas se juntam de forma voluntária para promover condições favoráveis para o uso massivo da bicicleta.
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