China é um país em obras e continuará crescendo, mesmo com ritmo mais lento, diz Aprosoja
Diretores da Associação dos Produtores de Soja e
Milho de Mato Grosso (Aprosoja) viajaram pela China durante duas
semanas. O objetivo foi verificar a infraestrutura e a logística do país
e entender como os chineses venceram desafios muitas vezes parecidos
com os do Brasil. As cidades no interior do país estão crescendo em
ritmo acelerando, com prédios e mais prédios sendo construídos para
abrigar uma população que começa a vir do campo para a cidade.
Em
reunião na cidade de Chongqing com a diretoria da Sinotrans Chongqing
Corporation Ltda, empresa especializada em logística que explora,
principalmente a hidrovia do rio Yantzé, de Shangai a Chongqing, os
brasileiros reafirmaram o entendimento de que os modais hidroviário e
ferroviário são os mais competitivos. Sinotrans é um grupo estatal que
está espalhado em diversas unidades pelo país.
O
valor do frete hidroviário é de 0,04 centavos de reminbi (moeda
chinesa) por tonelada por quilômetro. Já o frete ferroviário custa 0,12
centavos por tonelada por quilômetro, e o frete rodoviário custa 0,35
centavos por tonelada por quilômetro. "Mais uma vez, vimos que há a
necessidade de investimentos em modais pouco utilizados no Brasil que
diminuiriam consideravelmente o custo da produção", diz Ricardo Tomczyk,
presidente da Aprosoja.
A
China é um país com algumas vantagens competitivas atualmente, como uma
grande estrutura ferroviária e a hidrovia. Entretanto, a Sinotrans, em
particular, tem uma pequena capacidade de recepção de granéis em
Shangai. De lá para Chongqing, esse volume precisa ser parcelado em
navios de 3 mil toneladas.
A
comitiva conheceu ainda o pátio da China Railway Freight, que possui
condomínios logísticos e área alfandegada em Chongqing. Tem uma
importância estrutura significativa porque liga a cidade a Shangai e
também ao porto de Duisburg, na Alemanha. Este tipo de transporte
ferroviário é muito utilizado para produtos de alto valor agregado. "Não
compensa levar este tipo de produto pela hidrovia, pois pelo alto valor
agregado ganha-se competitividade pela velocidade da entrega. O frete
não faz a diferença", observa Ricardo Tomczyk.
Os
diretores da Aprosoja conheceram também a unidade de commodities da
empresa na província de Shandong, no município de Qingdao, região
nordeste do país. É a maior empresa de logística da China, com
faturamento de 150 milhões de renminbi.
De
acordo com o diretor executivo da Sinotrans Shangdong, Yuzhong Wang, a
China tem uma relação estratégica com o Brasil. "Por enquanto,
conhecemos o Brasil na parte de minérios. A China tem algumas leis que
limitam negócios com alimentos", afirmou.
Apesar
disso, Wang acredita que a agricultura é uma tendência estratégica para
o futuro. "A China tem uma população de 1,4 bilhão de pessoas que
precisam de alimentos", contou. Shandong é a província com maior
produção de alimentos, e também a que tem maior demanda, além de ter
diversas tradings e indústrias de beneficiamento de soja.
A
China importou 44 milhões de toneladas de soja somente no primeiro
semestre de 2015, um crescimento de 7% em relação ao ano anterior.
Atualmente, segundo Yi Zhao, gerente geral da unidade de commodities da
Sinotrans, há um estoque de 6 milhões de toneladas de soja, um milhão a
mais do que o mês anterior. "Entendemos que a China deve continuar
crescendo, mas vai desacelerar um pouco o ritmo das compras", diz Roger
Augusto Rodrigues, diretor financeiro da Aprosoja.
Os
três portos da província importaram no primeiro semestre cerca de 15
milhões de toneladas de soja, um terço do total de grãos importados pela
China. A maior parte entrou pelo porto de Qingdao, com 8,4 milhões de
toneladas. Este porto tem cinco berços para atracar navios, por onde são
descarregadas 20 mil toneladas de alimentos por dia.
Há
também oito ferrovias na região, o que interliga os modais. Segundo os
executivos da Sinotrans, em 24 horas são carregados 500 vagões. Para
armazenamento, são 16 silos com capacidade total de 180 mil toneladas.
Um novo porto está sendo construído para produtos a granel, com
capacidade quatro vezes maior que a atual.
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