Reunião discute segregação do trigo gaúcho
A mobilização da Câmara Setorial do Trigo no Rio
Grande do Sul levou 12 entidades à Embrapa Trigo com objetivo de
estabelecer o agrupamento das cultivares plantadas no estado, conforme
indicadores de qualidade, para viabilizar a segregação do trigo.
De
acordo com o coordenador técnico da Câmara Setorial do Trigo no RS,
Altair Hommerding, há alguns anos existe uma movimentação no Estado,
reunindo diversos elos da cadeia produtiva, para elevar a qualidade do
trigo gaúcho. A demanda por critérios de segregação foi levantada aqui
em Passo Fundo, durante reunião no Sindicato Rural, no dia 06/05.
A
pesquisadora da Embrapa Trigo Eliana Guarienti fez um histórico das
principais ações da pesquisa para aumentar a qualidade do trigo gaúcho:
“na década de 90, a cultivar de trigo mais plantada, o BR 23, mostrava
força de glúten (W) médio de 100; em 1992, duas novas cultivares,
Fundacep 24 e Embrapa 16, mostravam força de glúten em 160, uma enorme
conquista que, para os padrões da época, classificavam este trigo como
pão. Depois, levamos mais 20 anos para o W chegar a 220, atendendo as
novas exigências do mercado”. Segundo Eliana, duas décadas é um tempo
curto para o melhoramento de trigo, já que a pesquisa leva cerca de 12
anos para desenvolver uma cultivar.
Por que a qualidade declarada pelo obtentor (que desenvolveu a cultivar) nem sempre é confirmada pelo produtor?
Levantamento realizado pela Embrapa Trigo apontou três fatores que podem afetar a classificação comercial da cultivar:
1)
Componente genético: a maioria das cultivares lançadas no mercado
não apresenta consistência de resultados de qualidade nos diferentes
locais para onde é indicado o cultivo. Assim são grandes as variações de
rendimento e qualidade que nem sempre estão refletidas na fase de
experimentação dos materiais ou pré-lançamento, gerando equívocos na
classificação comercial.
2)
Ambiente: a variação ambiental é a principal responsável pelos
resultados das lavouras de trigo, especialmente o clima, que tanto pode
favorecer como prejudicar a cultura. Além disso, o uso de tecnologia
demandado por determinado ambiente também pode alterar a qualidade.
3)
Pós-colheita: a mistura de cultivares nos silos, com grande variação
nas características de qualidade como número de queda, dureza do grão,
cor de farinha, força de glúten, etc. acaba comprometendo todo o lote
devido à perda de identidade. O processo é resultado tanto da falta de
análise mais criteriosa do perfil de qualidade dos grãos na
pós-colheita, quanto da falta de estrutura de armazenagem adequada.
Resultados
O
grupo de trabalho liderado pela Câmara Setorial definiu alguns
parâmetros para enquadrar as cultivares existentes no mercado a partir
de indicativos apontados pela indústria. Após esse agrupamento, o
trabalho será apresentado a cerealistas e cooperativas como sugestão
para segregação do trigo.
Participaram
da reunião representantes do Sindicato Rural de Passo Fundo, Secretaria
de Agricultura e Pecuária do RS, Associação das Empresas Cerealistas do
RS, Emater/RS, Bayer, Coodetec, Limagrain, Farsul, Sinditrigo,
Biotrigo, OR Sementes e Embrapa Trigo.
Foto: Joseani M. Antunes
Joseani M. Antunes
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