Expocafé apresenta tecnologias para a cafeicultura
A 18ª edição da Expocafé será realizada nesta
semana, no Campo Experimental da Epamig em Três Pontas. A programação
terá início com o 6º Simpósio de Mecanização da Lavoura Cafeeira, nesta
terça-feira (30/6). O evento, que reúne pesquisadores, professores,
técnicos, produtores e estudantes, é exclusivo para participantes
previamente inscritos. Nos dias 1º, 2, 3 de julho, a feira será aberta
ao público, com a realização da exposição de equipamentos, máquinas e
insumos e de eventos técnicos.
Integrante
do Conselho Gestor do evento e responsável pela programação técnica, a
Epamig vai promover dinâmicas de campo e minicursos, dentre outras
ações de transferência tecnológica. Durante as dinâmicas, setorizadas
entre pesquisa e extensão, colheita e manejo, os participantes poderão
conhecer na prática o funcionamento de equipamentos instalados nas
lavouras de café do Campo Experimental. Além disso, pesquisadores
apresentarão temas como controle de doenças e pragas do cafeeiro,
variedades de café recomendadas para a agricultura mineira, nutrição de
cafeeiro e uso de herbicidas.
Epamig e o café
Maior
commodity do agronegócio mineiro, o café é uma das principais linhas de
pesquisa da Epamig . O Programa Estadual de Pesquisa da Cafeicultura
desenvolvido pela Empresa abrange temas como o preparo do solo;
desenvolvimento de novas cultivares resistentes a pragas e doenças e com
maior produtividade; a indicação de cultivares selecionadas e
adaptáveis a diferentes condições de clima e solo; controle químico e
biológico de pragas e doenças; cuidados pós-colheita e qualidade da
bebida.
Os estudos de
melhoramento genético do cafeeiro na Epamig começaram na década de 70,
após a ferrugem ser constatada na cafeicultura brasileira. A ferrugem é a
principal doença da cultura do cafeeiro e pode ocorrer em quase todas
as regiões cafeeiras do mundo. A doença, que pode ser disseminada pelo
vento, provoca a queda precoce das folhas e a consequente seca dos
ramos, o que pode reduzir a produção pela metade no ano seguinte.
Juntas
EPAMIG, as Universidades Federais de Viçosa e de Lavras, a Embrapa Café
e demais instituições que compõem o Consórcio de Pesquisa Café (fundado
em 1997), desenvolveram 15 cultivares, das quais quatro são suscetíveis
à ferrugem (Acaiá Cerrado MG 1474, Rubi MG 1192, Topázio MG 1190 e MGS
Travessia) e 11 resistentes (Oeiras MG 6851, Paraíso MG H419-1, Araponga
MG1, Catiguá MG1, Catiguá MG2, Pau Brasil MG1, Sacramento MG1, MGS
Catiguá 3, MGS Paraíso 2, Sachimor MG8840 e MGS Aranãs. As cultivares
desenvolvidas pelo programa de melhoramento genético do cafeeiro possuem
outras características de interesse agronômico, como alta
produtividade, longevidade da cultura, elevado vigor vegetativo e
plantas com arquitetura e porte adequados à colheita manual e mecânica.
Tecnologias que geram mais produtividade e qualidade
A
pesquisa agropecuária também busca alternativas para o enfrentamento da
escassez hídrica, diminuição do uso de agrotóxicos e defensivos
agrícolas, aumento da produtividade e melhoria da qualidade do produto.
Dentre as ações propostas, destacam-se o uso de bioprodutos na
cafeicultura, a arborização dos cafezais, o aproveitamento da água
residuária do café e o cultivo de café em sistema agroecológico.
Bebida de qualidade - O
uso de bioprodutos é uma crescente demanda do mercado, sempre em busca
de soluções sustentáveis que resultem em maior produtividade e mais
qualidade. O ‘fungo do bem’ Cladosporium cladosporioides influencia
diretamente na qualidade sensorial da bebida. Os resultados demonstraram
que além de eliminar os agentes que causam o mofo nos grãos de café,
principalmente em regiões úmidas, a tecnologia patenteada desde 2004 não
onera o investimento, porque custa o mesmo que produtos químicos, o
equivalente ao valor de três sacas por hectare. Uma combinação de
enzimas patenteada em 2010 por EPAMIG/UFLA/FAPEMIG e inventores elimina a
polpa do café em duas horas e meia, enquanto o processo tradicional
leva 72 horas. A desmucilagem ou despolpa evita a fermentação do fruto, e
com isso aumenta a possibilidade de o produtor obter melhor padrão da
bebida. Além disso, secar o café no terreiro é um processo demorado e
requer uma área grande.
Enfrentamento da seca - Em
busca de tecnologias que amenizem os efeitos das mudanças climáticas na
cafeicultura, pesquisadores da Epamig estudam alternativas como a
arborização de cafezais. Essa tecnologia apresenta resultados na redução
da temperatura ambiente, aumento da fertilização do solo e até mesmo na
melhora da qualidade da bebida. Estudos de arborização no café
realizados no Campo Experimental da Epamig em São Sebastião do Paraíso,
há mais de 10 anos, apontaram bons resultados no cultivo consorciado da
variedade de café Catuaí vermelho e macadâmia. A árvore sombreia o
café, amenizando as altas temperaturas durante o dia e mantém a
temperatura mínima da madrugada mais alta, atuando também como uma
proteção contra vento e geada. Outro aspecto positivo é a redução do
ataque de bicho mineiro e a menor incidência da cercosporiose (mancha
foliar). Para a redução de perdas na produção são pesquisadas e
recomendadas também técnicas como irrigação, adubação fosfatada e
gessagem.
Aproveitamento da Água Residuária do Café - A
água utilizada na lavagem dos frutos de café pode ser reaproveitada
para a irrigação de lavouras, possibilitando uma economia superior a 50%
do volume de água empregada na operação. O Sistema de Limpeza de Águas
Residuárias (SLAR) é constituído de caixas e peneiras que associam os
processos de decantação e peneiramento que permitem a remoção de parte
dos resíduos que essa água contém. À medida que vai sendo reutilizada a
água aumenta a quantidade de nutrientes, suprindo parte da necessidade
para o desenvolvimento de culturas e também diminuindo os custos com
aplicação de fertilizantes. O sistema foi desenvolvido em parceria pela
Epamig , Embrapa Café e o Incaper, instituições fundadoras do Consórcio
Pesquisa Café, criado em 1997.
O
sistema de cultivo agroecológico do café emprega tecnologias
sustentáveis de produção. Além de auxiliar na preservação ambiental e
reduzir a aplicação de insumos industrializados, diminuem também o custo
de produção. Quando o produto é certificado pelos órgãos de
fiscalização ele passa a ser denominado orgânico.
Samantha Mapa
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