AEB divulga projeções para a balança comercial em 2015
   
   
   
    Sérgio Coelho_CODESP
   
A Associação de Comércio Exterior do
 Brasil (AEB) divulgou hoje as projeções da entidade para a balança 
comercial de 2015. A expectativa é de que as exportações atinjam 
US$215,360 bilhões, uma queda de 4,3% em relação ao montante de 
US$225,033 bilhões estimado para 2014. Para as importações, o resultado 
previsto é de US$207,220 bi, queda de 9,8% em relação aos US$229,615 
bilhões esperados para este ano, com superávit de US$8,140 bi. O número 
deve reverter o déficit de US$4,582 bilhões estimado para fechar o ano.
Segundo o presidente da entidade, José 
Augusto de Castro, o resultado projetado para 2015 deve ser considerado 
um “superávit negativo”, pois é obtido pela forte queda das importações,
 e não pelo aumento das exportações. “A elevada insegurança e incerteza 
vigentes neste momento podem demandar novas projeções antes de julho, 
mês tradicional para realização da única revisão anual da AEB”, afirmou.
Para as exportações, a AEB trabalhou com
 um cenário que aponta oscilação da taxa cambial entre R$2,60 e R$2,90, 
com média de R$2,75. De acordo com Castro,  apesar de essa taxa cambial 
proporcionar competitividade a alguns segmentos, será limitado seu 
impacto positivo sobre as exportações de manufaturados, pois o principal
 mercado de destino dos produtos brasileiros, a Argentina, enfrenta 
problemas, e outros mercados importantes, como América do Sul e África, 
poderão ter menor poder de importação, devido à queda nas cotações de 
suas commodities de exportação.
“A estagnação e/ou queda nas exportações
 brasileiras de manufaturados, desde 2008, segundo Castro, afastou o 
Brasil de importantes mercados, como EUA e Europa, transformando-o em 
“novo” exportador”. “Demanda tempo para reconquistar esses mercados, 
que, atualmente, são ocupados por fornecedores de outros países. Mesmo 
com preço competitivo, a concretização de novas vendas externas poderá 
ocorrer somente após o fim dos contratos em vigor”, avalia. 
A análise aponta também que a maior taxa
 cambial não ampliará o valor das exportações de commodities, porém, 
aumentará a rentabilidades em reais das empresas exportadoras; e que as 
exportações para Venezuela e Rússia, países que têm proporcionado 
superávits comerciais ao Brasil, poderão ter impactos negativos, devido a
 suas situações econômicas. 
A entidade aponta ainda que, certamente,
 deverá haver redução no crescimento econômico, retração na demanda 
interna e diminuição das importações, porém, sem quantificar a 
intensidade de seus impactos. “Não existem condições para esse tipo de 
análise”, diz Castro.
O cenário futuro é de que a alta na taxa
 cambial elevará custos de importação, assim como os índices de vendas 
internas sinalizam desaceleração. A perspectiva é de  menor índice de 
geração de empregos, ou até mesmo de desemprego, e de um elevado nível 
de inadimplência das pessoas e, também, em menor escala, das empresas.
Após fixar em 1,2% o superávit primário 
para 2015, as medidas a serem anunciadas pela nova equipe econômica 
sinalizam elevação da taxa SELIC, forte contingenciamento de gastos, 
elevação de tributos, redução ou suspensão de repasses aos bancos 
públicos, alta da TJLP, adiamento ou corte de investimentos e alta da 
inflação, entre outros aspectos negativos para a economia.
Outro ponto que deve ser observado, e 
que compõe a análise da AEB, é de que o atual quadro vivido pela 
Petrobras poderá provocar redução nas atividades econômicas internas 
desempenhadas por outros segmentos empresariais. Além disso, os últimos 
dados do PIB mostraram queda no consumo das famílias, e a previsão para 
2015 é de um crescimento de apenas 0,5%.
Conclusões
As cotações das principais commodities 
devem se manter em queda em 2015, decorrente de expansão da oferta em 
nível superior à demanda internacional de produtos, como soja, minério 
de ferro e petróleo. A queda nas cotações será amenizada por esperada 
elevação do quantum exportado, principalmente de petróleo bruto
 e óleos combustíveis. “Apesar desse quadro adverso, as commodities 
manterão índice de participação superior a 60% na pauta de exportação”, 
prevê Castro.
O estudo da AEB prevê também que o 
minério de ferro continuará sendo o item de maior valor nominal de 
exportação, com US$ 21,3 bilhões, apesar da forte queda em sua cotação. 
Haverá queda também na corrente de comércio, que deve atingir US$422,580
 bilhões, o menor valor nos últimos 5 anos, queda de 7% sobre os 
estimados US$454,648 bilhões de 2014.  Esse valor representa queda de 
12,4% sobre o valor recorde de US$482,286 bilhões alcançado em 2011. “O 
gerador de desenvolvimento econômico é a corrente de comércio, e não o 
superávit comercial, muito menos o déficit”, salienta Castro.
A conta-petróleo, que apresentou déficit
 de US$23,677 bilhões em 2013, também tem estimativa de queda, com 
redução para US$18,205 bilhões em 2014 e projetação de nova diminuição 
para US$10,745 bilhões em 2015.
Ainda segundo o levantamento, após o 
Brasil atingir participação de 1.41% nas exportações mundiais de 2011, a
 maior nos últimos 50 anos, sua participação deve chegar a 1,21% em 2014
 (similar a 2008) e a 1,14% em 2015 (similar a 2006). Em 2013, o Brasil 
ocupava a 22ª posição no ranking mundial de exportação, mas 
deverá cair para a 25ª em 2014 e permanecer nessa 25ª posição em 2015. 
As quedas projetadas de 4,3% nas exportações e de 9,7% nas importações 
deverão gerar contribuição positiva do comércio exterior para o PIB de 
2015. A redução no valor das exportações em 2015 será a quinta 
consecutiva.
“Não obstante o superávit comercial 
projetado para 2015, o Brasil continua necessitando realizar 
urgentemente reformas estruturais nas áreas tributária e trabalhista, 
investir maciçamente e continuamente em infraestrutura para reduzir 
custos de logística e acelerar processos de desburocratização, condições
 indispensáveis para tornar os produtos exportados competitivos, sem 
ficar na dependência de taxa de câmbio”, conclui Castro.
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