Vigilância do desenvolvimento infantil na atenção primária à saúde é insuficiente

Vigilância do desenvolvimento infantil na atenção primária à saúde é insuficiente
Por Maria Eduarda Barbosa 
Ações voltadas para avaliação do desenvolvimento infantil nos primeiros anos de vida são de fundamental importância, pois esse é o período de melhor resposta a estímulos e intervenção profissional. Na atenção primária, essa avaliação é realizada através da vigilância do desenvolvimento, que vem sendo conduzida precariamente no Brasil. O Ministério da Saúde vem reforçando essa prática através do incentivo ao uso da Caderneta de Saúde da Criança, que contém um instrumento de vigilância do desenvolvimento destinado ao uso dos profissionais de saúde. Esse foi o tema da dissertação de mestrado da enfermeira Antonelli Blandina de Oliveira Maia, realizada no Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente (Posca) da Universidade Federal de Pernambuco.
Antonelli trabalha na Prefeitura do Recife, no Distrito Sanitário VI e, durante seus atendimentos, ela percebeu que o acompanhamento em relação ao desenvolvimento infantil não era realizado de forma satisfatória, o que também vem sendo demonstrado através de outras pesquisas acerca desse tema. Para ela, é necessário que haja mais estudos e estímulos a essa prática. A dissertação, intitulada “Desenvolvimento neuropsicomotor: importância da vigilância na atenção primária”, teve orientação da professora Marília de Carvalho Lima e coorientação da professora Sophie Helena Eickmann.
O trabalho teve como objetivo verificar o grau de precisão do instrumento de vigilância do desenvolvimento da Caderneta de Saúde da Criança. A Estratégia Saúde da Família, que visa organizar a atenção primária no Brasil, foca na prevenção e vigilância em saúde. Os profissionais que ali atuam devem estar aptos para identificar possíveis suspeitas de atrasos no desenvolvimento e efetuar os devidos encaminhamentos. Então, o instrumento de vigilância do desenvolvimento da Caderneta de Saúde da Criança deve ajudar esses profissionais a identificar corretamente as crianças com suspeita de atraso no desenvolvimento para que possam realizar os devidos encaminhamentos o quanto antes.
Antonelli realizou a coleta de dados na Unidade de Saúde da Família Josué de Castro, localizada no Ibura, que faz parte do Distrito Sanitário em que trabalha, que também engloba outros bairros da zona sul recifense. Realizou-se o teste com 175 crianças, entre 1 e 36 meses. O resultado foi a avaliação correta do desenvolvimento em 64% dos casos. A pesquisa mostra que há necessidade de aperfeiçoar o instrumento com o objetivo de uma detecção mais efetiva de crianças com suspeita de atraso no desenvolvimento.
Além disso, Antonelli salientou que, durante as consultas, era perceptível que algumas mães não sabiam estimular o desenvolvimento de seus filhos através de brincadeiras ou outras atividades semelhantes. “Elas ficavam bastante impressionadas quando realizávamos os testes com as crianças. Algumas nem sabiam que seus filhos tinham certas capacidades. Isso evidencia a necessidade de educação dessas mães para estimular o desenvolvimento, que muitas vezes pode estar atrasado simplesmente pela falta de estímulo em casa”, finaliza.

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