Novos portos só devem ter efeito em alguns anos, afirma gerente da CNI
Os novos investimentos em portos
que o governo pretende anunciar ainda este ano para a região Norte
dificilmente conseguirão evitar um estrangulamento nos embarques da
próxima safra. E é bastante possível que as filas de caminhões que este
ano se viram nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) acabem se
transferindo parcialmente para lá.
“Portos
levam de três a quatro anos para serem construídos”, afirmou o gerente
executivo de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
Wagner Cardoso. No entanto, a obtenção de licenças ambientais e de
instalação costuma ser demorada. “A Odebrecht levou nove anos para
conseguir uma licença para Santos”, exemplificou. Além disso, na região
Norte o processo tende a ser complexo por envolver áreas de floresta e
populações indígenas.
A
CNI classifica de urgente a retomada dos investimentos em portos na
região, para evitar um colapso. Estudo elaborado pela entidade informa
que, na safra 2011/12, foram embarcados 10,8 milhões de toneladas por
esses portos. Essa é também a atual capacidade instalada deles.
Segundo
o estudo elaborado pela entidade, a saída de mercadorias pelos portos
chegará a 50 milhões de toneladas em 2020. Mas, bem antes disso, já em
2014, o volume de carga destinada ao Norte pode dobrar.
Logística.
Isso ocorrerá por causa da conclusão do asfaltamento da BR-163, que
liga o Centro-Oeste à região Norte, o que fará com que parte da produção
deixe de ser escoada por Santos e Paranaguá. A CNI estima que esse
volume seja da ordem de 10,5 milhões de toneladas.
A
rodovia, que na visão da CNI representa uma “quebra de paradigma” em
termos de escoamento da exportação, é aguardada há décadas. “Mas agora
ela já está toda contratada”, disse Cardoso, que esteve recentemente na
região. “Em dezembro, o asfalto já chega a Miritituba (PA)”. Trata-se de
um porto no rio Tapajós, no qual os grãos podem ser embarcados em
chatas e chegar aos portos do Pará. Gigantes do agronegócio estão
instaladas nessa área. Com o asfaltamento, a previsão é que se
intensifiquem os embarques a partir desse ponto.
Potencialmente,
a região Norte pode ser o canal de escoamento para toda a produção de
grãos que ocorre acima do paralelo 16 Sul, que na última safra chegou a
55,6 milhões de toneladas. A CNI estima que a consolidação de rotas para
o Norte representará queda de 30% a 40% no custo de transporte dos
grãos.
Além
de mais barata no percurso interno no continente, a rota proporciona
também economia de tempo para a chegada do produto à Europa e aos
Estados Unidos. A viagem de Santarém (PA) para o porto de Roterdã leva
12,8 dias, ante 15,1 dias a partir de Santos e 15,4 dias de Paranaguá.
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