No Dia Mundial sem Tabaco, o alerta é para o cuidado com crianças e adolescentes


Florianópolis,


A proibição total da publicidade, promoção e patrocínio do tabaco é o tema deste ano do Dia Mundial Sem Tabaco, lembrado em 31 de maio – próxima sexta-feira. O objetivo da campanha é alertar a população e chamar atenção da opinião pública a respeito da iniciação de crianças e adolescentes ao uso do tabaco.
A oncologista do Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon) Senen Hauff alerta que o importante é conscientizar a população da estratégia das empresas de tabaco, que criam atrativos como cigarros com sabores e pontos de venda em frente às escolas. “Não é justo focar nas crianças, consideradas o ‘mercado de amanhã’. Os pais cuidam, alimentam, vacinam, protegem, mandam pra escola e a criança cresce saudável. Aí chega a adolescência e, se aproveitando da fragilidade desta fase, a indústria de cigarros foca neste alvo fácil. Manipulados pela propaganda nos milhares de pontos de venda, os adolescentes podem cair na armadilha. E quando a dependência química se instala, fica mais difícil sair dessa”, alerta a médica.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (Pense), 23% dos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental de Florianópolis, na faixa etária de 13 a 15 anos, já experimentaram cigarro alguma vez na vida. A maioria desses jovens estuda em escolas públicas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs o tema para que, além de alertar para os riscos à saúde associados ao tabagismo, a sociedade se mobilize para adotar medidas efetivas de redução da produção e consumo de fumo. Segundo informações da OMS, a epidemia global do tabaco leva a óbito seis milhões de pessoas todos os anos. Destas, 600 mil são fumantes passivos, ou seja, pessoas que não fumam, mas respiram a fumaça de cigarro de fumantes.
Em Florianópolis, há três anos é proibido fumar em recintos coletivos fechados, privados ou públicos. No Brasil, a Lei de Ambiente Livre vigora desde 2011 e, conforme avalia o secretário de Estado da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira, representa um importante avanço na política nacional de controle do tabagismo. “Estas são formas legais encontradas pelo poder público de proteger a população contra os danos à saúde decorrentes da exposição à fumaça ambiental do tabaco”, acrescenta o secretário. O tabaco possui mais de 4,7 mil substâncias tóxicas.

Cepon no tratamento do Câncer
No Registro Hospitalar de Câncer do Cepon, 1,6 mil novos pacientes da Grande Florianópolis ingressam, todos os anos, para tratamento de câncer. Destes, 40% são pacientes que, devido ao uso de tabaco, desenvolveram câncer de pulmão, boca, língua, laringe, esôfago, estômago, bexiga, rim, fígado, leucemia mielóide, ovário, pâncreas e/ou colo de útero. Dos pacientes do Cepon que possuem câncer de boca, 90% foram ou são usuários de tabaco.
Santa Catarina tem as maiores taxas de câncer de pulmão do Brasil. “Mais de dois casos por semana são atendidos no Cepon. O câncer de pulmão é altamente fatal”, destaca a oncologista Senen.
De acordo com dados da Pesquisa de Base Populacional de Florianópolis, o câncer de pulmão nas mulheres é o terceiro com maior incidência, na frente do câncer de colo de útero. “A taxa do câncer de pulmão nas mulheres é 17 para cada 100 mil, e esse número vem crescendo. Os cigarros com sabores atraem as mulheres e ajudam a aumentar a estatística do câncer de pulmão nesse grupo”, lembra Senen, com base em informações do Setor de Epidemiologia do Câncer do Cepon, coordenado por ela. O serviço engloba o Registro Hospitalar de Câncer, que funciona desde 1996, e a Pesquisa de Base Populacional de Florianópolis, que também existe desde 2006.
O Setor de Epidemiologia do Câncer do Cepon faz o levantamento de dados sobre o paciente e investiga o tempo que a pessoa levou para procurar atendimento. O tipo de câncer do paciente, o grau do tumor quando chegou ao Cepon, se usou tabaco e álcool ao mesmo tempo, além do resultado do tratamento são outros dados pesquisados.

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