MOBILE PAYMENT: USUÁRIOS E VAREJO QUEREM MODELO PRÁTICO E SEGURO PARA O BRASIL
Por Marcos Cavagnoli
Os meios de pagamentos móveis ainda enfrentam
desafios no Brasil. Mesmo que timidamente, alguns modelos de Mobile
Payment (ou m-payment) devem compartilhar mercados com os cartões de
crédito, ainda em 2013. Enquanto isso não acontece, o varejo perde
oportunidades de vendas e os consumidores, a experiência de realizar
boas compras, de forma mais agradável, segura e ágil.
Dados da International Data Corporation (IDC) mostram
que pela primeira vez na história o segmento de smartphones representa
mais da metade (51,6%) do total de telefone celulares em circulação no
mundo, totalizando 216,2 milhões de handsets. Bancos e operadoras de
telefonia estão de olho nesses números e discutem as prováveis
tecnologias e os modelos viáveis para a implantação de um m-payment
padrão para o País. A discussão ainda vai longe...
No mês de maio deste ano, o Banco Central (BC) deu um
passo importante para a solução no impasse do setor privado sobre o
marco regulatório, em busca de regularizar os pagamentos por meio de
telefones celulares. A Medida Provisória 615, que define o conjunto de
regras e procedimentos para a transferência de dinheiro e pagamentos,
bem como sua aplicação a dispositivos móveis tem como meta dar acesso
direto aos usuários finais, pagadores e recebedores. A MP faz “arranjos
de pagamento”, e deve ser regulamenta até outubro deste ano.
Ainda há outro problema a ser administrado: o impasse
sobre o marco regulatório. Esse é um dos maiores conflitos encontrados
para regularizar a tecnologia nacionalmente, já que o governo ainda não
tem previsão para implantar o sistema. Enquanto a discussão não acaba,
usuários e varejo aguardam, com ansiedade, o momento de utilizar as
facilidades oferecidas pela experiência com o mobile payment.
Nos Estados Unidos, dois modelos de pagamentos estão
em uso por lá: o App – pagamento feito pela internet via aplicativo
instalado no telefone – e por meio de SMS. Com o envio de mensagem de
texto pelo celular é possível receber uma senha, que ao ser reenviada,
confirma-se o pagamento do produtos/serviços em poucos minutos. Mas
ainda falta agilidade e intuitividade nesses dois serviços.
Há outro modelo, já em experimento no mercado
brasileiro, que se baseia na tecnologia NFC (Near Field Communication).
No entanto, essa tecnologia exige que o usuário se desloque até o POS ou
vice-e-versa. A experiência deu certo no Japão e na Coréia do Sul, onde
a solução é usada em larga escala pelos comércios e usuários de
gagdets. O modelo permite que transações financeiras sejam realizadas
com um simples toque na tela do celular, por meio da combinação de
antenas com um chip NFC, instalado no smartphone. Esse sistema de
pagamento funciona aliado a um aplicativo como uma espécie de cartão de
crédito/débito ou pré-pago.
E quais são as vantagens que o m-payment oferece
tanto para quem vende e para quem compra produtos e serviços? Quem tem
estabelecimento comercial poderá se aproveitar de inúmeros benefícios
logísticos e financeiros. As facilidades oferecidas por este ecossistema
permitem ativar novos clientes que buscam praticidade e boas
experiências de compras. São pessoas que não querem (e não podem) perder
tempo, e que precisam de maior intuitividade e segurança na hora de
efetuar pagamentos remotos.
E possível simplificar a experiência dos usuários com
um modelo flexível, interoperável e exclusivo? No segundo semestre de
2013, chegará ao mercado brasileiro um sistema de m-payment capaz de
conectar os celulares de clientes aos computadores dos caixas na hora
dos pagamentos. Via aplicativo, as informações das despesas serão
transmitidas diretamente ao telefone móvel do cliente com o valor a ser
debitado. E com apenas um toque na tela dos smartphones paga-se a
contas, eliminando por completo as intermináveis filas que se formam,
geralmente, na hora de sair dos locais.
Esta solução traz uma série de vantagens para quem
vende e para quem compra. Comerciantes de bares e restaurantes, por
exemplo, vão aproveitar melhor o tempo dos funcionários, já que não
precisarão mais deslocar-se do caixa às mesas dos consumidores com as
tradicionais máquinas de cartões – economia de tempo, de locação dos
equipamentos e de papel. Ao apertar um botão o cliente paga a conta e
foto dele aparecerá no computador do caixa, informando o pagamento em
poucos segundos. Com isso, o estabelecimento poderá manter o CRM com
histórico de compras, oferecerá em cima disto vantagens ou compensações
on line, além de poder contar com a lealdade dos clientes.
Para os usuários, há mais vantagens ainda ao
realizarem a compra via telefone celular. Além de melhorar a qualidade
de vida – com a economia de tempo e redução de desgaste das relações com
quem fornece produtos e serviços – armazena informações das compras no
celular e traz consigo uma nova forma de qualificar e compartilhar nas
redes sociais as experiências de compra à sua rede de contatos.
Esta é uma boa oportunidade, inclusive, para
fornecedores de produtos e serviços receberem feedbacks espontâneos dos
usuários, adequando ainda mais seus produtos/serviços à venda.
* Marcos Cavagnoli é engenheiro, formado pela
Universidade de São Paulo, especializado em Engenharia Industrial pela
Ecole supérieure du Soudage et de ses Applications na França, com MBA em
Finanças pelo IBMEC-SP. Foi Vice-Presidente e diretor executivo de
multinacionais, como: Buscapé Company, JP Morgan Chase, Citibank,
Daimler Chrysler e Alstom. Atua na área de canais eletrônicos, cash
management, meios de pagamentos e fraudes.
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