Estaleiro da OSX no RJ pode gerar prejuízo bilionário
Um dos maiores elefantes brancos
das empresas de Eike Batista, o estaleiro da OSX em São João da Barra
(RJ) pode gerar ao grupo, sozinho, um prejuízo bilionário. A unidade da
OSX foi planejada para ser o "maior estaleiro das Américas", com
capacidade para integrar simultaneamente até 14 plataformas na primeira
etapa, e investimento estimado em R$ 4,8 bilhões. Mas, sem o petróleo da
coirmã OGX, as encomendas não vieram. E o estaleiro, de 2,5 milhões de
metros quadrados de área útil, cais já erguido e galpões de pé, ficou
ocioso.
A
OSX busca alternativas para viabilizá-lo. Inicialmente, a ideia era
vendê-lo, mas ninguém está disposto a pagar o valor previsto. "O
projeto, como foi planejado, é inviável. Não há encomenda que pague a
conta", diz uma fonte do setor naval.
Um
dos principais candidatos seria o estaleiro Keppel, que já atuou em
parceria com a OSX, tem encomendas bilionárias na carteira e um
estaleiro maduro. Jurong e Estaleiro Atlântico Sul (EAS), entre outros,
também chegaram a conversar sobre o assunto, mas já teriam desistido.
A
perspectiva para a venda, pioraram nas últimas semanas. A estimativa é
que a unidade não valha mais os bilhões aplicados pelo grupo de Eike,
mas algumas centenas de milhões. Possíveis interessados esperam a
situação se agravar para fechar a compra a preço de banana.
Para
contonar o problema, um plano B, já está em curso: redimensionar a OSX
para a nova realidade e mantê-lo no grupo. Ao invés de se tornar o maior
estaleiro das Américas, como pretendia Eike Batista originalmente, se
tornaria um estaleiro de médio porte, dedicado à construção de barcos de
apoio para as petroleiras.
Para
viabilizar a alternativa, porém, é preciso saldar as dívidas, em
especial as de curto prazo. O dinheiro viria da venda da OSX 2,
plataforma praticamente pronta que não tem serventia para o grupo. Seria
usada nos campos de Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia,
anunciados como inviáveis comercialmente pelo grupo.
A
OSX2 seria vendida por cerca de US$ 1 bilhão. Empresas especializadas
em locação de plataforma estão avaliando a aquisição. Segundo fontes
próximas à negociação, se a venda for fechada, a OSX conseguirá saldar
as dívidas e se viabilizar como uma operação menor, mas rentável.
Nesta
quinta-feira, 4, em comunicado ao mercado, a empresa negou os rumores
de que recorreria a uma terceira alternativa: a recuperação judicial.
"Trata-se de uma possibilidade legal disponível a qualquer
empreendedora. Por parte da OSX, a diretoria da companhia não tem a
intenção de utilizar-se de tal proteção legal", informou o comunicado.
Desvalorização.
Apenas no primeiro trimestre deste ano, a OSX investiu mais de meio
bilhão de reais no estaleiro, Nem todo o investimento programado, de
quase R$ 5 bilhões, foi despendido. Mas o ativo já se encontra
registrado no balanço referente até março por R$ 2,4 bilhões.
A
OSX recebeu aprovação de prioridade de financiamento pelo Fundo da
Marinha Mercante (FMM) de R$ 2,7 bilhões em junho de 2011, e depois uma
linha adicional de R$ 1,5 bilhão. Não se sabe a cifra exata de quanto
cada banco repassou, mas só a Caixa Econômica Federal financiou mais de
R$ 1 bilhão. Ao menos Caixa e BNDES também fizeram empréstimos de curto
prazo que vencem nos próximos meses.
A
Caixa, em 27 de abril de 2012, concedeu R$ 400 milhões num
empréstimo-ponte de 18 meses que vence no dia 19 de outubro. Em 28 de
dezembro de 2012, foram repassados pela Caixa R$ 627,4 milhões, com
carência de 36 meses e vencimento em junho de 2033, referente ao 1°
desembolso do FMM.
Em
28 de dezembro de 2011, a OSX também recebeu R$ 427,6 milhões num
empréstimo-ponte do BNDES com vencimento previsto para o próximo dia 15
de agosto.
A
construção do estaleiro começou há exatos três anos. Até o ano passado,
a previsão era de que a primeira fase iniciasse operações em março
passado. A carteira de pedidos contratados já foi composta de 16
unidades destinadas à produção de petróleo e gás. As encomendas externas
foram minguando e, na segunda-feira, veio o golpe fatal dentro do
próprio grupo. A OGX anunciou que, por falta de petróleo para explorar,
estava suspendendo a encomenda de cinco plataformas. As outras duas
plataformas já em construção para a OGX, a OSX-3 e a WHP-2, receberão
US$ 314 milhões da empresa de petróleo para sua conclusão.
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