Ceará registra a maior importação na década


Diário do Nordeste (CE) -

Impulsionadas pela construção de grandes empreendimentos, como a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), as importações cearenses somaram US$ 325,9 milhões em junho deste ano, maior volume anotado para o mês na última década. Na comparação com junho de 2012, as importações realizadas pelo Ceará cresceram 41,2%, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
 

"A construção da siderúrgica do Pecém é um investimento muito grande. Eles estão enterrando (no terreno que receberá o empreendimento) 35 mil estacas de concreto que estão vindo da Coreia do Sul", exemplifica o superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN), Eduardo Bezerra. "Em segundo lugar, estão as importações para empreendimentos na área de energia eólica. Também é preciso levar em consideração que o Ceará é o estado nordestino que mais trabalha chapas de aço, que nós fornecemos para os outros estados da Região. Nossa indústria metal-mecânica e elétrica é consumidora de aço", completa.
 

Além das importações voltadas para grandes empreendimentos e para a indústria local, o superintendente do CIN destaca ainda que a importação de trigo também pesa nos resultados da balança comercial cearense. "Existe a velha história do trigo, que nós ainda não conseguimos nos libertar da Argentina, por conta do Mercosul. Se não fosse isso, nós importaríamos trigo muito mais barato do Canadá", afirma Eduardo Bezerra.
 

Saldo negativo
 

Enquanto as importações foram recorde, as vendas do Ceará para o exterior somaram apenas US$ 82,5 milhões em junho de 2013, o que representa uma queda de 17,1% em relação às exportações realizadas em igual mês de 2012. Além disso, o volume foi o quarto menor em dez anos, ficando atrás apenas dos valores exportados nos meses de junho de 2005 (US$ 71,6 milhões), 2004 (US$ 74,4 milhões) e 2009 (US$ 82,3 milhões).
 
 
A diferença entre as importações e as exportações realizadas pelo Ceará no mês passado fizeram com que a balança comercial do Estado registrasse um déficit de US$ 243,3 milhões em junho deste ano. "Enquanto estiverem construindo a siderúrgica do Pecém, a balança comercial do Ceará jamais será positiva", analisa Eduardo Bezerra.
 

Perspectivas
 

Este cenário contudo, poderá ser modificado quando a CSP entrar em operação, o que está previsto para ocorrer a partir de 2015, com a primeira fase do empreendimento produzindo três milhões de toneladas de placas de aço. Já em 2017, deverá ser iniciada a segunda etapa do funcionamento da CSP, com a produção de chapas finas de aço.
 

Na avaliação do superintendente do CIN, a siderúrgica irá multiplicar as exportações do Ceará em quatro vezes, mas isso ocorrerá aos poucos. "Enquanto nós hoje exportamos cerca de US$ 1,2 bilhão por ano, com a siderúrgica, nós vamos exportar US$ 4 ou US$ 5 bilhões. Então, isso (as importações) não é um gasto, é um investimento", diz.
 

A CSP também influenciará a pauta de exportação do Ceará. "Hoje, nós continuamos exportando os mesmos produtos tradicionais de setores como couro, calçados, castanha de caju, fruticultura e têxtil, dentre outros. Isso só mudará quando a siderúrgica estiver pronta. E a refinaria Premium II também, que já começa a ter certa credibilidade", afirma Eduardo Bezerra.
 

Acumulado
 

De acordo com os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, nos seis primeiros meses deste ano, a balança comercial do Ceará acumula um saldo negativo de US$ 1,2 bilhão, resultado de US$ 1,7 bilhão importados entre janeiro e junho, contra US$ 542,2 milhões exportados no período.

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