Solicitantes de refúgio venezuelanos fortalecem mercado de trabalho brasileiro

por ONU Brasil
Este slideshow necessita de JavaScript.

A cidade de Boa Vista, capital de Roraima, era diferente do que o jovem Jefferson, de 18 anos, esperava depois de deixar o seu país de origem devido à falta de comida e de oportunidades de emprego.
Desde 2015, 3 milhões de pessoas deixaram a Venezuela. Até o momento, mais de 150 mil venezuelanos entraram no Brasil por Roraima, estado localizado no norte do país, e mais de 75 mil solicitaram refúgio.
De acordo com Jefferson, em Boa Vista, não havia empregos estáveis ​​e os abrigos estavam cheios. Dois meses depois, graças ao programa de interiorização voluntária liderado pelo governo federal, que opera com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e de outras agências das Nações Unidas, ele desembarcou em São Paulo.
Desde abril de 2018, o governo transferiu cerca de 3 mil venezuelanos das áreas fronteiriças do norte do Brasil para cidades que oferecem melhores oportunidades de integração, como Brasília e São Paulo.
Jefferson ouviu todos os tipos de histórias de como São Paulo é uma cidade “enorme e perigosa”. Para ele, assim como para muitos venezuelanos, no entanto, a cidade se relevou bastante acolhedora.
Jefferson está agora vivendo em melhores condições em abrigo temporário administrado pelo município de São Paulo, que recebe exclusivamente venezuelanos. Em menos de três meses, depois de aprender um pouco de português e frequentar um curso profissionalizante oferecido pelo município, Jefferson foi contratado pelo McDonald’s e agora pode enviar dinheiro para sua família na Venezuela.
Muito em breve, ele deixará o abrigo para uma residência de longo prazo. Ele é grato ao Brasil: “tudo o que os venezuelanos querem é uma oportunidade de trabalho, para demonstrar o seu potencial”.
O gerente de Jefferson no restaurante, Jorge Luis da Silva, teve uma experiência muito positiva em agregar venezuelanos à sua equipe. Ele decidiu contratar Jefferson e outros três venezuelanos porque eles trabalham bem, são dedicados e inspiram a equipe. “A dedicação deles motiva os outros trabalhadores. Eles são um exemplo”, afirma o gerente.
Iniciativas inovadoras criadas no Brasil pelo setor público — envolvendo governo federal, estados e municípios, em colaboração com empresas, ACNUR e parceiros locais — estão promovendo o acesso ao mercado de trabalho para refugiados e migrantes venezuelanos em diversos setores econômicos, como indústria, serviços, varejo, construção e agricultura.
Francis* está morando em São Paulo há dois meses, após ter sido realocada pelo programa do governo federal, e já está empregada. Ela faz assistência a um quiosque interativo chamado “Eu Sou Refugiado”, onde os visitantes da Bienal de Artes de São Paulo têm a oportunidade de conhecer mais sobre os refugiados que vivem no Brasil.
Os filhos de Francis — Jorge, de 10 anos, e Emily, de 2 — ficaram na Venezuela com seus avôs. Ela sonha com a possibilidade de trazê-los para São Paulo, para que seus pais possam envelhecer com dignidade e seus filhos possam desfrutar de uma educação de melhor qualidade.
“O refugiado é alguém que quer uma oportunidade para reconstruir sua vida. O Brasil é uma linda terra onde esperamos retribuir por tudo o que recebemos”, disse Francis.
A General Motors é uma empresa que valoriza a diversidade em seu ambiente de trabalho, e entende que contratar migrantes e refugiados é bom para os negócios.
“Notamos que a chegada dos refugiados e dos migrantes incentivou uma dinâmica diferente no departamento que eles trabalham”, disse Priscilla Barros, gerente de recursos humanos da GM. “As pessoas têm se ajudado mais e estão trabalhando com entusiasmo. Quando as pessoas trabalham em um ambiente no qual se sentem bem-vindas, elas trazem melhores resultados para a empresa”.
Angel* é um dos novos contratados da GM. Na Venezuela, ela trabalhava como chef. Desde agosto, ele atua como funileiro na linha de montagem de automóveis.
Agora que tem um trabalho estável, Angel espera trazer seus dois filhos para São Paulo. “Talvez um deles possa trabalhar na mesma empresa que eu”, disse. Seu filho mais velho, Daniel, de 21 anos, estudava engenharia elétrica na Venezuela, mas teve que sair por conta da falta de professores e do acesso a transporte.
Angel se mudou do abrigo público para um apartamento com outros três venezuelanos. Eles agora têm condições de pagar aluguel e esperam trazer suas famílias para o Brasil em breve.
Angel sente falta de seu país. Ele é grato pelo fato de outros países na região, como o Brasil, estarem abrigando venezuelanos. “O que está acontecendo lá, poderia acontecer em qualquer outro país”, afirma.
Por meio do programa de interiorização, Rolando e sua família – esposa e duas filhas – se estabeleceram na capital brasileira, Brasília, em julho de 2018. Na Venezuela, Rolando era técnico em operações portuárias. Quando chegou a Boa Vista, no norte do Brasil, trabalhou como pedreiro e lavador de carros.
As oportunidades de trabalho aumentaram quando ele chegou em Brasília. Ao participar do programa de emprego apoiado pelo ACNUR e seus parceiros locais, Rolando recebeu três ofertas de emprego e decidiu trabalhar na Cia da Terra, uma cadeia de pet shops local.
“Eu já considero o Brasil como minha segunda casa”, afirma. “É ótimo sentir que os brasileiros nos aceitam e ver que podemos contribuir para o futuro do país”.
A dona do pet shop, Priscilla Davis, se comoveu quando viu na televisão tantos venezuelanos chegando a Brasília.
“Sabemos que o Brasil está longe de ser perfeito, mas essas pessoas estão deixando suas casas, famílias e tudo para trás. Então, a situação do país deve realmente ser insustentável”, disse. “É claro que eles precisam de trabalho para reconstruírem suas vidas”.
A princípio, Priscilla planejou contratar duas pessoas de origem venezuelana como assistentes de serviços gerais na sua rede de pet shops. Ela ficou encantada com a proatividade, o comprometimento e a felicidade que todos demonstraram durante as entrevistas de emprego. No final do processo seletivo, ela acabou contratando três venezuelanos.
“Somos uma equipe”, acrescenta Priscilla. “Quando uma nova pessoa chega cheia de força vontade, expressando alegria por estar aqui, em um país diferente, afeta todos na empresa, acaba motivando a todos. Eu estou sem dúvidas saindo daqui muito mais motivada do que quando cheguei”.
Para Rolando, sua maior motivação são seus filhos: “eu já fiz o que eu tinha que fazer. Estudei e conquistei muitas coisas boas na Venezuela. Agora, meus sonhos são os sonhos das minhas crianças”.
*Os nomes foram trocados por razões de segurança.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Boletim Sesacre desta quarta, 29, sobre o coronavírus

Gestão de Gladson Cameli encerra 2021 com grandes avanços na Educação, Saúde, Segurança e Infraestrutura

Delegacia de Proteção à Pessoa Idosa da Polícia Civil do Pará intensifica ações e aproxima a população de seus serviços