Iréne Theorin canta no Festival das Artes


“O cachet da soprano era de todo incomportável para a nossa organização, mas explicando-lhe a inspiração do festival, que vai na sua terceira edição, os amores de D. Pedro e D. Inês, e o espaço histórico da Quinta das lágrimas [onde Inês de Castro foi morta a mando de D. Afonso IV] a cantora lírica baixou o preço em troca de uma semana na quinta”, contou fonte do festival.
A actuação em Coimbra marca a estreia da cantora em lírica em Portugal.
O Festival deste ano, orçado em 300.000 euros, inclui a estreia mundial da peça “Lágrimas Silenciosas”, com música do João Madureira e texto de José Luís Peixoto, pelo grupo Sete Lágrimas, uma composição inédita de Bernardo Sassetti, uma co-produção com o Festival de Teatro de Almada e a criação do Serviço Educativo que promoverá 12 actividades, disse a programadora do Festival, Margarida Mendes Silva.
O concerto dos Sete Lágrimas é o único que não se realiza na Colina Camões, na Quinta das Lágrimas, onde têm lugar todos os concertos e também a exibição do filme mudo “La passion de Jeanne d’Arc” (1928), de Carl Theodor Dreyer, que será acompanhado por música ao vivo propositadamente composta por Bernardo Sassetti.
Referindo-se ao Serviço Educativo, Margarida Mendes Silva afirmou: “É uma realidade muito comum aos festivais, muito valorizada e apreciada em qualquer programação”.
“O Serviço Educativo do Festival irá promover desde visitas guiadas a exposições, uma master class de oboé, um workshop orientado pelo ‘chef’ Albano Lourenço, entre outras atividades”, disse.

Outra das novidades deste ano é a inclusão da moda com a apresentação de três modelos da mais recente colecção da estilista Maria Gambina que se inspirou no caso amoroso de Pedro e Inês. No Mosteiro de Santa Clara-a-Velha estarão expostos três modelos e um vídeo com imagens da apresentação da colecção.

O Festival divide-se em seis ciclos: Cinema, Artes Plásticas, Artes de Palco, Música, Conferências e Gastronomia, promovendo este ano 30 iniciativas, entre elas, pela primeira vez, uma coprodução e uma parceria com a Fundação Millenium/BCP.

A co-produção é com o Festival de Almada, que “pela primeira vez se estende a Coimbra”, com a apresentação da peça “Do Amor”, do sueco Lars Norén, encenada pela sua compatriota Solveig Nordlund, que subirá ao Teatro da Cerca de S. Bernardo.

Margarida Mendes Silva qualificou de “inédita” a parceria com a Fundação Millenium/BCP, no âmbito do projeto “Arte Partilhada”, que permitirá que 32 artistas plásticos portugueses mostrem as suas obras em Coimbra.

“O desafio que fizemos foi encontrar na coleção da fundação obras que fossem ao encontro do tema deste ano do festival", disse Mendes Silva. A exposição intitula-se “A pulsão do amor” e estará patente no edifício Chiado, na baixa coimbrã.

Ainda na área das artes plásticas, no jardim da Quinta das Lágrimas estará uma instalação de Pedro Medeiros, “Sleeping Beauty”, e outra no interior do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, “My Broken Heart”, de Ana Guedes.

A responsável salientou que a programação e cada uma das propostas artísticas implica “envolvimento do próprio festival, na medida em que se debate com os criadores de forma a ir ao encontro do tema escolhido para o Festival”.

O tema “Paixões”, deste ano, sucede a “Noite”, de 2009, e a “Água”, no ano passado.

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