Falta de tecnologia impede que Brasil explore terras raras, afirma especialista
Iara Farias Borges
Tadeu Carneiro explicou que esses elementos não são nem terras, nem raras, pois são encontrados em abundância em vários locais, associados a outros minerais. No entanto, a falta de conhecimento tecnológico impede que sejam explorados e com mais valor agregado, ressaltou o representante da CBMM.
- Não basta descobrir o recurso; tem de resolver desafios de estrutura e de investimento em tecnologia para que o recurso vire uma realidade - ressaltou.
O senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) defendeu parcerias do setor público com o privado para possibilitar o domínio científico e tecnológico no setor. Ele considerou “equivocada” a decisão do país de não prosseguir, nos anos 90, com o desenvolvimento conquistado.
A subcomissão foi criada, explicou o senador Luiz Henrique, para elaborar projeto de lei que crie o Marco Regulatório da Mineração e da Exploração de Terras Raras no Brasil que permita ao setor privado investir de forma ágil e com segurança jurídica e multiplicar os efeitos das pesquisas na área.
Os projetos para o desenvolvimento da área, ressaltou Tadeu Carneiro, são de longo prazo. Ele relatou o sucesso da exploração e processamento de Nióbio, muito usado na fabricação de aço, iniciado há 50 anos, em Araxá, sem que houvesse conhecimento tecnológico e de mercado. Atualmente, informou, o projeto conta com parceiros e clientes no mundo inteiro e responde por mais de 80% da produção mundial de nióbio.
Ele ainda informou que o município conta hoje com 50% mais vegetação do que quando o projeto teve início; 95% da água utilizada no processo de extração é reciclada, indice que chegará a 97% em dois anos; e a qualidade do ar melhorou cinco vezes mais que o índice legal exigido.
Além disso, disse, a comunidade é incluída no projeto, e conta com programas habitacionais, fornecimento de equipamentos para a criação de escola técnica para o Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e subsidio para a educação dos filhos dos trabalhadores, desde o nascimento até a universidade. A comunidade ainda é beneficiada, ressaltou, com programas de atendimento médico e odontológico, bem como com programa de aposentadoria. Ele disse acreditar que esse modelo pode ser aplicado à exploração das terras raras.
A China é o país que mais produz e consome insumos provenientes das terras raras, informou o chefe-executivo da MBAC Fertilizantes, Antenor Silva. Já o Japão possui a tecnologia mais avançada no que diz respeito à exploração desses elementos, mas não a exporta. Ele observou que, cada vez mais, as tecnologias limpas vão fazer uso das terras raras e citou, como exemplo, o emprego desses elementos na indústria de computadores, televisões, lâmpadas e ar condicionado, entre outras aplicações.
O líder do Grupo de Pesquisa de Recursos Minerais do governo do Japão, Tetsuichi Takagi, também destacou a relevância da China no setor das terras raras. Ele informou que aquele país possui metade das terras raras do mundo e que é responsável por 90% da produção mundial. Até os anos de 1990, observou, os líderes mundiais eram os Estados Unidos e a Índia.
A demanda de terras raras em todo o mundo, destacou Takagi, vem aumentando desde 2007, e o governo Japonês também vem aumentando os investimentos no setor. Em 2010, foram US$ 120 milhões para desenvolvimento de materiais, e US$ 460 milhões para diversificar a fonte de fornecimento desses elementos.
Takagi ressaltou a importância das terras raras no fornecimento de energia elétrica. O Japão, informou, tem enfrentado problemas com o fornecimento de energia elétrica e, atualmente, 50% da demanda provém de motores elétricos que utilizam as terras raras.
Atualmente, não existe nenhuma solicitação de licenciamento relativo à exploração de terras raras, nem processos de licenciamento em análise, informou o coordenador-geral de Transporte, Mineração e Obras Civis do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Jorge Luiz Brito Cunha Reis. A regulação da atividade, observou, é feita por meio de regulamento administrativo, e a iniciativa para o licenciamento é do interessado em sua exploração.
Agência Senado
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