Periodontite modifica LDL e aumenta risco cardíaco
Entrevista com Antônio Martins Figueiredo Neto, do Instituto de Física da USP
Você já pôde ler em diversas reportagens publicadas neste site sobre o maior risco que o diabetes apresenta para a ocorrência de doenças como gengivite e periodontite e, também, sobre os efeitos danosos que essas doenças da boca provocam sobre o controle da glicemia. Em recente estudo multidisciplinar conduzido na Universidade de São Paulo (USP), os riscos da periodontite foram relembrados.
O estudo concluiu que a periodontite, que se caracteriza pela inflamação dos tecidos de sustentação dos dentes, provoca alterações na partícula de LDL, o colesterol ruim, e aumenta o risco de aterosclerose. Segundo o professor Antônio Martins Figueiredo Neto, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e integrante da equipe de pesquisadores, essas alterações acontecem mesmo quando a LDL está quantitativamente em níveis adequados.
Os exames de laboratório tradicionais medem apenas a quantidade total de LDL no sangue e não denunciam as modificações percebidas pela pesquisa da USP, explica Figueiredo Neto. A boa notícia é que, quando tratada a periodontite, as alterações na partícula de LDL diminuem.
No total, 40 pacientes com periodontite crônica foram tratados e acompanhados durante 12 meses pelas cirurgiãs dentistas Andrea Monteiro e Maria Aparecida Jardini. Os pesquisadores aplicaram a técnica de Varredura-Z - desenvolvida pelo Instituto de Física da USP para estudos de cristais líquidos e que não está disponível em laboratório - para medir a LDL modificada e verificaram que a quantidade de partículas modificadas de LDL foi reduzida substancialmente após o tratamento da periodontite.