Fundo de pensão pode 'enriquecer' patrocinador, dizem representantes de aposentados
Da Redação
                    
                    
                    
                        
                        
                     
                     
                
              
                          
        
O representante da Federação das Associações dos 
Aposentados e Pensionistas do Banco do Brasil, Ruy Brito, disse nesta 
quinta-feira (30) no Senado que a legislação previdenciária dá o direito
 ao patrocinador de participar das reservas apuradas pelos fundos de 
pensão, na proporção de suas arrecadações. Em sua opinião, a medida 
promove o “enriquecimento ilícito do patrocinador”.
Os fundos são opções de investimento para 
proporcionar uma aposentadoria complementar, como forma de aumentar os 
recursos recebidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 
Atualmente há cerca de 256 entidades fechadas com a opção de 1.030 
planos, a maioria patrocinados por empresas privadas.
Brito participou de audiência sobre entidades de 
previdência privada na Comissão de Direitos Humanos e Legislação 
Participativa (CDH, presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS). De acordo
 com o dirigtente, há lacunas na resolução do Conselho de Gestão de 
Previdência Complementar que dispõe sobre as condições e procedimentos 
das entidades fechadas de previdência complementar (CGPC nº 26).
Por outro lado, a legislação da Associação Nacional 
dos Participantes de Fundos de Pensão (Anapar) não oferece segurança 
jurídica aos pensionistas.
De acordo com a presidente da Associação Nacional 
dos Participantes de Fundo de Pensão, Claudia Ricaldoni, a previdência 
complementar surgiu para fomentar a poupança previdenciária. O conceito,
 no entanto, observou, deturpou-se e transformou-se um “ataque ao 
conceito previdenciário”. Conforme informou, o sistema padece de 
instabilidade institucional, perdeu o seu objetivo inicial de assegurar a
 vida do pensionista e passou a ter uma visão unicamente financeira.
- Não tem um fundo que não tenha sido mexido em seu 
contrato original. Eu compro um plano hoje e não sei o que vou receber 
no futuro – afirmou Claudia Ricaldoni.
Ela criticou as Leis Complementares nº 108 e 109 de 
2001, e também a Resolução CGVC 26. Conforme disse, a legislação 
possibilita que o patrocinador faça mudanças nos contratos vigentes, 
dando, segundo ela, insegurança jurídica ao pensionista.
Disse ainda que a lei dá o direito à retirada de 
patrocínio, concedendo ao contribuinte a opção de receber sua reserva, 
ou aderir aos planos abertos, adesão que tem valor mais elevado do que a
 destinada a um fundo de pensão, pois é paga somente pelo participante.
Sugestões
Ruy Brito defendeu a apresentação de um projeto de 
lei que mude a legislação atual, alterando o modelo de gestão utilizada 
nos planos e adotando um sistema de gestão participativa com segregação 
de funções, em que uma parte administre e outra fiscalize.
Claudia Ricaldoni defendeu a mudança no modelo 
adotado pelas instituições financeiras, para que não vise só o lucro e 
volte a ser “previdenciário”, tendo por objetivo a seguridade social do 
pensionista.
- Estamos tentando aprovar uma resolução que proteja
 o participante. Os representantes da fazenda e patrocinadores devem 
respeitar o cliente. Estamos trabalhando com a vida, saúde e segurança 
das pessoas. O dinheiro é o meio, não o fim – afirmou a dirigente.
O desembargador aposentado Sérgio D’andréa sugeriu a
 criação de uma justiça previdenciária, semelhante à justiça eleitoral, 
militar e do trabalho. Para ele, o Congresso precisa impor mais rigidez 
às instituições de previdência complementar.
Agência Senado
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