Senadores destacam atuação do Congresso no combate ao tráfico de pessoas
Marilia Coêlho
Senadores 
parabenizaram nesta terça-feira (15), em sessão especial, a Conferência 
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pela Campanha da Fraternidade de 
2014, que aborda o tema do tráfico de pessoas. Segundo Paulo Davim 
(PV-RN), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Lídice da Mata (PSB-BA), o 
Congresso Nacional tem feito a sua parte para combater esse crime que 
fere a dignidade da pessoa humana.
Os senadores se referiram, sobretudo, a
 duas iniciativas: a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que 
investigou o tráfico de pessoas entre abril e dezembro de 2012; e um dos
 seus resultados, o Projeto de Lei do Senado (PLS) 479/2012,
 aprovado em março pelo Plenário e encaminhado à Câmara dos Deputados. 
Um dos objetivos do projeto é corrigir falha da legislação atual, que 
vincula o tráfico de pessoas exclusivamente à exploração sexual, 
deixando de lado os casos ligados à remoção de órgãos ou ao trabalho 
escravo.
Segundo o senador Paulo Davim, autor do
 requerimento da sessão especial, estimativas da Organização das Nações 
Unidas (ONU) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostram 
que o tráfico de pessoas é o segundo ramo criminoso mais rentável do 
mundo, gerando US$ 32 bilhões por ano. No Brasil, ressaltou o senador, o
 problema se faz notar, por exemplo, na imigração clandestina de 
bolivianos e peruanos para atender as indústrias têxteis de São Paulo e 
no tráfico de crianças. Para Davim, a CPI ajudou a desvendar casos, a 
impulsionar investigações e a observar o despreparo das polícias para 
lidar com esse tipo de crime.
– O tráfico de seres humanos é uma 
afronta à dignidade humana e deve ser combatido tenazmente pelas 
autoridades e por todos os homens e mulheres de boa vontade em todo o 
planeta e a qualquer tempo – falou Davim.
Boa supresa
A senadora Lídice da Mata, que foi 
relatora da CPI do Tráfico de Pessoas, disse que ficou positivamente 
surpresa com a escolha do tema pela CNBB. Ela relatou o caso de uma 
baiana que teve as filhas traficadas por uma senhora de Portugal e 
lamentou o fato de o crime ser subnotificado no Brasil.
– A primeira conquista da Campanha da 
Fraternidade, a CNBB já realizou no Senado Federal – disse a senadora, 
referindo-se à aprovação do PLS 479/2012 na Casa.
O senador Rodrigo Rollemberg  disse que
 todos os cidadãos devem responder ao chamamento da Campanha da 
Fraternidade. Ele usou uma mensagem do papa Francisco na ocasião do 
lançamento da campanha, em 5 de março.
– “A dignidade humana é igual em todo o
 ser humano. Quando piso a do outro, estou pisando a minha” – disse o 
senador, citando o papa.
Já o senador Pedro Simon (PMDB-RS) 
refletiu sobre a falta de fraternidade na sociedade e, especialmente, na
 política. Segundo o senador, a falta de fraternidade leva à corrupção 
na política.
– O degrau superior da falta de 
fraternidade é a corrupção. Na política, o tempo tem sido constante de 
quaresma, sem liturgias e louvor à fraternidade – lamentou.
Novas relações
O secretário-geral da CNBB e bispo 
auxiliar de Brasília, Dom Frei Leonardo Steiner, disse que as leis são 
necessárias, mas o mais importante é criar novas relações.
– O mais importante é vermos se 
conseguimos criar novas relações, em que a pessoa humana não é explorada
 e permanece na sua dignidade e sua liberdade – refletiu.
Dom Leonardo disse ainda que a campanha
 pretende despertar as famílias para a reinserção das pessoas que 
conseguem se libertar da situação de tráfico, pois muitos familiares não
 as aceitam de volta. O bispo fez ainda um pedido aos senadores para que
 não diminuam a maioridade penal.
– Os menores são os nossos filhos. As 
menores são as nossas filhas que nós geramos na sociedade brasileira e 
agora desejamos prendê-las. Não entendemos a educação que demos ou que 
estamos dando. Que tipo de cidadão brasileiro estamos gerando? – 
afirmou.
Também participaram da sessão o senador
 Mário Couto e o secretário-executivo da Campanha da Fraternidade, padre
 Luiz Carlos Dias.
Agência Senado
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