Senadores assinam manifesto contra a PEC 215
Um grupo de 48 senadores de vários partidos políticos assinou um manifesto contra a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 215/2000, num esforço de unificar o posicionamento contrário ao projeto, em tramitação na Câmara dos Deputados. O objetivo é fazer com que a PEC perca força no Congresso Nacional. A medida pretende transferir do governo federal para o Legislativo a prerrogativa de oficializar e demarcar terras indígenas.
O manifesto “Em apoio à sociedade civil e contra a PEC 2015” foi lançado na última terça-feira, 26 de maio, no Senado e contou de imediato com a adesão de 42 parlamentares da Casa. Passados dois dias após seu lançamento, a iniciativa recebeu o apoio de outros senadores. Entre esses apoiadores, estão aqueles ligados à oposição e da bancada governista.
A iniciativa de elaborar o documento e recolher as assinaturas no Senado foi do senador João Capiberibe (PSB-AP) e contou prontamente com o apoio das entidades e da sociedade civil. Dentro dessa lista, estão a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), o ISA (Instituto Socioambiental), o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e o WWF-Brasil.
O lançamento do manifesto no Senado engrossa a mobilização das entidades contra a proposta já em andamento na Câmara. No dia 19 de maio, diversas organizações, movimentos sociais e deputados também unificaram o discurso de combate à PEC 215, em plenária realizada na Câmara dos Deputados pelas entidades e as três frentes parlamentares que atuam fortemente contra a proposta e em defesa dos índios na Casa: a de Apoio aos Povos Indígenas, em Defesa dos Direitos Humanos e a Ambientalista.
A mobilização contra a PEC 215 foi intensificada porque o assunto entrou novamente em discussão na Câmara com a formação de uma nova comissão sobre a proposta, articulada pela bancada ruralista. Isso aconteceu em março deste ano. O projeto havia sido arquivado em dezembro de 2014 com o final da legislatura passada.
Histórico da PEC 215
A PEC foi apresentada pelo ex-deputado Almir Sá em março de 2000 e incluía entre as atribuições exclusivas do Congresso Nacional a aprovação da demarcação das terras indígenas. A palavra final do Legislativo seria dada por meio de decreto.
A PEC foi apresentada pelo ex-deputado Almir Sá em março de 2000 e incluía entre as atribuições exclusivas do Congresso Nacional a aprovação da demarcação das terras indígenas. A palavra final do Legislativo seria dada por meio de decreto.
Na legislatura passada, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) apresentou relatório favorável à aprovação da medida, mas sugeriu algumas mudanças ao texto original. Entre elas, a previsão de que a demarcação seja feita por projeto de lei de iniciativa do presidente da República e não por decreto, como ocorre hoje.
O texto de Serraglio também prevê o direito de indenização dos proprietários de terras demarcadas pelo descumprimento do prazo constitucional para início da demarcação, fixado em cinco anos a partir de 1988.
No fim do ano passado, o embate entre ruralistas e indígenas ganharam repercussão. Na manhã de 16 de dezembro, um grupo de índios foi reprimido numa das entradas da Câmara quando se manifestavam contra a PEC. Houve confusão e a polícia usou spray de pimenta. Seis indígenas foram detidos na ocasião.
Em 17 de dezembro, a comissão que analisava a PEC cancelou a votação do projeto após mais de nove horas de suspensão da sessão em razão da falta de energia em parte da Câmara e do esforço dos parlamentares contrários a essa medida de obstruir a sua apreciação. O fato foi considerado uma vitória, porém, temporária porque a proposta voltou a fazer parte das discussões dos parlamentares.
Com esse retorno, uma nova comissão foi formada e nomeou mais uma vez Serraglio para ser o relator. Na prática, a medida garante a reapresentação de seu relatório como forma de agilizar a votação da matéria na Casa.
Com informações do ISA e do jornal Folha de São Paulo
Confira os senadores que assinaram seu apoio ao manifesto:
- João Capiberibe (PSB-AP)
- Roberto Rocha (PSB-MA)
- Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)
- Lindberg Farias (PT-RJ)
- Antônio Carlos Valadares (PSB-SE)
- Elmano Férrer (PTB-PI)
- Lídice da Mata (PSB-BA)
- Renan Calheiros (PMDB-AL)
- Marta Suplicy (sem partido-SP)
- Delcídio Amaral (PT-MS)
- Álvaro Dias (PSDB-PR)
- Omar Aziz (PSD-AM)
- Paulo Rocha (PT-PA)
- Fernando Bezerra (PSB-PE)
- Walter Pinheiro (PT-BA)
- Jader Barbalho (PMDB-PA)
- Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
- Garibaldi Alves (PMDB-RN)
- Eunício Oliveira (PMDB-CE)
- Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)
- José Pimentel (PT-CE)
- Paulo Paim (PT-RS)
- Regina Souza (PT-PI)
- Romário (PSB-RJ)
- Romero Jucá (PMDB-RR)
- Gleisi Hoffmann (PT-PR)
- Lúcia Vânia (PSDB-GO)
- Telmário Mota (PDT-RR)
- Lasier Martins (PDT-RS)
- Cristovam Buarque (PDT-DF)
- Donizeti Nogueira (PT-TO)
- Humberto Costa (PT-PE)
- Reguffe (PDT-DF)
- Sérgio Petecão (PSD-AC)
- Ângela Portela (PT-RR)
- Hélio José (PSD-DF)
- Fernando Collor de Mello (PTB-AL)
- Rose de Freitas (PMDB-ES)
- Jorge Viana (PT-AC)
- Sandra Braga (PMDB-AM)
- Roberto Requião (PMDB-PR)
- Aécio Neves (PSDB-MG)
- Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
- José Serra (PSDB-SP)
- Ataídes Oliveira (PSDB-TO)
- Tasso Jereissati (PSDB-CE)
- Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP)
- Dalírio Beber (PSDB-SC)
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