Agronegócio avançou, mas reforma agrária ainda está longe de solução, aponta estudo
Da Redação
Os benefícios da regulação da política 
agrícola no Brasil pós-Constituição de 1988 e os resultados das 
políticas de reforma agrária no Brasil são debatidos em estudo
 publicado pelo consultor do Senado Fernando Lagares Távora. Segundo 
ele, enquanto a legislação agrícola trouxe a modernização ao setor e 
elevou o nível de empregos, desenvolvendo o agronegócio, as decisões 
políticas relacionadas à reforma agrária, por serem de natureza 
complexa, não produziram resultados na mesma ordem. O efeito, afirma o 
consultor, é a instabilidade política e social em algumas regiões, 
precariedade no ordenamento jurídico e diminuição do grau de confiança 
de investidores. A conclusão faz parte do estudo “A política agrícola e a
 questão agrária pós-Constituição Federal de 1988: Sucessos, fracassos e
 digressões”.
De acordo com Fernando Lagares Távora, somente em 2011 
foram registradas 200 invasões de propriedades, sendo que, de 1996 a 
2011, foram registrados mais de 4.600 invasões. O problema, conforme o 
autor, ainda não encontra solução no âmbito das políticas públicas 
brasileiras.
— O Brasil é um dos poucos países com produção agrícola 
de alto nível a ainda vivenciar disputa por terras nesse nível. A 
situação mostra-se igualmente triste quando se percebe que, desde 1995, 
já foram assentadas mais de 600 mil famílias, criados cerca de 5 mil 
projetos de assentamentos e que, ainda assim, é registrado um número 
grande de mortes no campo relacionadas à disputa por terras — avalia o 
consultor.
O documento Conflito no Campo Brasil 2012, da Comissão 
Pastoral da Terra (CPT), mostra que 34 pessoas morreram em face de 
conflitos por terra naquele ano. Dados da Ouvidoria Agrária Nacional 
indicam 12 mortes decorrentes de conflitos agrários. Para Fernando 
Lagares Távora, ambos os números são altos, especialmente quando se 
considera que mais de R$ 50 bilhões foram investidos na agricultura 
familiar desde 1999 e que os assentamentos ainda padecem de problemas 
como falta de infraestrutura, financiamento efetivo para produção, apoio
 à comercialização, logística para a produção e assistência técnica.
O estudo mostra também que a utilização de fertilizantes
 e defensivos agrícolas e a necessidade de pesquisas e desenvolvimento 
tecnológicos para aperfeiçoamento da cadeia produtiva são questões do 
setor agropecuário e agrário que precisam ser solucionadas pela 
comunidade política. A preocupação de Fernando Lagares Távora é com a 
expectativa de que a produção agrícola brasileira seja uma das fontes 
para alimentação futura de todo o planeta.
— Já em 2020, o país deve ser o mais importante 
produtor, considerando os Brics [Brasil, Rússia, Índia, China e África 
do Sul], Europa e Estados Unidos da América. No entanto, o país é um 
grande importador de fertilizantes e não consegue dar celeridade ao 
processo de permissão de novos agrotóxicos, que levam até décadas — 
afirma.
Agência Senado
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