02 de outubro, Dia Internacional da Não Violência

A data foi criada pela Organização das Nações Unidas em homenagem a Mahatma Gandhi, nascido neste dia no ano de 1869, na Índia. Mahatma Gandhi foi um dos maiores líderes pacifistas da história, levando multidões a conhecer e a praticar o significado da não-violência, na sua luta pela independência da Índia. Certa vez o líder indiano comentou: “Posso até estar disposto a morrer por uma causa, mais nunca a matar por ela!” Quando, em certos momentos, a violência começou a se manifestar entre os indianos, Gandhi praticou o jejum, por duas vezes, colocando em risco a sua própria vida, com o objetivo de sensibilizar seus seguidores a não fazer uso da violência.

O termo ‘não-violência’ em sânscrito - ‘ahimsa’ - tem o significado profundo de não dano, não prejuízo. Daí surge a idéia central deste conceito que nos inspira a ser pacífico, o que é bastante diferente de ser passivo. É agir de forma coerente e firme, norteados pelos nossos ideais, sem aceitar qualquer forma de violência.

Trabalhar pela Cultura da Não-Violência nas escolas é fundamental para que crianças e adolescentes possam aprender a valorizar princípios como o respeito, a tolerância, o diálogo e a solidariedade. A Cultura da Paz se faz nas pequenas ações do cotidiano: no nosso jeito de nos comunicar com os outros, na nossa forma de lidar com conflitos e sentimentos como frustração e raiva, na nossa capacidade de reconhecer e valorizar as diferenças e de sermos tolerantes.

Afinal, a escola não está isolada da sociedade e todas as questões relacionadas à violência valem para a escola também. A violência na escola não pode ser avaliada por casos isolados de alunos e profissionais com problemas mais sérios de comportamento. Pesquisas sobre violência nas escolas têm mostrado que a grande maioria dos alunos e profissionais não são habitualmente violentos e nem tampouco convivem em um ambiente desestruturado ou violento. No entanto, muitas vezes acabam manifestando algumas atitudes violentas na escola. Pode-se apontar como possíveis causas alguns aspectos relacionados ao fenômeno mais freqüentes, como educadores não capacitados para lidar com o fenômeno, problemas de gestão e de liderança escolar, ação policialesca com os alunos, falta de propostas que estimulem o protagonismo juvenil, etc.

É preciso calma para se buscar a paz e a justiça. Há que se cuidar com o pânico gerado em situações extremas para que medidas tomadas não sejam imediatistas e pautadas no medo e insegurança. Quando acuados, movidos pelo medo, podemos não atentar para aspectos cruciais.

A ONG ‘Não-Violência’ acredita e investe em prevenção e, por isso, escolheu como seu local de atuação as escolas: instituições cujo foco é a educação e que reúnem no mesmo espaço e voltados para os mesmos objetivos, crianças, adolescentes, suas mães/pais e educadores.

A escola é também ambiente onde inúmeras relações humanas se constituem e, como em qualquer ambiente social, essas relações experienciam os mais diversos sentidos. E é um dos ambientes mais propícios para que se dê o aprendizado de valores que norteiam uma sociedade pacífica como o respeito, a ética, a justiça. Mas como se constrói esta sociedade pacífica? Como se dá o aprendizado destes valores?

Buscando-se referências, exemplos, modelos. Esta é uma das principais formas de aprendermos a conviver em sociedade. As crianças e jovens estão sempre se espelhando nos adultos a sua volta. Responsáveis pela educação por meio de ensinamentos e, principalmente, de atitudes é, para nós, pais, mães, educadores, policiais, políticos, autoridades, que devemos direcionar o nosso olhar. Estamos sendo referência a estes jovens de exemplos éticos, primamos pelo diálogo, buscamos a justiça e trabalhamos em prol do bem comum ou valorizamos nossos próprios interesses, priorizando o prazer imediato e bem estar individual? Estamos sendo pacíficos em nosso cotidiano, com aqueles com quem nos relacionamos, ou muitas vezes agimos de forma violenta por meio da omissão, humilhação, discriminação, palavras duras, ou até mesmo a rejeição?

A experiência que tenho tido ao longo de 10 anos com as mais diversas escolas de Curitiba e região metropolitana, acompanhando as pesquisas produzidas no Brasil e no mundo na área da violência escolar, aponta para o caminho de que há muito o que se pode fazer na construção da paz por intermédio das escolas. Entendendo que a não-violência não exclui o conflito das relações humanas; que o conflito, enquanto divergência é norteador de uma cultura heterônoma e faz parte de um ambiente pacífico; que a paz não é ausência de atitude, e sim, exige ações efetivas e contundentes; que crianças, adolescentes, jovens e porque não, também nós os adultos, estamos ávidos por referências pacíficas que nos norteiem num processo educativo que nos indique como viver neste mundo tão desafiador, concluo que é urgente e necessário que cada um de nós se perceba agentes na construção desta Cultura da Paz.

Façamos desta causa e ideal nossa referência para sermos em nossas pequenas ações pessoas mais pacíficas. Lembrando que ser pacífico não é ser passivo, é agir de forma coerente e firme, norteados pelos nossos ideais, sem aceitar qualquer forma de violência.

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