Três a cada cinco bebês não são amamentados na primeira hora de vida

O aleitamento materno na primeira hora após o parto é crítico para salvar a vida dos recém-nascidos
Nova Iorque/Genebra, 31 de julho de 2018 – Estima-se que 78 milhões de bebês – ou três de cada cinco – não são amamentados na primeira hora de vida, colocando-os em maior risco de morte e doenças e reduzindo a chance de continuarem a receber o leite materno depois, diz o UNICEF e a OMS em um novo relatório ( disponível somente em inglês). A maioria desses bebês nasceu em países de baixa e média renda.
O relatório observa que os recém-nascidos que recebem o leite materno na primeira hora de vida têm significativamente mais chances de sobreviver. Mesmo um atraso de algumas horas após o nascimento pode representar consequências com risco de vida. O contato pele a pele entre mãe e bebê e a amamentação estimulam a produção do leite materno, inclusive o colostro, também chamado de "primeira vacina" do recém-nascido, que é extremamente rico em nutrientes e anticorpos.
"Quando se trata do início da amamentação, o tempo é tudo. Em muitos países, pode até ser uma questão de vida ou morte", diz Henrietta H. Fore, diretora executiva do UNICEF. "No entanto, todos os anos, milhões de recém-nascidos perdem os benefícios da amamentação precoce e as razões – com demasiada frequência – são coisas que podemos mudar. As mães simplesmente não recebem apoio suficiente para amamentar no intervalo daqueles minutos cruciais após o nascimento, mesmo por parte do pessoal médico das unidades de saúde".
As taxas de amamentação na primeira hora após o nascimento são mais altas na África Oriental e Meridional (65%) e mais baixas no Leste da Ásia e no Pacífico (32%), diz o relatório. Quase nove a cada dez bebês nascidos no Burundi, no Sri Lanka e em Vanuatu são amamentados na primeira hora. Por outro lado, apenas dois em cada dez bebês nascidos no Azerbaijão, no Chade e em Montenegro recebem o leite materno nesse período.*
"A amamentação dá às crianças o melhor começo possível na vida", diz Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. "Precisamos urgentemente ampliar o apoio às mães – seja por parte dos membros da família, profissionais de saúde, empregadores ou governos –, para que possam dar a suas crianças o começo que merecem".
Capture the Moment (Capture o momento – relatório disponível somente em inglês), que analisa dados de 76 países, mostra que, apesar da importância do início precoce da amamentação, muitos recém-nascidos ficam esperando por tempo demais, por diferentes razões, incluindo:
  • Alimentação do recém-nascidos com comidas ou bebidas, incluindo fórmulas: Práticas comuns, como descartar o colostro, um membro mais velho da família alimentar o bebê com mel ou profissionais de saúde darem ao recém-nascido um líquido específico, como água com açúcar ou fórmula infantil, atrasam o primeiro contato crítico do recém-nascido com sua mãe.
  • O aumento das cesarianas eletivas: No Egito, as taxas de cesárea mais que dobraram entre 2005 e 2014, aumentando de 20% para 52%. Durante o mesmo período, as taxas de início precoce da amamentação diminuíram de 40% para 27%. Um estudo realizado em 51 países observa que as taxas de início precoce do aleitamento materno são significativamente menores entre os bebês nascidos por cesariana. No Egito, apenas 19% dos bebês nascidos por cesariana foram amamentados na primeira hora após o nascimento, em comparação a 39% dos bebês nascidos por parto natural.
  • Lacunas na qualidade dos cuidados prestados às mães e aos recém-nascidos: A presença de uma parteira qualificada não parece afetar as taxas de amamentação precoce, de acordo com o relatório. Em 58 países, entre 2005 e 2017, os partos nas instituições de saúde cresceram 18 pontos percentuais, enquanto as taxas de início da amamentação precoce aumentaram 6 pontos percentuais. Em muitos casos, os bebês são separados de suas mães imediatamente após o nascimento e a orientação por parte dos profissionais de saúde é limitada. Na Sérvia, as taxas aumentaram 43 pontos percentuais de 2010 a 2014, devido aos esforços para melhorar os cuidados recebidos pelas mães na hora do parto.
Estudos anteriores, citados no relatório, mostram que os recém-nascidos que começaram a ser amamentados entre 2 e 23 horas após o nascimento tiveram um risco 33% maior de morrer do que aqueles que receberam o leite materno no intervalo de uma hora após o nascimento. Entre os recém-nascidos que começaram a ser amamentados um dia ou mais após o nascimento, o risco foi mais de duas vezes maior.
O relatório insta governos, doadores e outros tomadores de decisão a adotar medidas legais fortes para restringir a comercialização de fórmulas infantis e outros substitutos do leite materno.
O Coletivo Global de Amamentação, liderado pela OMS e pelo UNICEF, também lançou o Scorecard Global de Amamentação de 2018, que acompanha o progresso das políticas e programas de aleitamento materno. Nele, eles incentivam os países a promover políticas e programas que ajudem todas as mães a iniciar a amamentação na primeira hora da vida de suas crianças e a continuar o aleitamento materno pelo tempo que quiserem.

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