Comissão de Mudanças Climáticas discute transformação de carbono em moeda global
Da Redação
Audiência sobre economia de carbono reuniu parlamentares e especialistas em São Paulo
É possível criar uma moeda do clima? E
como articular os bancos centrais do diversos países para atuar com essa
moeda? Essas foram algumas das questões postas em discussão na
audiência pública realizada nesta sexta-feira (29), na Assembleia
Legislativa de São Paulo, pela Comissão Mista Permanente sobre Mudanças
Climáticas (CMMC).
Para o presidente da comissão, deputado
federal Alfredo Sirkis (PV/RJ), é preciso criar uma “Bretton Woods” —
conferência mundial que em 1944 definiu parâmetros para a economia
internacional — do baixo carbono.
— A grande discussão atual é como criar
um pano de fundo favorável à transição para a economia de baixo carbono
no âmbito do sistema financeiro internacional — afirmou.
Na avaliação de Emilio La Rovere,
professor do Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças
Climáticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), convidado
do debate, propostas como a criação de taxas sobre a emissão de gases de
efeito estufa e a aposta de uma solução de mercado, com os certificados
negociáveis de redução de emissões, enfrentaram resistência e trouxeram
resultados limitados.
La Rovere explicou que uma das
propostas apresentadas pela comunidade científica europeia para atingir a
meta consensual de limitar o aumento da temperatura do planeta a dois
graus acima do nível de base anterior à Revolução Industrial e
restringir a emissão de gases de efeito estufa a 450 partes por milhão
(ppm) é a criação de um valor social para o carbono, transformando-o em
instrumento monetário. Assim a medida envolveria o sistema financeiro
internacional.
Essas propostas consideram o contexto
de que, assim como o ouro em determinado momento histórico foi definido
como lastro para a emissão de moeda, o mesmo pode ser feito com a
redução de gases, que teria um valor econômico conversível adotado pelos
bancos centrais nacionais.
— O aporte de capital lastreado em
ativos de carbono legitimaria a injeção de liquidez em projetos de
energia limpa e renovável, que em princípio têm custos iniciais de
implantação maiores — afirmou o professor.
Ele destacou ainda que esses projetos
se pagariam, e portanto não seriam inflacionários nem formariam bolhas
economicamente preocupantes, como aquela que originou a recessão mundial
em 2008 e 2009, cujos reflexos ainda estão presentes no mercado.
A formulação de um novo pacto
econômico-ambiental foi abordada em exposição feita pelo professor Jean
Charles Hourcade, diretor de pesquisa do Centro Internacional de
Pesquisa sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cired, na sigla em
francês).
Também participaram do encontro, entre
outros, o professor Michele Stua, da Universidade de Sussex (Reino
Unido), e Everton Lucero, chefe da Divisão de Clima, Ozônio e Segurança
Química do Ministério das Relações Exteriores.
Com informações da Assembleia Legislativa de São Paulo
Agência Senado
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