A união das
trabalhadoras e trabalhadores para suas lutas é fundamental. A
construção de um movimento sindical classista que supere as fronteiras
de cada categoria e una os trabalhadores é um objetivo que devemos
perseguir construindo cotidianamente. Não são momentos isolados,
chamados de última hora, sem a construção efetiva com os trabalhadores
que responderão à altura dos desafios que temos como classe
trabalhadora.
O dia 30 de agosto, ao mesmo tempo em que
sinaliza de forma geral uma aproximação desse objetivo de unir os
trabalhadores das diferentes categorias e representados pelas diferentes
centrais sindicais, expressa toda a limitação e as contradições das
políticas desenvolvidas por essas centrais ao longo de suas histórias.
Vimos
exemplos disso no dia 11 de julho, primeira manifestação nacional
puxada pelas maiores centrais sindicais: CUT, Força Sindical, CTB, UGT,
NCST e também pela CSP/Conlutas, após as manifestações de junho. Tivemos
sim, algumas categorias participando efetivamente da construção de
greve e manifestações nesse dia.
Mas o que vimos com maior
amplitude foram atos esvaziados de trabalhadores e repletos de direções
sindicais e que, em muitos casos, chamaram "seus" parlamentares para
dar-lhes aquele palco cativo. Vimos alguns sindicatos que não
construíram de fato uma greve com os trabalhadores e apareceram no dia
11 bloqueando as entradas dos locais de trabalhos. Vimos também
sindicatos que "pararam" na quinta, dia 11, para reporem no sábado, dia
13, ou seja, fizeram uma troca do dia da semana que iriam trabalhar.
Vimos também sindicatos combinando a paralisação com o patrão. E,
infelizmente, vimos até algumas centrais pagando trabalhadores para irem
às manifestações.
Essa é a realidade contraditória do movimento
sindical brasileiro que se afastou dos trabalhadores e de suas lutas,
fato evidenciado também pela rejeição que sofreram nas manifestações de
junho, subordinando-se aos partidos políticos que apoiam e estabelecendo
uma relação de dependência com o governo federal através do imposto
sindical a partir de 2008. Imposto compulsório descontado dos
trabalhadores e que hoje responde, por exemplo, a 65% dos recursos da
maior central sindical do país, a CUT, que nos últimos cinco anos
recebeu R$270 milhões do Estado.
Com isso, o dilema que se
desenha para aqueles que acreditam que o movimento sindical deve sim se
unir em um movimento classista, mas que deve ter também autonomia frente
aos partidos políticos e independência frente a patrões e governos não é
pequeno quando essas mesmas centrais chamam um ato nacional. Ao mesmo
tempo em que acreditamos ser essa uma necessidade de nosso período
histórico, vemos que essa união construída nesse momento é muito mais,
senão somente, construída para que essas centrais possam tentar
"reaparecer" como referência política após as manifestações de junho
onde foram rejeitadas pela maioria dos manifestantes.
Com
certeza, temos acordo com as pautas defendidas para o dia 30.
Principalmente a pauta que buscar unificar as lutas contra o projeto que
aprofunda as já tão aplicadas terceirizações dos direitos atendidos
pelo Estado. Porém, até aí aparecem as limitações de unificação dos
atos. Por exemplo, em nossa pauta sobre a educação defendemos 10% do PIB
para já, mas como não é de interesse de algumas centrais cobrarem de
fato do atual governo essa mudança imediata e necessária, essa pauta
aparece para ser "cumprida", se for, nos próximos dez anos.
As
centrais também não se colocam contrárias ao projeto de Acordo Coletivo
Especial (ACE), proposto pelo sindicato dos metalúrgicos do ABC, berço e
ainda um dos principais sindicatos filiados à CUT, que permite que os
direitos dos trabalhadores e trabalhadoras sejam negociados abaixo do
mínimo estabelecido pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Essa
pauta simplesmente não aparece na convocação desses atos.
Além
desses fatos que apontamos, acentuamos a falta de autonomia frente aos
partidos políticos que se expressam nas manifestações promovidas por
essas centrais. Atrelamento aos partidos e seus parlamentares, que se
constitui em um dos principais motivos para que trabalhadoras e
trabalhadores da saúde do estado do Paraná (Sindsaúde-2011) e do
magistério municipal de Curitiba (Sismmac-2012) se desfiliassem da CUT
nos últimos dois anos. Mais do que a desfiliação dessa central,
procuramos construir autonomia em nossa prática de movimento sindical
para que os interesses dos trabalhadores sejam realmente colocados em
primeiro plano e para que os mesmos não se sintam utilizados, como se
sentem com razão, para interesses eleitorais de diversos níveis e que
são a baliza da construção sindical da maioria dessas centrais.
Portanto,
para o dia 30, as direções dos dois sindicatos que assinam esse texto,
seguirão na intensificação de seus trabalhos de base, construindo as
ações que seus calendários de lutas próprios estão necessitando e
aprofundando. Como contribuição ao dia 30, ao invés de compor um ato
de "direções" com essas centrais, em breve lançaremos uma moção de
repúdio ao PL da terceirização. Problematizando suas consequências para
que os trabalhadores e trabalhadoras de nossas categorias se apropriem
mais do debate e para que na necessidade de próximos atos possamos
construir junto com nossas categorias, de fato, e não só na oratória, um
ato unificado, ao menos entre os trabalhadores desses sindicatos.
Seguiremos
na ampliação e aprofundamento de novas ações também - para as próximas e
necessárias mobilizações - de forma unificada com mais trabalhadores,
sindicatos, oposições sindicais e movimentos sociais que queiram compor
um ato em que a autonomia do movimento sindical seja de fato, e não na
oratória, um dos alicerces de sua construção.
Saudações socialistas a todas as trabalhadoras e trabalhadores,
Assinam essa nota as direções do: SISMMAC (Sindicato dos servidores municipais do magistério de Curitiba) SINTCOM (Sindicato dos trabalhadores dos Correios do Estado do Paraná) |
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