Empréstimos de até R$ 10 mil somam mais de R$ 2,4 bilhões
Com condições diferenciadas, o microcrédito é uma opção para os empreendedores alavancarem seus negócios e uma forma de inserção produtiva de pessoas excluídas do mercado de trabalho formal
Brasília - Em junho deste ano, segundo dados do Banco Central, o montante de recursos emprestados com as condições de microcrédito -; até R$ 10 mil por operação - passava de R$ 2,4 bilhões. Com o objetivo de ajudar a incrementar a oferta de linhas de crédito com condições facilitadas para os pequenos empreendedores, o Sebrae possui convênios com instituições financeiras, cooperativas, associações e outras entidades que oferecem linhas para o segmento.
Com condições diferenciadas, o microcrédito é uma opção para os empreendedores alavancarem seus negócios e uma forma de inserção produtiva de pessoas excluídas do mercado de trabalho formal.
Bordadeira informal, a capixaba Flaviana Reckel, de 35 anos, se formalizou em 2009 como empreendedora individual com o sonho de impulsionar sua marca de enxoval para bebês. Para aumentar a produção e atender à demanda que começava a crescer em Iconha, município de 12,5 mil habitantes localizado no sul do Espírito Santo, ela precisava de equipamentos novos. Sem recursos para comprar a máquina de bordados, que custava cerca de R$ 30 mil, Flaviana recorreu a uma linha de microcrédito para dar a entrada, no valor de R$ 2 mil.
Desde que se formalizou, Flaviana fez várias capacitações no Sebrae. "Fiz vários treinamentos e passei a investir mais e administrar melhor minha empresa. Antes eu era uma bordadeira apenas, agora sou também empresária, tenho um comércio", conta a dona da Ponto a Ponto. Depois do empréstimo, pontapé para alavancar sua empresa, ela aumentou sua produção de 100 peças por mês para mais de 300 itens. Em seus planos para os próximos meses estão a contratação de um funcionário e a migração para microempresa, que possui teto de faturamento de R$ 240 mil por ano, bem mais que o empreendedor individual, com limite de R$ 36 mil por ano.
A ação do Sebrae se baseia em fornecer informações sobre as micro e pequenas empresas e empreendedores individuais e capacitar agentes de crédito, além de apoiar a criação de novas instituições de microcrédito e a reestruturação das já existentes. "O microcrédito é uma das soluções para a erradicação da pobreza capazes de promover a inclusão produtiva. O Sebrae capacita os agentes de crédito dessas entidades e ajuda os empreendedores a pensar no futuro. Não basta levar o crédito, tem que levar também a capacitação", afirma o gerente de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros do Sebrae, Paulo Alvim.
Atualmente o Sebrae está conversando com os quatro bancos públicos com os quais possui convênio de cooperação -; Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia -;, além do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para que criem linhas voltadas exclusivamente para atender aos empreendedores individuais, profissionais que trabalham por própria e faturam no máximo R$ 36 mil por ano.
O Sebrae quer ainda que os bancos encaminhem os empresários para os cursos que a instituição oferece para fomentar o empreendedorismo. Uma opção poderia ser o Sebrae para Empreendedor Individual -; Sei, programa de capacitação lançado em julho baseado em sete soluções educacionais: Sei Vender, Sei Comprar, Sei Controlar meu dinheiro, Sei Planejar, Sei Administrar, Sei Empreender e Sei Unir forças para melhorar.
As primeiras experiências de microcrédito no Brasil foram desenvolvidas na década de 70. Trata-se de uma modalidade de financiamento que busca permitir o acesso dos pequenos empreendedores ao crédito. A principal vantagem está na exigência de garantias mais simples e de acordo com as condições dos pequenos empreendimentos, como, por exemplo, o aval solidário, em que um grupo de pessoas toma o crédito e prestam o aval solidariamente. A burocracia, como a exigência de documentos, o tempo de análise e de aprovação do crédito, são reduzidos.