Cearenses são as principais vítimas de tráfico humano, diz Sejus-CE

Perfil mais procurado pelos traficantes é de jovens com 15 a 30 anos. Tráfico mundial de pessoas já atingiu 2,5 milhões de vítimas, segundo OIT

Entre as brasileiras, as mulheres cearenses são as mais enviadas ao exterior pelo tráfico internacional de pessoas, segundo a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado do ceará (Sejus-CE). O perfil mais procurado pelos traficantes, de acordo com as estatísticas, é de jovens entre 15 e 30 anos. Os principais destinos apontados pela Sejus são Portugal, Espanha e Itália.
O Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas revela que o turismo sexual, frequente no Ceará, tem relação direta com o tráfico de mulheres. Para combater esse tipo de crime, foi instalado há quatro meses no Aeroporto Internacional Pinto Martins, de Fortaleza, um posto avançado de atendimento humanizado aos migrantes. Apenas outras três capitais brasileiras possuem o posto.
A coordenadora do posto, Andreia Costa, afirma que no mês de julho, 11 pessoas foram atendidas após serem deportadas ou inadmitidas por outros países. "Essas pessoas retornam ao Brasil extremamente debilitadas. Principalmente se tratando dos brasileiros deportados, eles podem ter sido vítimas de tráfico de pessoas".
Segundo a Sejus-CE, as brasileiras estão entre as mais traficadas nas Américas, em um comércio que já desponta como o segundo negócio ilícito mais rentável do mundo. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostram que o lucro mundial com esse tráfico chega a 32 bilhões de dólares por ano, equiparando-se ao tráfico de drogas.
As organizações que participam do comércio ilegal de pessoas são apontadas como uma das maiores atividades criminosas do mundo, com cerca de 2,5 milhões de vítimas em todo o mundo, revela a OIT.
"É para mudar a lei"
O Ministério Público Federal garante que está intensificando ações de combate ao tráfico de pessoas, assim como estão encaminhando propostas à Secretaria Nacional de Justiça, que podem ajudar na elaboração do segundo Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
A procuradora regional dos direitos do cidadão, Nilce Cunha, explica que as propostas têm sido no sentido de intensificar a prevenção e a repressão. "É para mudar a lei, para endurecer a pena e para que a legislação brasileira preveja formas de tráfico que não prevê, como a exploração do trabalho e como a extração de órgãos", declara.

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