Ao participar da inauguração da unidade esmagadora de grãos da BSBios, empreendimento que nasce da sociedade com a Petrobras Biocombustíveis, em Passo Fundo, na terça (22), lembrei da música Cio da Terra, do Chico Buarque e do Milton Nascimento, e das ações que desenvolvemos na Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio.
"Debulhar o trigo, recolher cada bago do trigo, forjar no trigo o milagre do pão e se fartar de pão". Diz a canção. É isso que ocorre ao transformarmos o que vem da produção primária, ao invés de exportar como matéria prima. Esmagar o grão, processar o óleo e o farelo, a carne e o leite para agregar valor aos produtos e gerar distribuição mais horizontal da renda em nosso Estado.
Das oleaginosas, extraído o óleo, resta 80% de farelo para a alimentação animal. Queremos exportar mais suínos, aves e derivados do leite. Nos fartar dos benefícios gerados pela agregação de valor à produção primária, com o crescimento do PIB, geração de renda e de empregos no setor primário.
O Brasil, na safra passada, produziu 75 milhões de toneladas de soja e exportou cerca de 30 milhões na forma de grãos. Sem negar que este comércio traz muitas divisas para o País, trabalhamos para aumentar a nossa atividade agroindustrial, com nível cada vez maior de transformação da matéria prima que sai dos campos.
E isso já começou a acontecer concretamente no Rio Grande do Sul. Basta olhar para o que acontece no Planalto Médio. Erechim sedia uma usina de biocombustível, mas compartilha ICMS gerado pela atividade industrial com outros 30 municípios da região, fornecedores de matéria prima. Exemplo de descentralização do desenvolvimento com cooperação regional.
Ao criarmos a Câmara Temática da Agroenergia, na semana passada, constituímos espaço de diálogo com produtores, indústria, universidades e entidades representativas. Vamos, neste fórum, qualificar ainda mais a política estadual de estímulo à produção de grãos para a geração de energia a partir de fontes renováveis. Porque isso cria mais empregos, faz aumentar a renda dos produtores, aquece as vendas do comércio, gera renda para que o Estado e municípios invistam mais em saúde, educação e segurança, por exemplo.
Nós, que já produzimos 25% do biodiesel brasileiro, podemos crescer mais. O Governo Federal definirá a ampliação da adição de biocombustível ao óleo diesel de 5% para 7%. Só isso demanda que pelo menos mais 12 mil famílias passem a fornecer grãos para a indústria do biocombustível, que já envolve 38 mil famílias. Podemos, ainda, buscar o mercado internacional. Este é o Estado que queremos, produzindo cada vez mais, aumentando a produtividade, desenvolvendo suas cadeias e não mero exportador da matéria prima.
Luiz Fernando Mainardi
Secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio