Montagem de caças criará mais de 2 mil empregos, diz Saito

Marcos Magalhães

A montagem dos aviões de caça Grippen NG, escolhidos pelo governo para reequipar a Força Aérea Brasileira, levará à criação de 2.000 a 3.000 empregos diretos no país, além de 22 mil empregos indiretos. Os números foram apresentados pelo comandante da Aeronáutica, tenente- brigadeiro Juniti Saito, aos integrantes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), durante audiência pública realizada nesta quinta-feira (27) por iniciativa do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da comissão.
Em resposta ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o comandante informou – baseado em dados fornecidos pela indústria aeronáutica nacional – que esses postos de trabalho serão distribuídos entre a Embraer, a futura linha de montagem dos aviões, em São Bernardo do Campo (SP), e indústrias de componentes situadas em locais como Porto Alegre (RS).
A escolha dos caças Grippen, da empresa sueca Saab, foi anunciada em 18 de dezembro pela presidente Dilma Rousseff, ao final de um longo processo de seleção que também contou com a participação da francesa Dassault, fabricante do caça Rafale, e da norte-americana Boeing, que concorreu com seu caça F-18 Super Hornett. Todas as propostas tinham suas vantagens, como reconheceu o brigadeiro. Entre os principais motivos que levaram à escolha do Grippen, informou, estão a montagem dos aviões no Brasil – com a consequente geração de empregos no país – e a possibilidade de acesso ao código fonte da aeronave.
Por meio do código fonte, esclareceu Saito, a Força Aérea Brasileira será capaz de equipar os Grippen NG com armamentos fabricados em diversos países, por meio de um software de integração desses armamentos. Ele esclareceu ainda que a transferência de tecnologia de fabricação do Grippen NG – considerado como integrante de uma geração 4.6, na linguagem aeronáutica – permitirá à indústria nacional obter o conhecimento necessário ao futuro desenvolvimento, no país, de caças de quinta geração.
— Para um país que quer se capacitar, a solução é aprender junto com eles. Será fabricada no Brasil 80% da estrutura do avião. O Grippen não é de quinta geração, mas só quem tem hoje caças de quinta geração voando são os Estados Unidos, com seu F-22 que os radares não pegam. Os americanos não vendem esse caça a ninguém. Os russos estão desenvolvendo uma aeronave de quinta geração, com tecnologia muito avançada, e a China também está pretendendo desenvolver o seu caça – informou Saito.
O presidente da comissão demonstrou preocupação com o período de quatro anos que antecede a chegada dos primeiros Grippen NG, ao final de 2018. Ele alertou para a necessidade de se buscar uma solução provisória que ajude o país a manter sua soberania. Em resposta, Saito afirmou que já existem negociações em andamento com o governo da Suécia para o empréstimo de 10 a 12 aviões Grippen de uma geração anterior, a partir de 2016.
Ao senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que demonstrou preocupação com a formação de pilotos brasileiros para pilotar os Grippen, o comandante da Aeronáutica informou que a Força Aérea da Suécia já convidou dois pilotos brasileiros para começar o período de treinamento ainda neste ano. A senadora Ana Amélia (PP-RS) ressaltou a importância da transferência de tecnologia sueca e previu que a indústria brasileira será capaz de dar um “salto de qualidade incalculável”. No início da reunião, o senador Jorge Viana (PT-AC) agradeceu o apoio da Força Aérea às vítimas das enchentes no Acre.
Agência Senado

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Fundhacre realiza rodas de conversa sobre segurança do paciente

Estado investe mais de R$ 8 milhões na aquisição de veículos, materiais e equipamentos para a segurança