Especialista fala sobre os sentimentos dos animais sob responsabilidade de um colecionador
A
Prefeitura de Porto Alegre, através da Secretaria Especial dos Direitos
Animais (SEDA), realiza, no próximo dia 18 de março, o IV Fórum Bicho
da SEDA. Este ano, o tema escolhido foi “Colecionadores de Animais: a
proteção que ultrapassa seu limite”. O evento inicia às 13h30, no Teatro
Dante Barone da Assembleia Legislativa (Praça Marechal Deodoro, 101 –
1º andar), e as inscrições podem ser feitas até o dia 14 pelo e-mail imprensa@seda.prefpoa.com.br.
A SEDA mapeou, até o momento, 64 casos que envolvem pessoas com este perfil. Uma das palestrantes do Fórum é a a veterinária Ceres Berger Faraco (foto), especialista em Comportamento Animal e membro da Comissão de Ética, Bioética e Bem-Estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV).
Em entrevista ao Informativo News, Ceres falou sobre o colecionismo de animais:
SEDA - O que diferencia um colecionador de um protetor?
Dra. Ceres Faraco - Os protetores são pessoas que possuem vários animais e cuidam bem deles. Há uma adequação e a vida em comum beneficia a todos. Já o colecionador apresenta distúrbios significativos que provocam uma relação disfuncional com os animais e outras pessoas. Se instala o desequilíbrio, em geral, por transtornos mentais que não são reconhecidos ou tratados. Eles não conseguem mais cuidar dos animais e não percebem esta condição como prejudicial a todos. Em geral, jamais dizem quantos animais têm em casa e sempre estão dispostos a incluir mais e mais. Não há limites.
SEDA - Você acredita que um colecionador ame os animais?
Dra. Ceres - Há uma dependência. Se há amor, é preciso refletir sobre o que significa amar. Se amar é legitimar o outro nas suas necessidades, não é amor. Constroem uma vinculação forte com os animais. A percepção distorcida não os permite reconhecer que o melhor seria estarem separados. Mas, não conseguem, é um elo visceral. A separação é vista como uma 'amputação'.
SEDA - E qual seria o sentimento de um animal que vive sem situação precária?
Dra. Ceres - O animal estabelece uma relação de apego e vínculo profundo com as pessoas. A precariedade das condições de vida e a doença mental não são impeditivos para estaa ligação. A rejeição depende de outros fatores que não é falta de recursos.
SEDA - Como definir o perfil de um animal de colecionador?
Dra. Ceres - Não existe um perfil, pois as individualidade existem na espécie canina e felina. Os traços que estes animais terão em comum são características que foram adquiridas nesta condição de vida. Poderão ser inseguros e tensos, ter dificuldades de enfrentar novos locais e pessoas, por ansiedade e medo. Estarão, muitas vezes carentes, aversivos. Se tiverem sofrido maus tratos, podem sofrer de distúrbios comportamentais. É importante lembrar que o agravamento do estado mental destes animais dependerá não só da precariedade, mas da gravidade da patologia mental dos colecionadores.
SEDA - Quando um animal é resgatado de um colecionador e adotado por uma família, quais as mudanças comportamentais que se percebe nesta nova fase da vida?
Dra. Ceres - Nunca devemos esquecer que, embora precária, a vida que o animal tinha era a sua vida. Portanto, mudar é bastante complicado para um cão ou gato. Ele não entende o porquê que de uma hora para outra passa a morar num local completamente estranho. Perde as referências do espaço e deve aprender os novos hábitos e regras desta casa. Não conhece as pessoas, os barulhos, os cheiros, a vizinhança e as visitas. É preciso tempo e dedicação para estabelecer vínculos estáveis e confiáveis, para que possa adquirir segurança no local e na família. Assim, para a maioria dos cães e gatos, esta fase pode ser bastante traumática. Se a família não compreender a necessidade de tolerar e reeducar o animal, a experiência poderá ser bastante complicada.
A SEDA mapeou, até o momento, 64 casos que envolvem pessoas com este perfil. Uma das palestrantes do Fórum é a a veterinária Ceres Berger Faraco (foto), especialista em Comportamento Animal e membro da Comissão de Ética, Bioética e Bem-Estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV).
Em entrevista ao Informativo News, Ceres falou sobre o colecionismo de animais:
SEDA - O que diferencia um colecionador de um protetor?
Dra. Ceres Faraco - Os protetores são pessoas que possuem vários animais e cuidam bem deles. Há uma adequação e a vida em comum beneficia a todos. Já o colecionador apresenta distúrbios significativos que provocam uma relação disfuncional com os animais e outras pessoas. Se instala o desequilíbrio, em geral, por transtornos mentais que não são reconhecidos ou tratados. Eles não conseguem mais cuidar dos animais e não percebem esta condição como prejudicial a todos. Em geral, jamais dizem quantos animais têm em casa e sempre estão dispostos a incluir mais e mais. Não há limites.
SEDA - Você acredita que um colecionador ame os animais?
Dra. Ceres - Há uma dependência. Se há amor, é preciso refletir sobre o que significa amar. Se amar é legitimar o outro nas suas necessidades, não é amor. Constroem uma vinculação forte com os animais. A percepção distorcida não os permite reconhecer que o melhor seria estarem separados. Mas, não conseguem, é um elo visceral. A separação é vista como uma 'amputação'.
SEDA - E qual seria o sentimento de um animal que vive sem situação precária?
Dra. Ceres - O animal estabelece uma relação de apego e vínculo profundo com as pessoas. A precariedade das condições de vida e a doença mental não são impeditivos para estaa ligação. A rejeição depende de outros fatores que não é falta de recursos.
SEDA - Como definir o perfil de um animal de colecionador?
Dra. Ceres - Não existe um perfil, pois as individualidade existem na espécie canina e felina. Os traços que estes animais terão em comum são características que foram adquiridas nesta condição de vida. Poderão ser inseguros e tensos, ter dificuldades de enfrentar novos locais e pessoas, por ansiedade e medo. Estarão, muitas vezes carentes, aversivos. Se tiverem sofrido maus tratos, podem sofrer de distúrbios comportamentais. É importante lembrar que o agravamento do estado mental destes animais dependerá não só da precariedade, mas da gravidade da patologia mental dos colecionadores.
SEDA - Quando um animal é resgatado de um colecionador e adotado por uma família, quais as mudanças comportamentais que se percebe nesta nova fase da vida?
Dra. Ceres - Nunca devemos esquecer que, embora precária, a vida que o animal tinha era a sua vida. Portanto, mudar é bastante complicado para um cão ou gato. Ele não entende o porquê que de uma hora para outra passa a morar num local completamente estranho. Perde as referências do espaço e deve aprender os novos hábitos e regras desta casa. Não conhece as pessoas, os barulhos, os cheiros, a vizinhança e as visitas. É preciso tempo e dedicação para estabelecer vínculos estáveis e confiáveis, para que possa adquirir segurança no local e na família. Assim, para a maioria dos cães e gatos, esta fase pode ser bastante traumática. Se a família não compreender a necessidade de tolerar e reeducar o animal, a experiência poderá ser bastante complicada.
Comentários
Postar um comentário