Entrevista: Clóvis de Barros Filho
Foto: Sala de Notícias
PhD pelas universidades de São Paulo e de Paris e portador de um
Currículo Lattes extenso, o advogado, jornalista e professor Clóvis de
Barros Filho possui livre-docência pela escola de Comunicações e Artes
da Universidade de São Paulo (USP).
Autor de inúmeros artigos, livros e publicações bibliográficas, o
renomado especialista em Teoria e Ética na área de Ciências Humanas se
transformou em um fenômeno da internet depois de uma entrevista no
Programa do Jô, em 2012.
Seu discurso bem-humorado e inspirador sobre a vida e a felicidade foi
aplaudido de pé pela plateia do programa e rendeu mais de 400 mil
visualizações no YouTube.
O mesmo sucesso acontece fora da televisão. Em eventos da HSM Educação –
instituição na qual atua como professor de Filosofia Corporativa – sua
presença gera grande repercussão entre os participantes.
Este ano, Clóvis ministra a palestra “5 condições para uma experiência
de espiritualidade” no HSM Management 2014, que acontece em novembro no
Transamerica Expo Center, e ensina conceitos de alta performance para a
gestão de pessoas.
Esse é um dos temas abordados por ele na entrevista a seguir. O
professor se aprofunda no universo da ética corporativa, de acordo com a
ótica das ciências sociais e da filosofia. Vale a pena conferir.
Você é graduado em direito pela Universidade de São Paulo, em
jornalismo pela Casper Líbero, é mestre em ciências políticas e doutor
em ciências da comunicação. Por que optou pela formação acadêmica na
área de humanas e, especificamente, nos cursos mencionados? Como eles se
relacionam entre si?
Não há nenhuma lógica na minha formação acadêmica. O direito era o curso mais tolerado pelo meu pai. O jornalismo eu fiz movido pela curiosidade desta bela profissão. O mestrado e o doutorado vieram por interesses em objetos de pesquisa gerados durante a graduação. Não houve planejamento de carreira, para tristeza das consultoras de RH.
Não há nenhuma lógica na minha formação acadêmica. O direito era o curso mais tolerado pelo meu pai. O jornalismo eu fiz movido pela curiosidade desta bela profissão. O mestrado e o doutorado vieram por interesses em objetos de pesquisa gerados durante a graduação. Não houve planejamento de carreira, para tristeza das consultoras de RH.
Você é professor do curso de Ética e Legislação da Universidade
de São Paulo. Quais são os ensinamentos que considera primordiais para
os profissionais aplicarem na vida profissional?
Em primeiro lugar, que a ética não é um conjunto de normas pré-estabelecidas e que a nossa relação para com ela não é servil. Não obedecemos a ética. Pelo contrário, quando falamos de ética, falamos dos valores que nós, livremente, escolhemos para viver nossa vida. Portanto, você é eticamente você de acordo com determinados valores sim, mas é também um ser livre para deliberar sobre eles, quer individualmente, quer coletivamente.
Em primeiro lugar, que a ética não é um conjunto de normas pré-estabelecidas e que a nossa relação para com ela não é servil. Não obedecemos a ética. Pelo contrário, quando falamos de ética, falamos dos valores que nós, livremente, escolhemos para viver nossa vida. Portanto, você é eticamente você de acordo com determinados valores sim, mas é também um ser livre para deliberar sobre eles, quer individualmente, quer coletivamente.
Na sua opinião, por que existem pessoas que andam na contramão
da ética na vida profissional? Como a filosofia e as ciências sociais
explicam esse tipo de comportamento?
Eu penso que a quantidade de desvios decorre de vários fatores. Em primeiro lugar, do tratamento geral que se dá à ética, normalmente punitivo. Ela fica relegada a códigos herméticos, distante do cotidiano e só é lembrada na hora do conflito. Além disso, por geralmente não pensarem na complexidade dos valores, empresas propõem padrões de comportamento conflitantes como, por exemplo, a honestidade e o foco no resultado. E o colaborador, quando é exposto ao conflito entre honestidade e resultado tem até a resposta dada: foco no resultado.
Eu penso que a quantidade de desvios decorre de vários fatores. Em primeiro lugar, do tratamento geral que se dá à ética, normalmente punitivo. Ela fica relegada a códigos herméticos, distante do cotidiano e só é lembrada na hora do conflito. Além disso, por geralmente não pensarem na complexidade dos valores, empresas propõem padrões de comportamento conflitantes como, por exemplo, a honestidade e o foco no resultado. E o colaborador, quando é exposto ao conflito entre honestidade e resultado tem até a resposta dada: foco no resultado.
Como consultor em ética corporativa, quais são os casos de
desvio mais comuns cometidos pelos profissionais? O que as instituições
podem fazer para diminuir situações antiéticas no ambiente de trabalho?
Os casos mais comuns envolvem alguns fatores, tais como: fraudes para bater metas, desvio de recursos, utilização indevida de equipamentos e estruturas da organização. Claro que há também as questões que não envolvem ganho econômico direto, tais como o assédio sexual, o assédio moral, a sabotagem etc. Todos são problemas graves e a solução para eles passa por um processo que necessita do aval e do apoio da gestão durante toda a sua execução.
Os casos mais comuns envolvem alguns fatores, tais como: fraudes para bater metas, desvio de recursos, utilização indevida de equipamentos e estruturas da organização. Claro que há também as questões que não envolvem ganho econômico direto, tais como o assédio sexual, o assédio moral, a sabotagem etc. Todos são problemas graves e a solução para eles passa por um processo que necessita do aval e do apoio da gestão durante toda a sua execução.
Eu desenvolvi uma metodologia de trabalho nas organizações que propõe
combater o desequilíbrio entre o comportamento desejado e o
comportamento real. Ela envolve uma série de atividades que percorrem a
organização diagnosticando, com a ajuda dos colaboradores, os valores
desejados, os pontos de conflito, as especificidades de cada atividade e
cada área. Com esse trabalho, são vários os caminhos que podemos
seguir, dependendo do que cada organização necessitar.
Mas nós achamos fundamental que a organização que deseja dar tratamento
profissional à questão ética deve possuir um sistema integrado no qual
as pessoas possam se manifestar em relação às questões que lhes
concernem. Tanto para que possam denunciar, quanto – e isso é mais
valioso – possam tirar dúvidas sobre o que a empresa espera de seu
comportamento e possam até mesmo sugerir aprimoramentos as práticas e
valores mais conformes com as esperanças.
Como a filosofia e as ciências sociais explicam a ética e o amor na profissão?
Como coerção e como sorte. A ética é vista como instrumento do lucro, subordinada a ele. O amor é uma questão de sorte, um privilégio. O afeto que impera no mundo corporativo é o medo. Se você ama o que faz, considere-se privilegiado.
Como coerção e como sorte. A ética é vista como instrumento do lucro, subordinada a ele. O amor é uma questão de sorte, um privilégio. O afeto que impera no mundo corporativo é o medo. Se você ama o que faz, considere-se privilegiado.
Como o profissional deve lidar com frustrações na carreira e
eventuais percalços no universo corporativo? O que é necessário para ser
plenamente feliz na vida profissional?
Eu entendo a felicidade como um momento, um instante que gostaríamos que não acabasse. Para mim, ser feliz na vida profissional é viver momentos assim. É não sentir o trabalho, não ver o tempo passar. Claro que para isso acontecer é preciso uma sintonia muito forte entre trabalhador e trabalho. Caso raro. Mas eu aconselho sempre a não se deixar abater, não se deixar tiranizar porque a busca da felicidade é prerrogativa de cada um, jamais uma fórmula, um esquema pré-determinado.
Eu entendo a felicidade como um momento, um instante que gostaríamos que não acabasse. Para mim, ser feliz na vida profissional é viver momentos assim. É não sentir o trabalho, não ver o tempo passar. Claro que para isso acontecer é preciso uma sintonia muito forte entre trabalhador e trabalho. Caso raro. Mas eu aconselho sempre a não se deixar abater, não se deixar tiranizar porque a busca da felicidade é prerrogativa de cada um, jamais uma fórmula, um esquema pré-determinado.
Sua participação nos eventos da HSM ExpoManagement, de acordo
com a própria organização, gera grande repercussão entre os
participantes. Na sua opinião, ao que se deve o sucesso das suas
palestras?
Eu sou muito grato pela parceria com a HSM. A Expo é para mim, sempre, o momento mais importante do ano. Se há sucesso, devo mais à competência de organização da HSM que a mim mesmo. O que eu sempre busco fazer em minhas palestras e em minha vida é colocar absolutamente todas as minhas energias em ação no momento da palestra. E ter sempre um auditório enorme e lotado ajuda ainda mais a inspirar a minha fala.
Eu sou muito grato pela parceria com a HSM. A Expo é para mim, sempre, o momento mais importante do ano. Se há sucesso, devo mais à competência de organização da HSM que a mim mesmo. O que eu sempre busco fazer em minhas palestras e em minha vida é colocar absolutamente todas as minhas energias em ação no momento da palestra. E ter sempre um auditório enorme e lotado ajuda ainda mais a inspirar a minha fala.
No evento deste ano, sua palestra “5 condições para uma
experiência de espiritualidade” vai explicar conceitos fundamentais para
a gestão de pessoas de alta performance. Poderia nos contar mais
detalhes sobre o tema e sua importância para o mundo dos negócios?
São sugestões para que as pessoas fiquem mais próximas de si mesmas. A condição da felicidade, da produtividade, da performance, da eficácia, é conhecer-se. Porque conhecendo quem nós somos, o que nos move, o que nos alegra, o que nos motiva, poderemos buscar mundos que nos tornem mais de Nós mesmos.
São sugestões para que as pessoas fiquem mais próximas de si mesmas. A condição da felicidade, da produtividade, da performance, da eficácia, é conhecer-se. Porque conhecendo quem nós somos, o que nos move, o que nos alegra, o que nos motiva, poderemos buscar mundos que nos tornem mais de Nós mesmos.
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