Governo quer usar terreno para evitar filas em direção a porto
O governo federal quer incentivar 
proprietários de grandes terrenos às margens das rodovias que dão acesso
 aos principais portos do país a utilizar essas áreas como 
estacionamento de caminhões para evitar que o escoamento da safra no 
início do ano que vem volte a provocar as filas quilométricas de 
veículos, como as vistas em 2013.
Essa
 é uma das medidas voltadas à melhoria do escoamento da safra que serão 
anunciadas no início da tarde desta quarta-feira (11), em Brasília, 
pelos ministros dos Transportes, Agricultura e da Secretaria de Portos. 
Apesar de ter potencial de evitar congestionamentos nas rodovias, essa 
ação não deve ser suficiente para reduzir o tempo de espera para 
descarregar carga no porto.
A
 prioridade é o porto de Santos, o maior do país, e onde, em março 
passado, a fila de caminhões para descarregar a safra recorde de soja 
atingiu 30 quilômetros. Os atrasos nas entregas encarecem a carga e 
prejudicam os produtores brasileiros – ainda em março, houve notícias de
 que clientes da China cancelaram um pedido de 600 mil toneladas de soja
 por conta da demora no transporte.
O
 anúncio de ações emergenciais para evitar o caos no escoamento da safra
 agrícola do país acontece um dia depois de o Tribunal de Contas da 
União (TCU) barrar o leilão de arrendamento dos primeiros terminais 
(áreas para movimentação de carga) em portos públicos, ou seja, 
administrados pelo governo.
Na
 sexta-feira (6), a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que
 administra o porto de Santos, publicou uma convocação para encontrar 
interessados em transformar em estacionamento terrenos localizadas nas 
proximidades das vias Anchieta e Imigrantes, no planalto ou nas margens 
do Rodoanel Mário Covas, e na rodovia Piaçaguera-Guarujá, todas vias de 
acesso ao porto.
A
 convocação estabelece a preferência por áreas superiores a 50 mil 
metros quadrados que não gerem impacto em rodovias ou na região urbana. 
Os interessados têm até 20 de dezembro para responder e, a Codesp, 
outros 20 dias para aceitar ou negar o pedido.
Como vai funcionar
O
 plano é que esses bolsões tenham comunicação direta com a administração
 do porto de Santos, para que seja liberada a saída gradual dos 
caminhões para descarregamento. De acordo com a ministra-chefe da Casa 
Civil, Gleisi Hoffmann, os caminhoneiros ou transportadoras vão pagar 
pelo uso do estacionamento.
Em
 entrevista ao G1, ela informou ainda que o governo tenta localizar 
terrenos públicos próximos a essas vias de acesso a portos para que 
também funcionem como local de espera pelos motoristas. Segundo a 
ministra, se se mostrarem viáveis para uso, essas áreas podem receber 
investimento do governo, como em terraplanagem, colocação de brita ou 
contratação de segurança, medidas necessárias para garantir o serviço.
“O
 objetivo da medida é o caminhão só descer quando o terminal estiver em 
condições de despachar a carga [que ele transporta]. Isso é melhor para o
 caminhão, para a rodovia e para o porto”, disse Gleisi.
A
 ministra também informou que serão adotadas ações para incentivar o uso
 dos portos durante a noite e madrugada. De acordo com ela, nesses 
horários ainda há folga nos terminais.
“Mesmo
 tendo hoje o porto 24 horas, nós ainda não estamos com esses horários 
utilizados plenamente. Até o privado tem dificuldade, eles têm escala de
 prestação de serviços, de ordenamento do seu pessoal, e não conseguem 
mudar. Queremos incentivar o melhor uso dos espaços da madrugada, da 
noite, dos finais de semana”, disse a Gleisi.
Investimento nos portos
Em
 sessão nesta terça (10), o Tribunal de Contas da União (TCU) barrou o 
leilão de arrendamento dos primeiros terminais e criticou a qualidade 
dos estudos apresentados pelo governo e que servem como base para 
definir as condições para o leilão de 29 terminais em portos de São 
Paulo (Santos) e do Pará. Foram fixadas 19 condicionantes, que o governo
 terá que cumprir antes de publicar o edital de concessão.
Inicialmente,
 o governo esperava leiloar esses 29 terminais até o final de 2013 mas, 
com a decisão do TCU, não há mais previsão de quando isso deve 
acontecer. Com os leilões, o governo espera elevar os investimentos 
nesses terminais, aumentar a qualidade do serviço e reduzir o custo 
principalmente para a exportação de produtos brasileiros.
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