Infraestrutura logística é desafio para crescimento das exportações, diz AEB
Redação -
A
recuperação da Europa ante a crise internacional e a manutenção do
crescimento econômico na China são dois elementos, na área externa, que
o presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil
(AEB), José Augusto de Castro, considera essenciais para a evolução do
comércio exterior brasileiro. No campo interno, os principais desafios
envolvem a questão da infraestrutura logística e a realização das
reformas tributária, previdenciária e trabalhista.
A
AEB promove hoje (27) e amanhã no Píer Mauá, no Rio de Janeiro, o 40º
Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex 2012). Empresários e
representantes do governo vão debater propostas para um comércio
exterior sustentável.
Em
entrevista à Agência Brasil, Castro disse que o fato de as exportações
dependerem em cerca de 70% de commodities (produtos agrícolas e
minerais comercializados no mercado exterior) faz com que elas “flutuem
ao sabor do bom humor econômico do mercado internacional, mais
especificamente da China”. Por isso, acrescentou, enquanto a China e a
Europa mantiverem o bom humor, o cenário será favorável ao Brasil. “O
que não pode é o bom humor mudar de repente para mau humor,
principalmente a China, que é a grande compradora e influencia os
mercados como um todo”. Segundo Castro, se esse cenário perdurar, o
comércio externo do Brasil deve apresentar bons resultados,
“numericamente”.
Ele
defendeu a necessidade de que o quadro da China seja acompanhado
porque, mês a mês, a economia chinesa tem registrado redução no
crescimento. “E para o Brasil, o crescimento da China é fundamental”.
Os Estados Unidos, embora sejam um mercado muito grande, são, na
verdade, concorrentes do Brasil, na medida em que exportam soja, milho,
carnes, açúcar, produtos também vendidos pelo nosso país. “Para nós, é
muito importante que a Europa consiga se recuperar e a China mantenha o
ritmo que tem hoje”.
O
debate sobre o futuro do comércio exterior brasileiro resultou em mais
de 3,2 mil participantes inscritos para o Enaex 2012. “O brasileiro
está buscando informações. Está ansioso para ver o que vai acontecer
este ano e nos próximos, principalmente”. Segundo Castro, o comércio
exterior afeta a todos, direta ou indiretamente, englobando empresas de
todos os tamanhos. “Eu sempre digo que comércio exterior hoje não é uma
opção. É decisão estratégica de uma empresa. No mundo globalizado, se
eu não for ao exterior combater o concorrente, ele virá. Então, tenho
que estar sempre preparado para enfrentá-lo, aqui ou lá fora”.
Castro
advertiu que no ambiente interno começou a acender uma luz de maneira
mais forte. “A decisão [do governo federal] de investir R$ 133 bilhões
em logística é ótimo passo. A criação da Empresa de Planejamento e
Logística (EPL) é um grande avanço. Só o fato de passar a pensar o
problema já é um caminho”.
Ele
disse que aguarda medidas na área de infraestrutura portuária, que
também representarão um avanço. “Porque todos nós sabemos que um dos
grandes gargalos do Brasil é a infraestrutura portuária”. Castro
avaliou que concessões ao setor privado nessa área aumentariam a
concorrência e provocariam redução de custos. “É exatamente o que
precisamos para tornar os produtos manufaturados mais competitivos”.
O
presidente em exercício da AEB destacou que essas medidas mostram que é
possível o Brasil fazer o dever de casa e gerar competitividade
interna. “Existem fatores hoje que nos levam a ter esperança. E ela
está se tornando mais clara”. Ele estimou que as exportações levarão o
comércio exterior brasileiro a ter um superávit entre US$ 12 bilhões e
US$ 14 bilhões este ano, em razão da queda observada nas importações.
Para as exportações, o resultado esperado é US$ 237 bilhões.
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