Anderson Vieira







O líder indígena Eliseu Lopes, da etnia guarani-cauiá, pediu a intermediação de senadores para que seja marcada audiência de lideranças indígenas do país com a presidente Dilma Roussef para tratar de assuntos de interesse das comunidades, inclusive a questão da demarcação de reservas. Ele se queixou de que, desde sua posse, Dilma ainda não abriu espaço em sua agenda para receber os representantes indígenas.



O pedido foi feito ao fim da audiência na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), que serviu para debater a questão da demarcação de novas reservas. O presidente da comissão, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), propositor da audiência, respondeu positivamente em relação ao pleito do líder indígena para o encontro com Dilma.



Eliseu Lopes afirmou que as comunidades indígenas têm o direito de retomar terras que tradicionalmente ocupavam. Após destacar a condição ancestral dos índios como donos das terras brasileiras, ele disse que as comunidades não querem recuperar tudo, mas apenas as que são tradicionais – áreas perdidas ao longo do século passado em razão de esbulho ou planos de colonização, tanto do governo federal quanto dos estados. Disse que nelas os “anciões se sentem bem” e que voltando a esses locais vão poder viver em tranquilidade, criando os filhos dentro de seus valores.



- Falam que os indígenas estão invadindo terras, mas não somos invasores; estamos ocupando o que é nosso – afirmou Eliseu.



O líder guarani-caiuá destacou o clima de muito conflito entre índios e não-índios em áreas do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Disse que lideranças estão sendo massacradas e as comunidades expulsas das suas terras, o que classificou como uma “vergonha” para o país. Mencionou como ato cruel a prática dos “pistoleiros” de dar sumiço aos corpos dos que são assassinados.



- Para nós, indígenas, uma pessoa que some com o corpo de ser um ser humano não é um ser humano – comentou.



O líder destacou que a terra tem um significado diferente para os índios, mas que, “para o Brasil, um gado vale mais que uma criança”. Com palavras com forte acento da sua língua de sua tribo, ele explicou que o índio enxerga a terra como um lugar para se “sentir bem”, em meio ao “mato e o rio”. Por isso, como assinalou, os índios são naturalmente defensores da natureza.



- O Brasil tem que entender que a terra é nossa mãe e está sendo destruída – apelou.



Gorette Brandão



Agência Senado




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