Brado transportará commodities em contêiner
Valor Econômico -
Aproveitando
o momento de pouca exportação de manufaturados - e, por consequência, a
ociosidade nos navios -, a Brado Logística inicia neste semestre um
projeto pioneiro que, segundo especialistas, pode ser uma tendência no
Brasil para os próximos anos: o transporte de commodities por
contêineres. A subsidiária da América Latina Logística (ALL) está
investindo R$ 50 milhões para entrar no mercado de movimentação de
soja, açúcar e algodão. Os executivos estão animados e esperam que o
novo mercado dobre o faturamento da empresa já neste ano.
Embora
já haja movimentação de café por contêineres, grande parte das
commodities é transportada tradicionalmente em vagões abertos ou por
rodovia (e depois exportado nos navios graneleiros). O transporte de
soja em larga escala nesse modelo é completamente novo no país.
Dois
motivos impulsionam essa tendência. Paulo Fleury, diretor do Instituto
de Logística e Supply Chain (Ilos), explica que historicamente não
havia espaço para as commodities em contêineres por acreditar-se que
elas não teriam margem para compensar os custos maiores desse tipo de
transporte. Desde que foi criado, o contêiner é usado em maior parte
para movimentar produtos de maior valor agregado. "O cenário já poderia
ter mudado nos últimos anos, quando as commodities passaram por uma
enorme valorização", diz.
O
segundo motivo é a recente diminuição de exportação de manufaturados no
país, notada por Fleury há cerca de seis meses. "Os contêineres chegam
ao país vindos de países asiáticos e precisam voltar, muitas vezes,
vazios. Então colocar commodity dentro deles tem custo muito reduzido".
Otimista,
a Brado traçou metas ambiciosas para o projeto (já presente nos planos
desde sua criação, em 2010). Segundo José Luis Demeterco, presidente da
empresa, o plano é que o transporte de commodity represente, já neste
ano, 50% das cargas movimentadas e 50% do faturamento - hoje com R$
183,5 milhões de receita bruta anual. "Em outras palavras, nosso
objetivo é dobrar a movimentação de cargas em 2012 graças às
commodities", diz. "Em soja, são 60 milhões de toneladas produzidas no
Brasil. Se conseguirmos transportar apenas um milhão de toneladas,
encheremos 40 mil contêineres", completa. Hoje, a Brado transporta
basicamente carga refrigerada e produtos manufaturados.
Segundo
Demeterco, a maior vantagem do contêiner é o custo do frete marítimo -
que pode ser 15% menor em relação ao frete tradicional, principalmente
devido à ociosidade atual no navio que parte da costa brasileira. O
custo também é menor em relação à movimentação no porto - o contêiner é
mais fácil de ser movimentado, e portanto mais barato. Demeterco aponta
ainda outras vantagens para esse modelo.
Para
entrar no mercado, a Brado investiu os R$ 50 milhões, basicamente em
material rodante e em um novo terminal no interior de São Paulo. Foram
comprados 400 vagões e quatro locomotivas. Dependendo do resultado, a
empresa pode triplicar o investimento no projeto em 2013.
O
terminal dedicado à Brado será inaugurado nesta semana e ficará entre
Araraquara e Américo Brasiliense (SP). Segundo informações da empresa,
foram investidos R$ 10 milhões no espaço que tem 242 mil metros
quadrados e capacidade para operar, inicialmente, 2 mil contêineres
mensais e 50 mil ao longo do período de cinco anos. Ao todo, incluindo
outros projetos, o investimento da Brado será próximo de R$ 200 milhões
em 2012. A maior parte desse valor, cerca de 80%, será destinada à
compra de locomotivas e vagões. A companhia espera chegar a 120 mil
contêineres transportados até o fim do ano - crescimento de 48% em
relação aos números atuais.
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