Coordenador humanitário da ONU pede fim de ‘carnificina’ no noroeste da Síria

por ONU Brasil
Cerca de 400 famílias se abrigavam em acampamento improvisado no norte de Idlib, Síria, após fugirem da violência no sul da cidade no começo de setembro de 2018. Foto: UNICEF/Aaref Watad
Cerca de 400 famílias se abrigavam em acampamento improvisado no norte de Idlib, Síria, após fugirem da violência no sul da cidade no começo de setembro de 2018. Foto: UNICEF/Aaref Watad
Bombardeios promovidos pelo governo sírio e pela Rússia há mais de 90 dias em Idlib, noroeste da Síria, levaram a uma "carnificina" na chamada zona de distensão, disse na terça-feira (30) o coordenador humanitário das Nações Unidas, Mark Lowcock, ao Conselho de Segurança, em sua sétima atualização desde que o atual “massacre” começou.
“Em 26 de julho, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos (ACNUDH) identificou que ao menos 450 civis foram mortos desde o final de abril – incluindo mais de uma centena apenas nas duas últimas semanas”, disse Lowcock, subsecretário-geral para assuntos humanitários.
Muitas outras centenas ficaram feridas, mais de 440 mil foram deslocadas e dezenas de civis morreram ou ficaram feridos por tiros do grupo terrorista Hayat Tahrir al-Sham e por grupos armados não estatais associados ao grupo.
Lowcock contou novamente a história de um cirurgião do Hospital Central de Idib. Enquanto o médico morava no topo do prédio, os pacientes ficavam nos andares mais baixos e no porão, que são áreas mais seguras.
Dias antes de conversar com o médico, “uma bomba que atingiu um local a 50 metros de distância quebrou todos os vidros e as janelas de seu quarto”, disse Lowcock.
“Um dia antes, outra bomba havia atingido uma instalação ginecológica a 200 metros”, disse, explicando que o hospital é uma área neutra no conflito. A criação de áreas neutras foi estabelecida por meio de um acordo entre Rússia e Turquia para separar forças pró-governo e combatentes militantes da oposição.

Monitoramento de informações

Lowcock respondeu a uma série de perguntas feitas pelo Conselho de Segurança em 18 de julho, começando sobre a origem das informações recebidas pelo ACNUDH.
Além de fontes diretas ou verificadas, que são “trianguladas, revisadas e confirmadas”, ele informou aos membros que “nossas equipes no terreno nos dizem o que veem” – assim como parceiros.
“Testemunhos vêm dos mais próximos da fonte, que são avaliados pela ONU como confiáveis”, afirmou. “Usamos imagens, incluindo de satélites, ou fotografias com geolocalização das instalações médicas, que foram analisadas e avaliadas pela ONU.”
Também há outras fontes, incluindo a imprensa, parceiros humanitários e agências da ONU, como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
“E, claro, há os depoimentos das próprias pessoas de Idlib”, afirmou. “Conversei ontem por videoconferência com dois grupos de pessoas deslocadas em partes diferentes de Idlib”, que disseram que “estão sendo bombardeadas diariamente pelos russos e pelo regime” sírio.
Lowcock disse então ao Conselho de Segurança que agências humanitárias fornecem ao Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) informações para identificar “localizações estáticas de civis ou movimentos humanitários”. As coordenadas são então compartilhadas com Forças da Coalizão Internacional, Turquia e Rússia.
Se a informação está sendo usada para proteger instalações civis ou para mirá-los é “uma questão extremamente importante”, destacou. Segundo Lowcock, sua conclusão é que, atualmente, o sistema “não está se mostrando eficaz para ajudar a proteger aqueles que o utilizam”.
O chefe humanitário negou informações segundo as quais grupos terroristas teriam ocupado mais de 119 hospitais em Idlib e que estes não poderiam ser mais considerados centros de saúde ou infraestruturas civis. Ele também negou informações segundo as quais não haveria mais rede de ambulâncias na província.

Trabalho humanitário

O chefe do OCHA falou longamente sobre a importância do trabalho humanitário que está sendo realizado e as necessidades que estão pela frente.
“Alguns relatos recentes afirmam que a assistência humanitária da ONU chega somente às áreas que não são controladas pelo governo”, disse. “Isso não é verdadeiro”.
A maior parte da assistência da ONU vai para áreas controladas pelo governo. “Lacunas significativas em acesso ainda permanecem”, disse, destacando sua preocupação com 24 mil pessoas em Rukban e pedindo novamente acesso a elas.
“Também peço para todos os Estados-membros reduzirem tensões crescentes ao longo das fronteiras no nordeste e evitarem quaisquer ações que possam causar maiores deslocamentos, vítimas e sofrimento.”
Sobre Idlib, Lowcock afirmou ao Conselho que neste mês “ajuda transfronteiriça tem objetivo de alcançar cerca de 1,2 milhão de pessoas”. “Nas circunstâncias atuais, não há outra maneira de fornecer apoio adequado para 3 milhões de civis que estão na área”, disse.

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