serrote #27 traz ensaios sobre fascismo e maternidade, e textos de Lillian Ross, Javier Cercas e Wislawa Szymborska, entre outros

Chega às livrarias na segunda quinzena de novembro a nova serrote, revista de ensaios publicada pelo Instituto Moreira Salles. Um dos destaques da edição, “Cinco lições de história para antifascistas” é um capítulo do livro Antifa, do historiador americano Mark Bray (1982), lançado em agosto deste ano, mês em que manifestações de grupos supremacistas brancos deixaram uma morta e mais de 30 feridos em Charlottesville (EUA). No texto, Bray defende que o combate ao fascismo hoje começa pela capacidade de reconhecê-lo para além dos lugares-comuns, como ensina a experiência da Europa no período entreguerras.

A escritora Lina Meruane (1970), chilena radicada nos EUA, faz em “Contra os filhos” uma crítica provocadora à maternidade contemporânea. Para a autora, as mães do século 21 abrem mão da liberdade e até da saúde em benefício de crianças transformadas em centro regulador de suas atividades, desejos e anseios. O texto é um trecho do livro de mesmo nome, que sai no Brasil em 2018. 

serrote #27 traz uma nova tradução de um clássico da jornalista americana Lillian Ross (1918-2017), um perfil de Ernest Hemingway publicado na New Yorker em 1950. Em “Que tal, senhores?”, ela acompanha uma breve e turbulenta passagem do escritor por Nova York, em meio a garrafas de champanhe, longos monólogos sobre a vida e os últimos preparativos de um novo livro. Uma das pioneiras do Novo Jornalismo, Lillian Ross morreu em setembro, aos 99 anos.

A poeta polonesa Wislawa Szymborska (1923-2012), ganhadora do Nobel de Literatura em 1996, foi também uma peculiar ensaísta, particularmente devotada ao comentário de livros não literários considerados “menores”. Esta edição traz cinco das centenas de resenhas assinadas pela autora, que foram reunidas em três volumes batizados Leituras não obrigatórias.

Um dos principais nomes da literatura contemporânea, o espanhol Javier Cercas (1962) analisa na conferência “O ponto cego”, inédito no Brasil, obras-primas de mestres da literatura, como Cervantes, Melville e Kafka, para formular uma teoria da ficção. A grande literatura, propõe o autor, é a que se ocupa de formular, com a maior complexidade possível, perguntas que não podem ter resposta.

Em 1945, em Paris, George Orwell foi ao café Deux Magots para uma conversa com Albert Camus, que, doente, não apareceu. No ensaio “Esperando Camus”, o australiano Matthew Lamb traça os caminhos políticos e literários de dois autores que, embora nunca tenham se encontrado, andaram sempre na mesma direção.


Em “O Brasil para os brasileiros”, o escritor e historiador da arte Rafael Cardoso (1964) parte da história de sua família e de um recente episódio de violência contra imigrantes no país para questionar o mito nacional da diversidade étnica e da boa acolhida a estrangeiros.

No ensaio “Não entender”, Ilana Feldman (1978) faz uma viagem no rastro do cineasta israelense David Perlov, recorrendo a diários, cartas, filmes e documentos para reconstituir a trajetória do artista, que se cruza com a da família da autora.

Em “O cão de Goya”, o pintor espanhol Antonio Saura (1930-1998) faz uma análise minuciosa da mais enigmática das Pinturas negras do mestre espanhol. A edição traz também uma série de pinturas do autor inspiradas em Goya.

Dois verbetes do alfabeto serrote compõem a edição: “M de macumba”, por Luiz Antonio Simas (1967), e “P de pretensão”, por Dan Fox(1976).

O ensaio visual é da artista Carmela Gross (1946). Deco Farkas assina a capa da serrote #27, que traz ainda obras de Cássio Loredano, Luiz Zerbini, Henry Hargreaves, Marcelo Cipis e John Baldessari.

serrote #27
R$ 48,50

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