MPT defende capacitação de portadores de deficiência para ingresso no mercado do trabalho
Por Redação TN / Carolina Sarres, Agência Brasil
Por Redação TN / Carolina Sarres, Agência Brasil
O procurador-geral do Trabalho, Luiz Antônio
Camargo Melo, disse que não há capacitação suficiente de jovens e
pessoas com deficiência para inserção no mercado de trabalho. Segundo
ele, há resistência por parte dos empresários, pois a contratação exige
investimento, preparação e adequação em termos de acessibilidade.
Camargo
Melo conta que o Ministério Público do Trabalho (MPT) recebe
reclamações contra empresas que descumprem leis de cota ou
aprendizagem, mas, quando o inquérito é instaurado, esbarra-se em
dificuldades como a ausência de pessoas qualificadas para assumir os
postos de trabalho. Para o coordenador, o Estado precisa investir para
que as empresas tenham condições de abrir postos de trabalho e absorver
esse tipo de mão de obra.
“No Brasil, há cerca de
20% de jovens [entre 18 e 24 anos] desempregados. Não podemos correr o
risco de ver essa mão de obra perdida. Uma pessoa de 19, 20 anos que
não tem colocação profissional vai buscar trabalho de outras formas,
muitas delas não recomendadas. Se o jovem não se insere nesse momento,
provavelmente não vai ingressar depois. Então, teremos uma geração
perdida”, acrescentou o procurador-geral.
De
acordo com o consultor da Unidade de Relações de Trabalho da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), Alberto Borges de Araújo, não
se pode dizer de forma generalizada que todo o empresariado tem
resistências quanto à contratação de jovens e pessoas com deficiência.
“Temos
bons exemplos. No Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial [Senai],
implantamos projetos de inclusão e, de lá para cá, já qualificamos para
a indústria quase 100 mil pessoas com deficiência. O problema que vemos
é a acessibilidade e o avanço de tecnologias para a superação da
deficiência. O Senai vem desenvolvendo soluções didáticas para isso”,
destacou Araújo.
Para a representante da
Secretaria de Políticas Públicas de Emprego do Ministério de Trabalho e
Emprego (MTE), Ana Lúcia Alencastro, a conciliação entre trabalho,
estudo e vida familiar continua sendo um dos maiores entraves para a
inserção de jovens no mercado de trabalho.
“Admitimos
que não atendemos a toda a demanda da juventude. Grande percentual já é
responsável pela família. A inserção deve ser digna, não se trata de
qualquer tipo de emprego, estamos falando de trabalho decente e diálogo
social”, disse.
O procurador-geral do MPT, o
consultor da CNI e a representante do MTE participaram da primeira
rodada de debates do Seminário sobre Trabalho Decente, realizada hoje
(27) em Brasília, com a participação de autoridades, representantes de
órgãos que atuam na área e da sociedade civil.
Ainda serão discutidas questões de gênero e raça, da erradicação de trabalho escravo e infantil e do trabalho doméstico.
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