ONU Mulheres faz chamado ao setor privado por igualdade de gênero na resposta à COVID-19

por ONU Brasil
Enfermeira mede a temperature de menina num Centro de Atenção à Saúde Primária em Beirute, no Líbano, durante a crise da COVID-19. Foto: Fouad Choufany/UNICEF
Enfermeira mede a temperatura de menina num Centro de Atenção à Saúde Primária em Beirute, no Líbano, durante a crise da COVID-19. Foto: Fouad Choufany/UNICEF
O setor privado tem a responsabilidade de usar seu poder, influência e recursos para proteger os direitos e o bem-estar físico e mental de funcionárias e funcionários, além de garantir que os esforços de recuperação de negócios a longo prazo retomem a estabilidade econômica.
A pandemia da COVID-19 está afetando as mulheres de várias maneiras, desde preocupações com sua saúde, segurança e renda, até responsabilidades adicionais de assistência e maior exposição à violência doméstica.
Como empregador e um motor de crescimento econômico, o setor privado tem um papel especialmente importante a desempenhar, não apenas na mitigação do impacto da COVID-19, mas na redução da propagação do vírus.
A ação precoce e direcionada do setor privado reduzirá os riscos imediatos à saúde de funcionárias e funcionários, além de reduzir o impacto econômico geral.
Os Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs) são um conjunto de sete princípios que oferecem orientação às empresas sobre como promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres no local de trabalho, mercado e comunidade.
Durante esse período de agitação e incerteza, os WEPs são um grande recurso para o setor privado, ajudando-o a proteger os grupos mais vulneráveis.

Princípios de empoderamento das mulheres

COVID-19 e igualdade de gênero: uma apelo à ação para o setor privado
A situação
A pandemia de COVID-19 está colocando uma pressão significativa e sem precedentes na economia global e nos sistemas de saúde pública. Isso está também ampliando as desigualdades e as formas múltiplas e cruzadas de discriminação enfrentadas por mulheres e meninas.
A pandemia está indo além de uma crise global de saúde e se transformando em uma crise do mercado de trabalho, social e econômica, representando uma séria ameaça ao emprego e à sobrevivência das mulheres, especialmente em setores informais precários e não essenciais.
Muitas empresas enfrentaram o desafio e estão usando seus recursos para fornecer informações, suprimentos, equipamentos e pessoas especializadas na luta contra a COVID-19.
Elas também ofereceram acordos de trabalho flexíveis, licença médica, garantia de renda e assistência infantil emergencial às trabalhadoras e aos trabalhadores da linha de frente.
Algumas lideranças têm cortado parte dos seus salários para que funcionárias e funcionários das empresas ainda tenham uma renda durante esse período incerto. Essas políticas não estão apenas servindo a essas pessoas, mas estão ajudando a reduzir a disseminação da COVID-19 e proteger o sistema público de saúde.
Ao mesmo tempo, algumas empresas, principalmente em setores não essenciais, como turismo e hotelaria, estão lutando para permanecer no mercado. Mas muitas pessoas estão sendo demitidas ou recebendo cortes salariais.
Na União Europeia, cerca de 25% das mulheres empregadas estão em empregos precários. Nos Estados Unidos, o desemprego foi estimado em 13% em 3 de abril de 2020, um aumento de 8,5 milhões de pessoas em relação a meados de março. Milhões de famílias estão sem condição de comprar produtos de necessidade básica ou pagar aluguel e serviços públicos.
A pandemia COVID-19 exige uma resposta imediata coordenada, centrada nas pessoas e sensível a gênero. Governos, empresas, representações trabalhistas, trabalhadoras e trabalhadores precisam estar envolvidos para mitigar o impacto na vida das pessoas e abordar os riscos e vulnerabilidades específicos que meninas e mulheres enfrentam devido às desigualdades e estereótipos profundamente enraizados na sociedade.
O setor privado tem a responsabilidade de usar seu poder, influência e recursos para proteger os direitos e o bem-estar físico e mental das funcionárias e funcionários durante esse período, além de garantir que os esforços de recuperação de negócios a longo prazo restaurem a estabilidade econômica.
As empresas também desempenham um papel fundamental no atendimento às necessidades das mulheres em suas cadeias de suprimentos e base de clientes.
“A pandemia de COVID-19 não é apenas um problema de saúde. É um choque profundo para nossas sociedades e economias, e as mulheres estão no centro dos esforços de atendimento e resposta em andamento. Como respondentes da linha de frente, profissionais de saúde, voluntárias da comunidade, gerentes de transporte e logística, cientistas e muito mais, as mulheres estão fazendo contribuições críticas para lidar com o surto todos os dias.”
A Covid-19 terá efeitos a curto e longo prazo na economia global. As demissões que estamos testemunhando hoje serão sentidas nos meses e anos que se seguirão nas cadeias de suprimentos globais, inclusive em países que atualmente não estão no epicentro da pandemia.

Você sabia?

• Impactos econômicos compostos são sentidos especialmente por mulheres e meninas que geralmente estão ganhando menos, economizando menos e mantendo empregos inseguros ou vivendo perto da pobreza.
• As cadeias globais de valor estão sendo interrompidas pela COVID-19. As mulheres desempenham um papel fundamental em todos os setores produtivos, como agricultoras, trabalhadoras, empreendedoras, compradoras, prestadoras de serviços e funcionárias.
• As mulheres estão na linha de frente como profissionais de saúde, trabalhando longas horas e se expondo a riscos enquanto cuidam de pacientes. No entanto, seus empregos geralmente são os mais subvalorizados e mal-pagos.
• Embora os primeiros relatórios revelem que mais homens estão morrendo como resultado da COVID-19, a saúde das mulheres geralmente é afetada negativamente pela realocação de recursos e prioridades, incluindo serviços de saúde sexual e reprodutiva.
• O fechamento de escolas e de creches impuseram encargos adicionais significativos para as mulheres em casa. Ele enfatizou a dependência da sociedade em mulheres e meninas em estruturas de cuidados informais e formais.
• O impacto nas empresas não essenciais, especialmente no setor de serviços, é particularmente preocupante para as mulheres como proprietárias e como funcionárias. Muitas delas estão perdendo seus meios de subsistência porque trabalhar em casa não é uma opção.
Globalmente, as mulheres representam 55,8% das pessoas que trabalham nas indústrias de serviços, enquanto no G7 as mulheres representam cerca de 88% da força de trabalho da indústria de serviços. A maioria não pode trabalhar remotamente e pode exigir apoio adicional para crianças ou pessoas mais velhas da família quando saem de casa para trabalhar.
• À medida que a pandemia COVID-19 aprofunda o estresse econômico e social, juntamente com medidas restritas de movimento e isolamento social, a violência baseada em gênero está aumentando exponencialmente.
• O isolamento e o distanciamento social aumentaram o risco de violência e abuso doméstico. As mulheres em relacionamentos violentos não são apenas expostas ao agressor por longos períodos de tempo, são impossibilitadas de sair de casa ou pedir discretamente por ajuda.
• As mulheres tendem a precisar muito mais de transporte público do que os homens, colocando mulheres em maior risco de pegar o COVID-19 enquanto se deslocam para o trabalho, cuidam de parentes ou fazem compras no mercado.
• O distanciamento social não é possível para todas as pessoas. Milhões de famílias dependem dos cuidados diários e da ajuda das mulheres como cuidadoras primárias.

Chamado à ação – Empresas signatárias dos Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs)

Além de cumprir as políticas e mandatos locais e nacionais relacionados à COVID-19, as empresas devem levar em consideração as três prioridades transversais estabelecidas pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres:
1. Garanta a representação igual das mulheres em todo o planejamento e tomada de decisões da COVID-19;
2. Promova mudanças transformadoras pela igualdade, abordando questões de assistência remunerada e não remunerada;
3. Segmente mulheres e meninas em todos os esforços para lidar com o impacto socioeconômico da COVID-19.
Essas prioridades transversais devem fazer parte de qualquer resposta à COVID-19, inclusive por meio da estrutura WEPs, e devem estar centradas em funcionárias, mulheres empreendedoras nas cadeias de suprimentos globais, consumidoras e mulheres e meninas nas comunidades locais.
Essas prioridades visam garantir que ninguém seja deixada para trás durante ou após a crise da COVID-19.

Liderança

• Garanta que as políticas específicas da COVID-19 e as respostas a crises sejam sensíveis ao gênero e inclusivas, consultando as partes interessadas internas e externas;
• Consulte e colabore com governos, trabalhadores, trabalhadoras, empregadoras e empregadores e representantes, que são essenciais para que as respostas sejam efetivas e sustentáveis. As mulheres devem ter oportunidade de participar;
• Sinalize publicamente o compromisso da liderança e da equipe executiva de abordar as desigualdades de gênero, especialmente durante a pandemia da COVID-19;
• Garanta que haja diversidade e que as vozes das mulheres tenham um papel nas forças-tarefa de crise e nas equipes de resposta, e que mulheres e homens tenham representação e envolvimento equitativo nas decisões;
• Estabeleça canais de comunicação internos claros para as funcionárias e funcionários com atualizações e conselhos regulares e precisos sobre a situação da COVID-19;
• Apoie o trabalho remoto em escala e tenha atenção às tensões eventuais decorrentes da infraestrutura de tecnologia da informação e comunicações existente;
• Divulgue os impactos diferenciados de gênero da pandemia e incentive outras empresas a assinar os WEPs.

Ambiente de trabalho

• Esteja atenta e atento a funcionárias e funcionários com responsabilidades de cuidado, e acomode as necessidades adicionais que elas e eles possam ter durante este período de crise. Isso inclui horários flexíveis de trabalho para as mães e pais, principalmente mães solteiras e pais solteiros e de crianças com deficiência;
• Adote acordos de trabalho flexíveis com remuneração integral durante e além da crise da COVID-19. Pague pelo menos um salário digno a trabalhadoras e trabalhadores de curto prazo e contratados, e ofereça licença médica, familiar e emergencial remunerada;
• Incentive funcionárias e funcionários a compartilhar o ônus do trabalho doméstico e do cuidado não remunerado de crianças, pessoas idosas e familiares com deficiências;
• Considere a saúde física, mental e emocional de todas as funcionárias e todos os funcionários e esteja ciente do aumento da exposição das mulheres à violência doméstica enquanto estiverem confinadas em casa. Considere estabelecer uma pessoa de contato especial dentro do recursos humanos para apoiar a equipe que sofre violência doméstica;
• Compartilhe amplamente, com todos as funcionárias e funcionários, informações sobre serviços públicos, incluindo linhas diretas de violência doméstica e serviços de apoio a sobreviventes de violência, serviços de apoio psicossocial e assistência médica pré e pós-natal.

Mercado

• Aproveite a oportunidade para descobrir novas empresas locais, principalmente empresas pertencentes a mulheres que são afetadas pela crise ou aquelas que estão ajudando na resposta à pandemia. Compre seus produtos e serviços e incentive suas parcerias de negócios a fazer o mesmo;
• Tenha solidariedade com mulheres empresárias que tiveram que fechar seus negócios por causa do COVID-19 e podem estar tendo dificuldades para pagar dívidas. Ofereça produtos e serviços financeiros direcionados para salvá-las da falência;
• Tome medidas proativas por meio de comunicações internas e externas para desafiar os estereótipos e papeis de gênero, discriminação, desigualdade e masculinidades agressivas.

Comunidade

• Promova a conscientização e a visibilidade de pequenas organizações independentes e de mulheres ou homens que estão na linha de frente dos esforços de resposta à pandemia;
• Conceda doações a organizações e instituições, como associações de mulheres e abrigos que apoiam mulheres com necessidades específicas: idosas, sobreviventes de violência, mães solteiras e mulheres com deficiência;
• Doe equipamentos de proteção individual, alimentos e serviços para apoiar a vida cotidiana das pessoas da comunidade e ofereça uma moratória de curto prazo nas despesas domésticas, como aluguel e serviços públicos.

Transparência e relatórios

• Colete e relate dados desagregados por sexo, raça e etnia relacionados à evolução das taxas de infecção, impactos econômicos, carga de assistência e incidência de violência e abuso sexual;
• Compartilhe informações sobre a resposta diferenciada por gênero à COVID-19 como parte de seu compromisso com os WEPs.

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