Contorno de Francisco Beltrão facilita conexões rodoviárias no Sudoeste
Uma montanha dará lugar a uma nova rodovia em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Estado. Esse é o conceito da conexão entre a PR-180 e a PR-483, o chamado Contorno Noroeste, novo eixo de ligação com 5,2 quilômetros de extensão e investimentos na casa de R$ 50 milhões – R$ 30,6 milhões apenas com terraplenagem, drenagem, pavimentação, sinalização e segurança viária.
São grandes os desafios da obra que facilita o trânsito regional com Cascavel e Dois Vizinhos/Quedas do Iguaçu, retomada em fevereiro deste ano. Ao todo serão cinco viadutos e uma ponte sobre o Rio Santa Rosa com recursos adicionais de R$ 7,2 milhões, além das cerca de 35 desapropriações de terras, com R$ 12 milhões de investimento, porque a rodovia está sendo implementada a partir de uma conexão habitada.
Cerca de 80 funcionários operam 15 máquinas e caminhões ao mesmo tempo e, nesse ritmo, as obras no solo atingiram 40% no começo de julho e o desenho final alcançou 20%, com previsão de conclusão para agosto de 2021. Há trabalhos dos dois lados, num quebra-cabeça de encaixe das pedras e da terra, que são reutilizadas.
“É uma obra muito emblemática. Esse contorno reforçará a ligação do Sudoeste e de Francisco Beltrão, um dos polos regionais, com Cascavel. Essa é uma área do Estado que tem se desenvolvido rápido e que induz o crescimento do agronegócio e a geração de novas empresas a partir do seu polo estudantil”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “É uma amostra da parceria bem-sucedida entre o Governo do Estado, Assembleia Legislativa e a prefeitura”.
Segundo o prefeito Cleber Fontana, a expectativa é de que esse contorno represente para o município os mesmos ganhos da estruturação viária dos anos 2000, que permitiu a construção de hospitais fora do eixo central. O projeto executivo aponta que pelo menos seis mil veículos devem transitar por dia nesse trecho após a sua inauguração.
“Esse contorno é imprescindível para retirar o trânsito pesado, até de cargas vivas, de dentro da cidade, da frente de hospitais, escolas. É uma região de agronegócio pujante, com caminhões de câmaras frias, ração, e que não precisa se misturar com a vida urbana”, destaca o prefeito. “Essa alça rodoviária vai agilizar e melhorar a qualidade de vida de Francisco Beltrão, e conectar a cidade a outros municípios com mais rapidez”.
CONTORNO – Estão em andamento as escavações dos dois viadutos das rodovias (entradas do contorno), instalação dos sistemas de drenagem e o desmonte de grandes paredões de pedra, com perfuração, explosão e retirada desses fragmentos para compor a base do pavimento nas áreas com solo mais úmido – já foi escavado o equivalente a 40 mil metros cúbicos, por exemplo.
As obras ao lado da PR-180, onde transitam cerca de cinco mil veículos por dia, estão na fase de perfuração das rochas para início da construção da trincheira que dará acesso a uma rua urbana já existente, a Estrada Para Rio Pedreirinho, e a um loteamento de casas. Nesse trecho a rodovia foi alargada para alcançar o tamanho final (7,20 metros em duas pistas e 2,5 metros de acostamento de cada lado).
Nessa ligação haverá outro viaduto para conectar ao loteamento e vias marginais, o que dará segurança aos moradores mesmo com a projeção de trânsito intenso no contorno. Após 1,2 quilômetro, por esse lado, a estrada alcança o Rio Santa Rosa, onde haverá uma ponte que ainda não começou a ser construída.
As pedras retiradas dos paredões são utilizadas nesse aterro próximo da ponte e nas obras iniciais de preparação da estrutura. Quando o rio enche, depois de chuvas intensas, as águas costumam atingir a comunidade, por isso o projeto do DER-PR prevê elevação com rochas até a cota de cheia, de quase cinco metros de altura. O novo sistema de drenagem também resolverá eventual elevação do rio sobre a rodovia. A ponte terá 60 metros de concreto protendido.
As obras do outro lado, no sentido Cascavel, onde transitam nove mil veículos por dia, avançam com mais intensidade e maquinário, inclusive com pequenas interrupções no trânsito normal da rodovia para manobras dos caminhões e as detonações. Os desafios da engenharia desse lado são visíveis a olho nu. É onde a montanha dará lugar a uma rodovia. O trecho conta com muitas pedras, o que exige utilização de explosivos e escavação, como numa escultura.
A entrada do contorno nesse lado será com uma descida de 2,1 quilômetros e 6,5% de inclinação em direção à comunidade de São Marcos. O trecho terá terceira faixa na subida, para quem vem de Dois Vizinhos. A rampa talhada na montanha corta a Estrada Velha do Picadão, primeiro acesso entre Francisco Beltrão e Cascavel, e a conexão até o Aeroporto Paulo Abdala. Esse trecho conta com mais dois viadutos até alcançar, novamente, a ponte sobre o Rio Santa Rosa.
Para formar essa descida os terrenos ainda serão rebaixados cerca de sete metros para a construção do viaduto de acesso na PR-483. E o ritmo é cuidadoso. Os caminhões depositam terra retirada das escavações em outros lugares da obra de 30 em 30 centímetros antes de análises técnicas e laboratoriais sobre o grau de compactação. Só a partir das confirmações pode ser inserida mais uma camada de 30 centímetros, e assim sucessivamente até o nível projetado, o que garante vitalidade para o contorno.
“É um jogo de encaixe. Já temos alguns paredões escalonados contra a erosão e instalamos galerias e sistemas de escoamento e drenagem por todo o trecho. É uma rodovia com previsão de 80 km/h, trânsito intenso, e com desafio logístico muito grande em meio ao trânsito pesado e à vida da comunidade rural, o que torna tudo muito delicado”, analisa Roberto Machado, engenheiro fiscal do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR) que acompanha a obra.
Segundo o engenheiro, a intervenção completa prevê, ainda, sinalização horizontal e vertical, gabiões, dispositivos de contenção viária, como defensas metálicas e barreiras de concreto, e serviços complementares, como construção de cercas, remanejamento de postes e melhorias ambientais com plantio de árvores.
SEM AMARRAS – O secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, explica que as obras ficaram paralisadas ao longo de 2019 em função de entraves burocráticos e foram retomadas com fôlego neste ano, com previsão de entrega em 2021.
“Recebemos o contrato ainda com dificuldades nas desapropriações e com inúmeros empecilhos técnicos, o que gerou trabalho intenso das nossas equipes de engenharia”, explica. “Foi necessário paralisar os serviços por cerca de um ano para resolvermos tudo, de fevereiro de 2019 a fevereiro de 2020, mas agora ela avança em bom ritmo para potencializar o Sudoeste”, explica Sandro Alex.
Segundo o diretor-geral do DER-PR, Fernando Furiatti, a retomada das escavações no Contorno Noroeste em Francisco Beltrão era uma das prioridades no início de 2020. “Ainda estamos finalizando os últimos processos burocráticos, mas as obras avançam com maquinário e já há um desenho do traçado. A expectativa é de que esse desvio ajude a separar o caminho do setor produtivo e o trânsito normal do município”, aponta. “O município é uma das referências do Sudoeste e terá uma nova rodovia para as próximas décadas”.
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Paraná terá mais quatro contornos rodoviários
O Paraná terá outros quatro contornos rodoviários nos próximos meses. Estão em obras o Contorno Noroeste de Pato Branco (Sudoeste) e o Contorno de Palotina (Oeste), e em estágios anteriores o Contorno Norte de Castro (Campos Gerais) e o de Arapongas (Norte). Os três primeiros são obras do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR) e o último da concessionária que administra o trecho da BR-369.
Em Pato Branco, a obra vai interligar a BR-158 (ligação com Coronel Vivida), a sete quilômetros do primeiro viaduto urbano de Pato Branco, à PR-493 (sentido Itapejara D’Oeste). O principal objetivo é desviar o tráfego pesado da área urbana do município e facilitar o escoamento logístico do Sudoeste. Em Palotina, o novo contorno de 15,6 quilômetros vai desviar o fluxo pesado de caminhões do Centro e é um grande enlace em torno das duas principais rodovias que cortam o município, a PR-182 e a PR-364.
Em Castro, o trecho terá cerca de 15,6 quilômetros e a obra está orçada em aproximadamente R$ 112 milhões. O contorno faz parte do Programa Estratégico de Infraestrutura e Logística de Transportes do Paraná e conta com financiamento do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID). A abertura dos envelopes com as propostas ocorrerá neste mês.
A construção do Contorno de Arapongas vai começar no quilômetro 191 da BR-369, alguns metros ao norte do totem que demarca o Trópico de Capricórnio. A nova pista seguirá a leste da rodovia e voltará a se encontrar com a estrada principal nas proximidades do Pavilhão de Exposições de Arapongas, pouco antes da praça de pedágio do município. Serão 10,2 quilômetros de extensão.
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