OMS: mais de 80 mil pessoas foram infectadas com sarampo na Europa em 2018

por ONU Brasil
Na Ucrânia, Vasyl, de oito anos, Roman, de sete, Valentyna, de nove, Ivan, de sete, e Misha, de 17, aguardam para receber vacinas contra o sarampo. Foto: UNICEF/Zmey
Na Ucrânia, Vasyl, de oito anos, Roman, de sete, Valentyna, de nove, Ivan, de sete, e Misha, de 17, aguardam para receber vacinas contra o sarampo. Foto: UNICEF/Zmey

O sarampo atingiu números recordes em 2018 na Europa, infectando 82.596 pessoas. A doença também foi responsável pela morte de 72 adultos e crianças. Os índices são de balanço divulgado na quinta-feira (7) pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O organismo das Nações Unidas explica que a quantidade de pessoas que contraíram a infecção no ano passado é o maior da década, além de ser 15 vezes maior que o registrado em 2016.
O levantamento da OMS cobre os 53 países que integram a região europeia da agência — incluindo nações como Azerbaidjão, Israel, Cazaquistão, Turquia, Turcomenistão, Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão. As infecções contabilizadas pela Organização foram notificadas em 47 desses Estados. Em países onde há dados sobre internação, a OMS verificou que 61% de todos os casos de sarampo exigiram a hospitalização.
Na avaliação da agência das Nações Unidas, o surto da doença em 2018 é fruto de disparidades dentro dos países e entre eles, mascaradas pelas taxas nacionais e continentais de vacinação.
Em 2017, a região europeia alcançou a maior cobertura estimada para a segunda dose da vacina contra o sarampo (90%). Também no ano retrasado, o maior número anual de crianças desde 2000 recebeu a série completa das duas doses da imunização no tempo previsto. A cobertura com a primeira dose da vacina também aumentou ligeiramente para 95%, o nível mais alto desde 2013.
“O cenário em 2018 deixou claro que o ritmo atual de progresso no aumento das taxas de imunização será insuficiente para impedir a circulação do sarampo. Embora os dados indiquem uma cobertura vacinal excepcionalmente alta em nível regional, eles também refletem um número recorde de pessoas afetadas e mortas pela doença. Isso significa que as lacunas em nível local ainda oferecem uma porta aberta para o vírus”, explica Zsuzsanna Jakab, diretora regional da OMS para a Europa.
“Não podemos ter populações mais saudáveis globalmente, como prometido na visão da OMS para os próximos cinco anos, se não trabalharmos localmente. Precisamos fazer mais e proteger melhor cada pessoa contra doenças que podem ser facilmente evitadas."
A OMS lembra as lacunas na proteção da população europeia. Em 34 países em 2017, a cobertura da segunda dose da vacina ficou abaixo dos 95% recomendados para evitar a circulação do sarampo. Um alcance da imunização abaixo do recomendado para qualquer dose cria condições para a transmissão da doença no futuro. A maioria dos países com a cobertura imunológica abaixo do adequado é de renda média.
O plano de ação da Europa para vacinas (EVAP), endossado por todos os 53 Estados-membros, visa eliminar o sarampo e a rubéola até 2020. A estratégia define que ao menos 95% de todas as populações precisam estar imunes por meio de duas doses da vacina ou exposição prévia ao vírus. O objetivo dessa exigência é garantir a proteção da comunidade para todos – incluindo bebês muito novos para serem vacinados e pessoas que não podem ser imunizadas por causa de outras doenças ou condições médicas.
“Ao adotar o EVAP, todos os países da região europeia concordaram que a eliminação do sarampo e da rubéola é possível e também é uma maneira econômica de proteger pessoas de todas as idades do sofrimento evitável e da morte”, afirmou Nedret Emiroglu, da Divisão de Emergências em Saúde e Doenças Transmissíveis do Escritório Regional da OMS para a Europa.
Quarenta e três países europeus interromperam a transmissão local de sarampo por pelo menos 12 meses a partir do final de 2017. Alguns deles também conseguiram limitar a propagação do vírus, após a chegada da infecção de outros países, para pouquíssimos casos em 2017 e 2018. Segundo a OMS, isso mostra que a eliminação do sarampo está ao alcance de toda a região.
“O progresso na obtenção de uma alta cobertura nacional é louvável. No entanto, não pode nos deixar cegos para as pessoas e lugares que ainda estão sendo deixados para trás. É aqui que devemos concentrar esforços crescentes", concluiu Emiroglu.
A OMS está trabalhando com os países para aprimorar sistemas de imunização e vigilância de doenças. A agência da ONU oferece capacitação e orientação para identificar quem não foi vacinado no passado e alcançar essas pessoas com os meios de prevenção necessários. O organismo também atua para fortalecer a confiança das pessoas nas vacinas e nas autoridades de saúde, além de garantir que os suprimentos médicos estejam disponíveis a tempo e a custos acessíveis.

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