Conflito armado impede acesso da ONU a armazém de alimentos no Iêmen

por ONU Brasil
Vaca é encontrada morta na beira da estrada principal que sai da cidade portuária de Hodeida, no Iêmen. Moradores tendem a evitar se aproximar de carcaças de animais, pois algumas delas são usadas como armadilhas com explosivos. Foto: OCHA/Giles Clarke
Vaca é encontrada morta na beira da estrada principal que sai da cidade portuária de Hodeida, no Iêmen. Moradores tendem a evitar se aproximar de carcaças de animais, pois algumas delas são usadas como armadilhas com explosivos. Foto: OCHA/Giles Clarke

O chefe humanitário da ONU, Mark Lowcock, expressou preocupação nesta sexta-feira (8) com as quase 10 milhões de pessoas no Iêmen "a um passo de distância da fome", mesmo com a disponibilidade de alimentos em um depósito de agências humanitárias. Localizado nos arredores da cidade portuária de Hodeida, o armazém está inacessível devido a confrontos armados desde setembro do ano passado.
“Grãos suficientes para alimentar 3,7 milhões de pessoas por um mês ficaram inutilizados e possivelmente estragando em silos nos moinhos por mais de quatro meses”, disse o dirigente em comunicado sobre o depósito, conhecido como Moinhos do Mar Vermelho. “Ninguém ganha nada com isso, mas milhões de pessoas famintas irão sofrer."
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) possui 51 toneladas de trigo estocadas no local, o que representa um quarto do seu estoque de trigo no país e o suficiente pra alimentar 3,7 milhões de pessoas por um mês. A agência não consegue acessar os Moinhos desde setembro de 2018 por conta de conflitos.
No mês passado, dois silos na área controlada pelo governo foram atingidos por tiros de morteiros. A operação provavelmente levou à perda de grãos em quantidade para alimentar milhares de pessoas por um mês. “Esses eventos são lamentáveis”, afirmou Lowcock.
O acesso ao estoque é cada vez mais urgente porque, a cada dia que passa, o risco de os grãos apodrecerem aumenta.
Alegando preocupações com segurança, as forças afiliadas as rebeldes houthis, conhecidos como Ansar Allah, não permitiram que a ONU cruze as linhas de frente do conflito para chegar aos Moinhos.
De acordo com Lowcock, discussões continuam com todas as partes. “Aprecio os esforços genuínos que foram feitos em todos os lados para encontrar uma solução”, disse o coordenador humanitário. “Mas isso permanece indefinido."
O dirigente pediu que todos os atores finalizem um acordo e facilitem o acesso ao armazém. A ONU e seus parceiros humanitários estão intensificando operações para alcançar 12 milhões de pessoas com doações emergenciais de comida – um aumento de 50% em relação a 2018.
Em dezembro, o PMA alcançou um recorde de 10 milhões de iemenitas. “Podemos salvar grandes números de pessoas, a maioria delas em áreas controladas pelo Ansar Allah”, acrescentou Lowcock. “Mas precisamos de mais ajuda das autoridades que controlam essas áreas para fazer isso."
Mais cedo nesta semana, o Conselho de Segurança destacou a “importância vital” de progressos em um acordo político para encerrar o conflito no Iêmen e “aliviar o sofrimento humanitário do povo iemenita”.
Hodeida está tomada pelos houthis. Uma missão de observadores da ONU tem mediado diálogos para o cumprimento de um acordo de cessar-fogo na cidade. Firmado me Estocolmo, no final do ano passado, o pacto também prevê a retirada de combatentes da localidade e a abertura de novos corredores humanitários.

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