Nações Unidas permanecem comprometidas em fornecer ajuda humanitária a venezuelanos

por ONU Brasil
Em agosto de 2018, em Rumichaca, na fronteira entre Equador e Colômbia, a venezuelana Laila Dalila Leon, de 3 anos, olha para autoridades de fronteira nos ombros de seu pai, Jose Ramon Leon. Foto: UNICEF
Em agosto de 2018, em Rumichaca, na fronteira entre Equador e Colômbia, a venezuelana Laila Dalila Leon, de 3 anos, olha para autoridades de fronteira nos ombros de seu pai, Jose Ramon Leon. Foto: UNICEF

A situação da população venezuelana está cada vez mais crítica, e as Nações Unidas permanecem comprometidas em fornecer ajuda humanitária com base em “necessidade, e apenas necessidade”, disse nesta sexta-feira (8) uma autoridade sênior da Organização.
Falando a jornalistas em Genebra, o Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) destacou estar observando acontecimentos na fronteira entre Venezuela e Colômbia, aonde um comboio de ajuda humanitária chegou na quinta-feira (7).
“Sobre a situação na fronteira, a ONU está monitorando a situação de perto”, disse Jens Laerke, do OCHA. “O cenário ideal é que ajuda humanitária seja fornecida, independentemente de quaisquer considerações políticas e outras que não sejam puramente humanitárias, e isto é baseado em necessidade, e apenas necessidade”.

Pessoas chegaram famintas à Colômbia

Na fronteira, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) confirmou que necessidades estão em níveis de “crise” dentro da Venezuela, onde o político da oposição Juan Guaidó se declarou presidente interino no mês passado, em meio a crescentes incertezas políticas e econômicas.
“Como podemos saber se pessoas estão famintas ou não? Apenas fique na fronteira com a Colômbia, ou olhe para quem está indo à Colômbia”, disse o porta-voz sênior do PMA, Hervé Verhoosel. Ele disse que 1,2 milhão de pessoas haviam chegado “famintas à Colômbia, sem dinheiro, sem comida, sem remédios” e afirmou: “sim, é claro que há uma crise no país”.
O PMA fornece assistência alimentar de emergência na fronteira colombiana desde o início de 2018.
De abril a dezembro do ano passado, a agência forneceu assistência alimentar de emergência para 290 mil pessoas nas províncias fronteiriças de Arauca, La Guajira, Norte de Santander e Nariño.
Migrantes venezuelanos, colombianos que retornam e comunidades anfitriãs foram auxiliadas, explicou Verhoosel, acrescentando que o fluxo de migrantes à Colômbia deve aumentar.
Diversas agências residentes da ONU trabalham dentro da Venezuela, incluindo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceira com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Na tentativa de ajudar 3,6 milhões de venezuelanos, incluindo 2 milhões de crianças, o OCHA solicitou quase 110 milhões de dólares.

Ajuda a instituições locais na Venezuela

A ONU já ajudou instituições locais com fornecimento de kits médicos para mulheres e crianças, além disso, equipes de ajuda também participaram de 100 mil tratamentos para desnutrição aguda grave. Seis abrigos temporários também foram montados em estados fronteiriços no oeste do país para abrigar 1.600 pessoas e fornecer proteção e informação, assim como kits familiares com alimentos e roupas.
“Desde novembro, agências da ONU estão intensificando atividades existentes dentro da Venezuela para satisfazer urgentes necessidades de saúde, nutrição e proteção”, disse Laerke. “Este plano altamente priorizado exige 109,5 milhões de dólares. Até agora, só recebemos 49,1 milhões”.

Combate ao sarampo e à difteria

Também em Genebra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou que continua trabalhando com autoridades através da OPAS, especialmente para prevenir e controlar doenças transmissíveis e não transmissíveis.
Em 2018, cerca de 50 toneladas de remédios e suprimentos foram entregues à Venezuela pela OPAS, afirmou o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.
Desde que sarampo foi relatado pela primeira vez no país, em julho de 2017, houve 6.395 casos confirmados, incluindo 76 mortes até dezembro de 2018.
Isso levou ao relançamento da campanha de vacinação em agosto de 2018, com taxas de cobertura chegando a 95% das crianças de até 15 anos. Casos relatados de sarampo aparentam estar diminuindo, disse Jasarevic.
Campanhas de imunização também foram lançadas para cessar um surto de difteria, que começou em julho de 2016 e até o momento deixou 270 mortos.
Embora casos relatados de difteria estejam diminuindo entre crianças com menos de 15 anos, a transmissão entre adultos ainda persiste, alertou a OMS.

Assédios recorrentes contra 60 parlamentares

Além da escassez de alimentos e remédios dentro do país rico em petróleo, a União Interparlamentar (UIP) destacou que dezenas de políticos da oposição continuam enfrentando assédios recorrentes.
“As maiores informações que temos são sobre a situação do presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó”, disse Rogier Juizenga, chefe de direitos humanos da UIP e secretário do Comitê da União Interparlamentar sobre os Direitos Humanos de Parlamentares.
“Também sabemos que Delsa Solorzano, também membro proeminente da oposição no Parlamento da Venezuela, tem sido acusada de envolvimento em algum tipo de incitação à violência”, disse, “no que aparenta ser uma troca manipulada de mensagens no WhatsApp. Então ela é acusada e, como resultado disso, teve que se esconder por alguns dias”.
A autoridade da UIP explicou que seu painel de direitos humanos havia analisado casos de 60 membros da oposição do Parlamento da Venezuela que enfrentam “diferentes tipos de intimidação”.
Mais de 40 membros do Parlamento enfrentaram ataques físicos e seis fugiram para o exterior, disse, destacando que o ex-vice-presidente da Assembleia Nacional ainda está se abrigando na embaixada chilena em Caracas.

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