No Paraná, escola usa teatro no combate ao bullying

Há quatro anos professores e alunos do Colégio Estadual Roberto Langer Junior, em Curitiba, se mobilizaram para combater ações de bullying no ambiente escolar e fora dele. A escola desenvolve ações interdisciplinares, palestras com especialistas, pesquisas e peças de teatro relacionadas ao tema. Além do envolvimento de alunos e professores, a escola também conta com o engajamento dos pais.
Cerca de 20 alunos do Ensino Fundamental e Médio participam anualmente da peça “Bullying, qual é a graça?” apresentada pelo grupo de teatro da escola. Uma vez por semana os estudantes se reúnem, no contraturno, para escrever e produzir o roteiro, figurino e ensaiar a apresentação. Em 30 minutos eles abordam conceitos de solidariedade, altruísmo, companheirismo e consequências do bullying.
“O teatro é a representação da vida e possui uma linguagem em que as pessoas se identificam com os personagens. Essa apresentação propõe a reflexão para quem faz e para quem sofre com esse tipo de violência. A proposta é que eles aprendam a conviver e respeitar o próximo. Ao final da peça percebemos uma grande mobilização dos alunos que desabafam ou denunciam”, contou a professora de Inglês, Leila de Jesus Chemin, que é coordenadora do grupo de teatro.
Segundo a diretora Cleidy Maria Alves, o comportamento dos alunos mudou depois das apresentações. “Temos uma comunidade bem diversificada e percebemos algumas situações que precisavam ser trabalhadas para evitar que o bullying acontecesse. Depois que começamos a trabalhar com essa temática o comportamento deles mudou completamente”, disse.
NÃO TEM GRAÇA – A estudante Mayara de Fátima Zanpieri, 15 anos, do 1° ano, lembrou que o bullying está presente no cotidiano de algumas escolas, por isso, segundo ela, é importante abordar o tema constantemente. “O bullying é um ato de covardia de uma pessoa que se sente mais forte e faz uso disso para oprimir a outra. Isso não tem graça alguma, por isso é importante falar sobre esse assunto para evitar que aconteça”, disse.
Leonardo Portela Domigos da Silva, 20 anos, é ex-aluno da escola. Ele concluiu os estudos em 2014, mas continua participando dos ensaios e apresentações. “Conheci o teatro aqui na escola e continuo participando para ensinar o que aprendi e contribuir para esse debate. O teatro ajuda as pessoas que sofrem bullying a se manifestar e colocam um ponto final”, disse Leonardo, que hoje é ator profissional.
O ANO TODO – O tema é trabalhado o ano todo no colégio por meio de palestras, pesquisas e atividades interdisciplinares relacionadas aos conteúdos previstos no currículo escolar. Na disciplina de Matemática, por exemplo, os estudantes fazem pesquisas sobre as estatísticas de bullying no Paraná e Brasil. Já nas aulas de Língua Inglesa e Portuguesa, os alunos estudam e debatem clássicos literários e filmes, pesquisam e elaboram redações e enredo para as peças sempre relacionado à temática de combate ao bullying.
“Trabalhamos a questão da convivência para construir um clima positivo na escola para que os alunos se sintam à vontade e integrados a ela. Se eles perceberem que os professores estão trabalhando e a escola está engajada nessa questão, eles vão se sentir seguros para se abrir e contar o que está acontecendo. Com esse diagnóstico conseguimos elaborar atividades específicas para aquela situação”, disse Cleidy.
A pesquisa feita pelos estudantes do 1°, 2° e 3° anos do Ensino Médio na disciplina de História resultou em uma exposição sobre a perseguição aos judeus por sua orientação religiosa durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A mostra conta com fotografias, cartazes e biografias de personagens que participaram do conflito e uma apresentação teatral que exemplifica a violência física e psicológica sofrida pelos judeus no período.

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